Prevenção de acidentes no 1º ano de vida

0 – INTRODUÇÃO
Em todos os países industrializados e países em vias de desenvolvimento (em número crescente), os acidentes são uma das principais; se não a principal causa de morte, em crianças com idade inferior a um ano. Mesmo contribuindo em pequena percentagem para a mortalidade, os acidentes têm como resultado um elevado numero de incapacidades, sofrimento e anos de vida perdidos, numa idade em que os problemas de saúde deveriam ser em menor número possível.
A morbilidade por acidente está pouco documentada, mas alguns estudos já realizados, revelam que as estatísticas de mortalidade escondem um problema de grande dimensão. Estima-se que por cada acidente mortal, dão-se quarenta e cinco acidentes em que pessoas necessitam de hospitalização e, em cerca de mil e trezentos, os acidentados são tratados em ambulatório (Gallagher, 1994).
Por outro lado os adultos também têm alguma responsabilidade, já que são estes que adquirem os brinquedos e que devem supervisionar o desenvolvimento dos seus filhos. Uma orientação antecipada, acerca do desenvolvimento infantil, irá alertar os pais, para alguns acidentes que podem vir a acontecer, mas, que podem ser evitados.
Por todas as razões apontadas e por acreditarmos que os acidentes podem ser evitados, resolvemos elaborar este trabalho, que se debate com a prevenção dos acidentes durante o primeiro ano de vida. Este trabalho insere-se no Ensino Clínico IV de Enfermagem de Saúde Materna e Obstétrica, a decorrer no Hospital São Teotónio de Viseu, no serviço de Obstetrícia A, realizado pelo 3º ano do 2º Curso de Licenciatura em Enfermagem, da Escola Superior de Enfermagem de Viseu.
A grande problemática que envolve este assunto e a motivação da docente que orienta este estágio foram o ponto de partida para a elaboração deste trabalho.

Pretende-se que este trabalho seja uma fonte de sensibilização e de educação para todos aqueles que têm como objectivo a prevenção dos acidentes no primeiro ano de vida e a promoção de ambientes seguros, nos quais a criança se pode desenvolver e explorar o mundo que as rodeia com liberdade e segurança.
Assim o papel dos enfermeiros é de extrema importância, pois têm como funçao, diagnosticar e prevenir situações de risco, bem como ensinar aos pais e educadores quais as medidas a adoptar para a prevenção dos acidentes, contribuindo assim, para a diminuição dos mesmos durante o primeiro ano de vida.
Por esta razão, temos como objectivos: dar a conhecer a grande variedade de acidentes que poderão acontecer ao seu filho, identificar os riscos nas diferentes faixas etárias, alertar para as medidas de segurança que devem ser adoptadas e, desta forma, contribuir para o aumento do bem-estar e da qualidade de vida de todas as crianças.
Um ambiente seguro depende não só de pais ou enfermeiros, mas de toda a comunidade.
Este trabalho encontra-se dividido por capítulos, atendendo ao tipo e local do acidente (doméstico, fora de casa ou rodoviário). Para a sua realização recorreu-se a bibliografia impressa e à Internet.
1 – CUIDADOS A TER NO QUOTIDIANO CASEIRO DAS CRIANÇAS
Toda a criança a partir do momento que deixa de viver no egocentrismo, começa a despertar para o mundo que a rodeia e para a realidade que de facto a tem acompanhado desde o momento do seu nascimento, mas, de certa forma ela manteve-se “alheia” a tal realidade.
Perante tal facto, os pais devem estar atentos a todas as “traquinices” das crianças. Desde o momento da mudança da fralda, passando pela alimentação (se a criança já come pela sua própria mão), quando ela já gatinha pela casa, até às brincadeiras com os seus “peluches” e carrinhos, entre outros brinquedos, próprios da idade em que se encontra a criança.
A partir do momento que já tem alguma segurança no andar (entre 2 e 4 anos), as crianças começam a despertar com grande vivacidade para várias brincadeiras, desde o saltar à corda, jogar à macaca, à bola, andar de patins ou “skate”. Ou até mesmo jogos criados por elas próprias, como por exemplo: o subir para cima de uma árvore (desde que esta o permita), subir para cima de muros (para ver o que se encontra do outro lado), etc.
Podemos dizer que, estes jogos de exploração/descoberta da realidade que as envolve, as levam, por vezes, a correr riscos!
Tais situações poderão ocorrer com maior frequência, se houver convívio entre crianças em espaço aberto, em que possam sentir-se livres e fazer tudo o que quiserem. Mas é claro que terá de haver limites estipulados pelos adultos, de maneira a evitar situações desagradáveis; podendo, em alguns casos, ser fatal para a vida dos “pequenitos” devido à negligência paternal.
Acidentes podem acontecer também nos vários compartimentos da casa: cozinha, sala de jantar, sala e estar, quartos, e até mesmo nas casas de banho!
Seguidamente apresentaremos algumas situações que são frequentes acontecer em casa, e que podem ser evitadas se olharmos pela perspectiva da criança e se os conselhos/regras de segurança forem devidamente cumpridas. Para que reine a paz, o sossego e acima de tudo a saúde de todos em casa, pois todo o cuidado é pouco.
1.1 – CUIDADOS A TER NA SALA DE ESTAR E SALA DE JANTAR
ü Deve-se proteger fogões e lareiras para que a criança não lhes possa tocar directamente;
ü Se alguém em casa fumar, devem-se deixar em local inacessível e seguro: cinzeiros, fósforos e isqueiros;
ü Todo o tipo de aparelhos eléctricos como o rádio, a televisão, o aquecedor, entre outros electrodomésticos, devem ser colocados de forma a que a criança não alcance o dispositivo de os ligar;
ü Tudo o que forem fios soltos deverão ser evitados para que as crianças não os puxem;
ü Todos os cantos dos móveis que se encontram à altura das crianças, deverão ser revestidos por material mole/almofadado;
ü Deverá evitar-se que os meninos subam para cima das mesas;
ü Nunca abandonar em qualquer sítio um objecto que tenhamos nas mãos, em situações que surja um imprevisto do tipo: o tocar do telefone ou campainha.
Logo abaixo pode visualizar-se a sala de estar com todo o tipo de mobiliário (lareira, televisor, mesas, tomadas, entre outros), que se deverá ter em atenção para que as crianças não se magoem.
1.2 – PREVENIR OS ACIDENTES NO QUARTO
ã Deve-se verificar se as traves do berço apresentam um distanciamento mínimo de 10cm;
ã Usar roupas de vestir e da cama de fibras naturais que não se inflamem facilmente;
ã Devem-se manter em lugar seguro os objectos pequenos, tais como: botões, moedas, alfine-tes, entre outros objectos de costura;
ã As portas dos armários deverão ser fechadas, assegurando que as crianças não se possam fe-char por dentro;
ã Deverão ser afastadas as cadeiras, bancos ou mesas pequenas das janelas e varandas, mas principalmente se estiverem abertas, deverão ser instalados fechos de segurança;
ã Não se deve permitir que a criança brinque com sacos de plástico, pois correm o risco de asfixia .
A figura seguinte ilustra o quarto onde existem prováveis “perigos”, que poderão ser evitados se os adultos não se descuidarem, pondo em prática as recomendações acima referenciadas.
1.3 – A PREVENÇÃO DE ACIDENTES NA COZINHA
ü Optar por fixar a toalha da mesa com pinças, de modo a que a criança não possa puxar e deixar cair em cima dela tudo o que estiver posto na mesa;
ü Recipientes contendo líquidos quentes, nunca deverão ser colocados à beira da mesa ou da bancada;
ü Ter atenção para que a criança não se aproxime do forno ou do fogão, quando estejam acesos e ter muito cuidado com a abertura do forno se estiver ao seu alcance;
ü Na utilização de tachos e panelas para cozinhar, deverão colocar-se as pegas sempre viradas para dentro;
ü Afastar da criança todos os utensílios cortantes e perfurantes (facas, tesouras, garfos, abre - latas, etc);
ü Todos os produtos de limpeza deverão ser guardados, fechando-os à chave e afastando-os sempre dos alimentos;
ü Nunca colocar em recipientes de bebidas conhecidas, produtos tóxicos, tais como: aguarrás, gasolina ou lixívia .
A figura em baixo mostra uma cozinha devidamente equipada, com a qual os adultos deverão ter cuidado, para evitar males de maior gravidade para com os seus filhos.
1.4 – MEDIDAS PREVENTIVAS A TOMAR NA CASA DE BANHO
á Ter muita atenção à temperatura da água do banho; na falta de um termómetro, deverá pôr-se em primeiro lugar a água fria e só depois a água quente e verificar com o cotovelo;
á Se a água quente vem de uma caldeira, desligá-la durante o banho;
á Nunca deixar a criança sozinha dentro da banheira, colocar um tapete anti-derrapante no fundo da mesma;
N Guardar num armário em lugar elevado, os produtos de higiene e cosmética, tais como: águas de colónia, lâminas, máquinas de barbear, aerossóis, cremes, etc.
N Os medicamentos deverão ser sempre colocados na caixa farmacêutica, num local inacessível à criança;
~ As tomadas eléctricas devem ser cobertas com tampas ou instalar tomadas de segurança, que a criança não possa manipular (em todos os compartimentos da casa sem excepção). Para além de tudo isto, deverá haver um interruptor diferencial na instalação eléctrica.
Em baixo apresentamos uma casa-de-banho, onde se deverá ter em atenção as medidas acima descritas, no sentido de evitar qualquer situação de risco para a vida das crianças.
1.5 - OUTROS CONSELHOS ÚTEIS A PARA EVITAR QUEDAS E/OU
LESÕES CORPORAIS
Entre os 12 meses e os 4 anos:
þ Manter telas firmemente pregadas nas janelas e colocar parapeitos;
þ Colocar rede antideslizante por baixo das passadeiras;
þ Manter o chão livre de obstáculos;
þ Manter as grades do berço sempre completamente levantadas e o colchão no nível mais baixo que for possível;
þ Nunca deixar a criança em carrinho de compras sem a estar a observar;
þ Supervisionar a criança enquanto brinca em parques infantis;
þ Evitar dar às crianças objectos pontiagudos;
þ Não permitir que corra ou caminhe com berlindes dentro da boca.
Em idade escolar:
þ Ensinar o emprego e os cuidados apropriados com equipamentos de desporto, tais como: pranchas de “skate”, patins, “skis”, entre outros;
þ Insistir no uso de equipamento protector em modalidades individuais, tais como: ciclismo, desportos radicais, futebol, entre outros;
þ Ajudar a providenciar instalações para actividades supervisionadas;
þ Estimular a criança a brincar em locais seguros;
þ Manter armas de fogo trancadas à chave;
þ Ensinar medidas de segurança em relação ao uso de dispositivos correctivos (óculos);
þ Promover segurança nas hortas, não deixar que a criança manipule instrumentos agrícolas.
1.6 – PREVENIR AS QUEIMADURAS
As queimaduras encontram-se com grande incidência em acidentes domésticos com especial realce para as queimaduras de electricidade, seguidas das queimaduras por líquidos quentes ou outras fontes de calor, como lareiras ou radiadores.
É natural que uma criança a partir dos 6 meses de idade queira explorar o mundo que a rodeia, nessa altura todos podemos constatar que as tomadas de electricidade se encontram mesmo junto aos seus olhos, como se isto não fosse suficiente, quer os espelhos das tomadas, quer os orifícios que brilham atraem a criança.
Os dedos dos pais certamente não entrarão nas tomadas, nem o fariam pois sabem que é perigoso, no entanto os “dedinhos” das crianças não têm qualquer dificuldade para o fazer e têm ainda como adjuvante a sua curiosidade. Para piorar a situação, por vezes as tomadas encontram-se deterioradas, aumentando o risco.
Os pais "detectives" continuam a investigação e deverão estar atentos ao aglomerado de fichas, muitas vezes pendentes de fichas triplas, constituindo também um risco paras as crianças.
As crianças ao continuarem de "gatas" irão detectar os vários fios que saem de mesas, armários ou outros locais. Apetece puxar! E atrás desse fio poderá vir um candeeiro, um ferro eléctrico ou qualquer outro electrodoméstico.
O melhor será os pais porem-se no lugar das crianças e verificarem quais as "patifarias" que fariam, não esquecendo a habitual curiosidade. Já pensou na admiração que eles sentem ao ver os aparelhos a funcionar, girar, mexer e fazer barulho! De certo terão vontade de accionar os botões e "ajudar" nos trabalhos domésticos.
1.6.1 – Algumas Medidas Preventivas
v Rever a instalação eléctrica da casa e substituir tomadas e fichas que se encontrem deterioradas ou que ofereçam perigo por si só;
v Instalar disjuntores de segurança que permitem à electricidade desviar-se para o quadro geral em vez de passar para a criança;
v Instalar tomadas e fichas "terra", nos electrodomésticos e de preferência em todas as tomadas;
v Instalar tomadas que tenham entradas de segurança;
v Colocar as tomadas em locais o mais escondido possível, de forma a que não suscite interesse para a criança;
v Utilizar as protecções para as tomadas quando estas não estão a ter serventia;
v Ter cuidado para não estragar tomadas, fios, ou fichas;
v Evitar a sobrecarga das tomadas com muitas fichas;
v Ter cuidado com as extensões, que funcionam como mais um elemento de ligação, mas também como mais um perigo;
v Electricidade e água não combinam. Todos os electrodomésticos e tomadas situados na cozinha ou casa-de-banho, devem ter os cuidados redobrados;
v Não deixar a criança utilizar os electrodomésticos, ainda que esta se ofereça;
v Depois de utilizar os aparelhos deve desliga-los e arrumá-los.
Para evitar um outro tipo de queimaduras tenha em atenção por exemplo o fogão, pois uma criança pode queimar-se gravemente na porta do forno ou através de alimentos demasiadamente quentes. Lembre-se que a cozinha não é o local ideal para uma criança brindar e nunca cozinhe com ela ao colo.
Tenha em atenção todos os fornos e microondas, pois os alimentos saem muito quentes e só os recipientes podem queimar. Convém sempre mudar de prato e verificar a temperatura.
Deve também verificar a temperatura da água do banho.
Em casa proteja todas as fontes de calor e impeça o acesso do bebé a elas.
Nunca coloque panos ou qualquer outra peça de roupa em cima de candeeiros ou lâmpadas, com o objectivo de diminuir a intensidade da luz, pois pode provocar um incêndio.
Esteja agora atento às 14 regras de ouro que irão contribuir para a integridade do seu filho:
q Quando cozinhar utilize os bicos de trás do fogão e equilibre bem os tachos e as panelas;
q Vire as pegas dos tachos frigideiras e panelas para trás, de modo a que a criança não tenha acesso;
q Desimpeça a cozinha, de objectos, bancos, sacos de compras e outros obstáculos que podem fazer tropeçar e entornar recipientes com líquidos quentes;
q Tenha cuidado quando se transportam líquidos quentes e estão crianças presentes;
q Evite tomar bebidas quentes com crianças ao colo, tal como colocar chávenas, ou outros recipientes com líquidos quentes á beira da mesa;
q Ao misturar água quente e fria abra sempre primeiro a fria e vá temperando;
q Misture bem a água do banho, antes da criança entrar;
q Proteja sempre as lareiras com guarda - fogo;
q Quando acender uma braseira, cuidado com as camilhas pois pode-se gerar um incêndio e impeça o acesso das crianças;
q Proteja outras fontes de calor e evite o acesso do bebé a elas, como a porta do fogão e de fornos, lareiras com recuperados de calor, radiadores, ferros eléctricos e escapes de automóveis;
q Não utilize álcool ou outros combustíveis para avivar as chamas de churrascos ou outros fogos;
q Tente sempre comprar roupas que não sejam combustíveis, evitando por exemplo as que têm elevados teores de nylon ou de outras fibras sintéticas;
q Não deixe fósforos ao alcance das crianças, nem brinque á frente delas com esses objectos ou outros fontes de chamas;
q Explique ás crianças o que fazer no caso de incêndio ou queimadura.
1.7 – COMO PREVENIR AS INTOXICAÇÕES
A frequência cada vez maior de intoxicações de origem acidental, que ocorre no meio doméstico, em crianças, faz-nos pensar no importante papel da educação, como medida preventiva.
Assim os pais deveriam ser informados acerca da toxicidade dos produtos químicos, pois só desta forma podem advertir os seus filhos, para o perigo de brincar ou ingerir medicamentos, pesticidas ou qualquer outro produto químico e agrícola.
As crianças deverão ser alertadas que tais produtos não são "doces", nem podem ser utilizados nas suas brincadeiras.
O número de crianças com intoxicações é maior em crianças cuja idade oscila, entre o 1º ano e o 5ºano de vida. Pois é durante este escalão etário que a criança procura conhecer tudo o que a rodeia e tendo acesso a prateleiras e armários, facilmente atingirá os detergentes e produtos químicos.
Desta forma cabe aos pais ter os devidos cuidados para que o seu filho não faça parte das estatísticas. Entre esses cuidados destaca-se:
Ø Fechar por completo as embalagens que contêm produtos tóxicos, em gavetas altas ou armários;
Ø Não colocar produtos tóxicos em copos ou garrafas, de modo a evitar possíveis acidentes, como resultado de ingestão involuntária;
Ø Os produtos químicos utilizados na agricultura, não devem ser armazenados junto dos alimentos e quando acabarem deve-se queimar as embalagens ou enterrá-las;
Ø O vestuário utilizado no manuseamento dos produtos tóxicos, deve ser colocado fora do alcance das crianças, lavado em separado e de imediato.
2 – PREVENÇÃO DE ACIDENTES FORA DE CASA
Dentro de casa as crianças estão expostas a muitos perigos, mas também na rua isso se verifica. Além dos acidentes rodoviários, devemo-nos ainda preocupar com as queimaduras solares e com os afogamentos.
Os pais devem ter em conta que a pele dos seus filhos (principalmente bebés e crianças de poucas idade), não está adaptada às agressões externas, necessitando por isso do uso de um protector solar e estar apenas exposta ao sol nas horas indicadas, ou seja antes das 11 horas e depois das 16horas e 30 minutos.
Não nos devemos esquecer que uma pequena quantidade de agua é suficiente para provocar o desequilíbrio e afogar a criança.
É importante que todos nós saibamos que os afogamentos são a terceira causa de morte nas crianças.
2.1 – PREVENÇÃO DOS AFOGAMENTOS
Os acidentes são responsáveis por quase metade de mortes em crianças. Nas crianças com menos de cinco anos, os afogamentos ocupam um lugar de destaque.
Em 1989, nos EUA, houve cerca de 4600 mortes por afogamento, onde 25% dos casos eram crianças.
Perante estes números cabe a todos nós estar atentos e seguir as regras que evitam este tipo de acidentes.
Nós como enfermeiros e futuros pais temos o dever de alertar e educar para o bem-estar das nossas crianças e para o bem-estar das crianças das futuras gerações.
Muitas pessoas não entendem que as crianças estão particularmente em perigo, pois os lactentes e as crianças de pouca idade podem afogar-se com níveis de agua de apenas alguns centímetros, tal como as piscinas constituem um enorme perigo.
A morte por afogamento é provocada pela asfixia, que se verifica quando uma pessoa não tem oxigénio, ou seja é incapaz de respirar. Essa asfixia pode ocorrer devido a uma contracção prolongada e forte das cordas vocais, ou por consequência de entrada de agua para as vias respiratórias ou para os pulmões.
A temperatura da agua é um factor significativo durante o afogamento, pois a perda de
calor é 27 vezes superior à perda de calor no ar.
Muitos afogamentos verificam-se em aguas não vigiadas devido:
Þ à incapacidade das pessoas para entenderem o estado do mar;
Þ pelo não conhecimento à cerca da sua profundidade;
Þ pela incongruência das pessoas em não respeitarem o tempo suficiente para o desenvolvimento de uma digestão;
Þ pelas brincadeiras que põe em risco várias vidas;
Þ e muitas vezes devido ao espírito aventureiro das pessoas.
2.1.1 – Que Podemos Fazer Para Evitar o Afogamento de uma Criança?
Crianças até aos 4 anos de idade:
v Nunca os deixe sozinhos dentro ou junto a algo que tenha água, seja uma banheira, piscina, vala ou em qualquer outra situação;
v Não confie em excesso, ter aulas de natação não põe as crianças á prova de afogamento;
v Coloque protecções em redor da sua piscina;
v Garanta que a vedação tenha, pelo menos, 1,5m de altura e vá até 10cm do chão;
v Opte por um portão que encerre automaticamente e que possa ser fechado;
v Disponha do material de salvação como, um salva-vidas e um gancho de longo alcance à beira da piscina
v Disponha de um telefone sem fio, que é ideal para as emergências e permite não ter a tentação de deixar a criança sozinha enquanto vai atender uma chamada, ainda que por pouco tempo;
v Não tenha confiança em bóias de ar, braçadeiras, colchões ou barcos de borracha, para se manter a si ou aos seus filhos a flutuar.
Crianças dos 5 aos 12 anos:
v Coloque-os numa escola onde além de aprenderem a nadar, aprendam também as regras de segurança;
v Ensine-os que não devem mergulhar em águas que não conhecem, uma vez que a profundidade e os perigos são desconhecidos;
v Garanta que nunca estejam a nadar sozinhos ou sem supervisão de adultos;
v Assegure que usam dispositivos de flutuação pessoais e bem adaptados.
Adolescentes dos 13 aos 19 anos:
v Não deixe que os jovens usem motas de água, enquanto não estiverem bem treinados e não forem capazes de o fazerem em águas muito concorridas;
v Informe-os que as brincadeiras enquanto nadam, mergulham ou andam de barco, podem por em causa a sua vida e a dos seus amigos;
v Alerte-os que bebidas, drogas e desafios, se associam muitas vezes aos episódios de afogamento.
Outros conselhos a ter em conta:
v Não confie na criança mais velha para tomar conta da que está dentro de água;
v Obedeça aos conselhos do nadador - salvador e ás regras de segurança;
v Mantenha os sistemas de iluminação e os fios das docas e piscinas com boa manutenção, para evitar choques eléctricos.
2.1.2 – Primeiros Socorros em Caso de Afogamento
Se a criança está perto é necessário tranquilizá-la, para evitar que entre em pânico, o que lhe seria fatal. Caso não consiga sozinha atingir a margem, deve ser ajudada com uma corda, uma bóia ou um bastão.
Se a criança está longe deve ser socorrida por um bom nadador, que não esteja demasiadamente nervoso, para que não fique mais uma vida em risco. Em alguns casos é necessário o uso de um barco ou uma canoa.
Quando a vítima está dentro de água, em primeiro lugar deve-se libertar as vias respiratórias da água. Já fora da água, a vítima deve ser deitada de barriga para baixo e levantada pela cintura, para que os brônquios fiquem em posição inclinada e seja mais fácil a saída espontânea da água.
Caso haja paragem respiratória deve ser feita massagem cardíaca, associada à respiração boca a boca.
Em regra geral todos os afogados, sofrem um arrefecimento acentuado, que por vezes é benéfico, pois diminui as funções cerebrais, contribuindo para o seu salvamento, no entanto devem ser prontamente envolvidos em cobertores e toalhas para que não se desenvolva hipotermia.
2.2 – INFORME-SE SOBRE AS CONGESTÕES
O que as crianças gostam é de brincadeira, por isso é difícil para ela ficar sossegadas após a refeição e não ir à água na praia ou na piscina.
Congestão, trata-se de uma interrupção rápida e repentina da digestão dos alimentos. Durante o processo digestivo, o organismo necessita de grande quantidade de sangue para realizar todas as transformações. Se for necessária energia, noutra parte do corpo, não é possível continuar a digestão.
A congestão pode ser causada por dispêndio de energia aquando do exercício físico como o nadar, ou dispêndio de energia na concentração em determinada tarefa.
Não se deve tomar banho após as refeições. O banho quente causa vasodilatação periférica, logo a falta de sangue poderá causar a paragem da digestão, logo congestão. No caso do banho frio como na praia ou na piscina resulta em vasoconstrição e posterior vasodilatação, como defesa ao frio de modo a aumentar a temperatura, causando o mesmo efeito.
Nas crianças, deve-se esperar pelo menos duas a três horas para poderem entrar na água. Deve-se também optar por uma refeição mais leve, ou seja, aderir a alimentos que facilitem a digestão, diminuindo assim os riscos de congestão. Os alimentos com maior dificuldade de digestão, nomeadamente as gorduras, requerem maior quantidade de sangue para a digestão.
A congestão pode causar palidez, dor de cabeça, sensação de estômago pesado, tontura e em casos mais graves vómito(que visa retirar o alimento do estômago), ou até mesmo desmaios. Na tentativa de continuar a digestão o organismo procura angariar sangue de outras partes do corpo, nomeadamente o cérebro, o que pode ocasionar um desmaio pela falta de oxigenação.
Depois da refeição o nadar pode provocar, portanto, uma congestão originando vómito ou desmaio aumentando o risco de afogamento. Por isto, indirectamente, o nadar, após uma refeição acarreta riscos elevados para a vida.
Prevenir, vigiar e educar são prioridades vitais.
2.3 – PREVENÇÃO DE QUEIMADURAS SOLARES
Todos nós somos, no dia-a-dia, expostos a raios solares. O sol é necessário à vida, mas, uma exposição diária de 10 minutos é suficiente para recebermos a vitamina D de que necessitamos para esta intervir com o cálcio na ossificação.
O sol irradia luz que é composta por raios ultravioleta (UV), em contacto com a pele estes UV desencadeiam uma reacção de defesa, aparecendo assim a melanina – que dá o tom bronzeado da pele – que absorve e reflecte UV que poderiam causar lesões à pele.
Porém esta protecção natural é limitada, de acordo com o tipo de pele, nomeadamente concentração de melanina. Existe um índice de protecção natural que traduz o tempo de exposição solar, que determinada pessoa tolera. As pessoas de pele e olhos claros, cabelo loiro ou ruivo, são as que mais necessitam de protecção solar. Em contrapartida, as pessoas de cabelo e olhos escuros, cuja pele é mais facilmente adaptável ao sol, possuem uma maior protecção natural, principalmente nos lábios.
As exposições solares sem protecção podem causar queimaduras solares, para além de outros problemas mais graves. As queimaduras solares ocorrem, maioritariamente, durante actividades do quotidiano, em virtude de exposições acidentais, e não propriamente apenas na praia.
Nos dias de chuva, céu enevoado, vento, também passam raios ultravioleta. Na neve, na areia da praia ou mesmo no cimento, estes raios são reflectidos. Dentro de água, a sensação de frescura do frio arrefece a superfície da pele, disfarçando os sinais que alertam para o risco de queimaduras solares; no entanto as precauções são as mesmas.
Queimaduras solares, também denominadas “escaldões” habitualmente traduzem-se por rubor da pele, dor, calafrios e por vezes febre, náuseas, etc.
A principal preocupação são as crianças, uma simples brincadeira no jardim, durante um período de sol pode ter consequências graves. Dado que a pele das crianças é mais sensível, por ser mais fina e pouco desenvolvida em melanina, elas são as que mais se devem proteger, requerem muita vigilância. Crianças com sinais na pele são as mais sensíveis, devem-se vigiar com cuidado observando atentamente qualquer modificação de tamanho ou cor.
Aliada à protecção natural existem diferentes protectores solares destinados aos diferentes tipos de pele, logo a diferentes níveis de protecção.
Os bebés com menos de um ano não devem utilizar protector solar, pelo que devem ser abrigados sol sendo mantidos à sombra. A pele não tolera a exposição prolongada por isso é necessário protege-la, começando com a prevenção reduzindo o tempo de exposição solar.
As crianças devem ser protegidas com roupa de algodão ampla, com chapéu de abas largas (por causa da cara), chinelos, guarda-sol e óculos escuros (para não fazer queimaduras na córnea). As protecções devem-se ajustar às áreas do corpo mais necessitadas que são: os olhos, o nariz, a testa, os lábios, as orelhas e a planta do pé.
O protector solar em crianças com mais de 1 ano deve ter um índice de protecção – valor relacionado com o nível de protecção natural da pele – elevado, no mínimo de 15. Deve ser colocado 30 minutos antes da exposição solar e deve ser resistente à água, sem álcool, devendo ser reaplicado de 2 em 2 horas, principalmente depois do banho.
Deve-se realçar que se deve colocar protector independentemente de estar na praia ou no campo, os riscos são os mesmos.
A aplicação de soluções alcoólicas, como perfume ou outra, pode irritar a pele tornando-a sensível, por isso não se devem utilizar.
A exposição das crianças maiores, e população em geral, deve ser progressiva, iniciando nos primeiros dias com pequenos períodos de exposição protegida. Existe, porém, um período do dia em que não se deve permanecer ao sol entre as 11 horas e as 16:30, nomeadamente na praia somente com o guarda sol não é suficiente, trata-se da altura do dia em que os raios são mais fortes.
Atenção ao calor! É necessário vigiar a hidratação da pele, dando muitos líquidos, água de preferencia ou então sumos de fruta natural pouco açucarados. Quaisquer sintomas de desidratação favorecem o aparecimento de queimaduras solares.
Não se esqueça, deve-se:
- Evitar levar bebés pequenos à praia, se tiver de ser mantê-los vestidos e à sombra mesmo em manhãs frescas.
- Nos primeiros dias, a exposição solar apenas deve ser de alguns minutos e depois progressivamente.
- Manter as crianças pouco expostas ao sol, usando sempre protector de índice maior que 15, mantendo-as vestidas e com chapéu e óculos de sol.
- Dar bastantes líquidos, prevenindo a desidratação, e em caso de pele seca hidratar com creme gordo e não expor ao sol.
- Redobrar os cuidados com o sol no caso de doença (febre por exemplo).
3 – PREVENÇÃO RODOVIÁRIA
Os acidentes rodoviários têm factores extremamente complexos envolvidos: a natureza humana, factores ambientais e relacionados com a máquina (veículo de transporte).
Constituem, hoje, um dos graves problemas de saúde, acompanhando a par e passo o desenvolvimento industrial das sociedades, é um fenómeno epidémico não transmissível, não só devido ao número de mortes que lhe são atribuídas, mas, principalmente, pelo número de incapacidades parciais ou totais, temporárias ou permanentes; que deles resultam.
Quem quer que conduza um automóvel ou qualquer outro veículo numa estrada expõe-se a perigos inevitáveis, no entanto, é importante compreender que muitos acidentes (em veículos ou causados por veículos a pedestres), podem ser evitados, tomando-se simples precauções de segurança.
Os programas de prevenção rodoviária que as equipas interdisciplinares (enfermagem, polícia, alguns Ministérios, entre outras entidades), possam realizar, devem incidir sobre a educação, a tecnologia, as modificações do meio ambiente e as leis em vigor; assim como a sua aplicação.
3.1 – A LEI DIZ QUE...
A segurança rodoviária das crianças é regida pelos artigos 55, 79 e 83 do Decreto-lei número 114/94 de 3 de Maio e da portaria 849/94 de 22 de Setembro.
Os menores de três anos devem viajar num dispositivo de retenção aprovado para o seu tamanho e peso, no banco de trás ou da frente; excepto nos transportes públicos e em situações excepcionais.
Na faixa etária dos três aos doze anos, devem viajar nos lugares equipados com dispositivos de retenção aprovados (adequados ao seu tamanho e peso), quando não existem, devem usar sempre o cinto de segurança.
Até aos doze anos, para viajar no banco da frente, têm de utilizar um dispositivo aprovado. Quando o veículo não dispões de um banco de retaguarda têm de utilizar, no mínimo, o cinto de segurança.
3.2 – DISPOSITIVOS DE SEGURANÇA (CADEIRAS E CINTOS) E
DISPOSITIVO DE RETENÇÃO
Os estudos efectuados neste campo resultaram na diversificação dos dispositivos de segurança, adaptando-os a idades/pesos e localização no veículo de transporte. Visto isto, fazemos uma breve referência aqueles de que possuímos informação fidedigna e coerente. Poder-se-ão visualizar em Anexo, para mais concreto esclarecimento da sua forma e disposição.
Em caso de acidente, a criança pode ser projectada a uma velocidade que perfaz, aproximadamente, vinte vezes o seu peso. Face a esta realidade assustadora os adultos têm de conhecer tudo o que dispõem para prevenir acidentes com consequências, por vezes, terríveis para os mais pequenos.
A utilização de um sistema de segurança adequado pode garantir a segurança das crianças (a sua integridade física), mas, tendo em atenção os desígnios e normas de utilização. Tem de haver uma consciencialização, por parte de quem conduz, que os dispositivos não são, por si só, uma forma de salvamento; são essenciais os cuidados na condução.
3.2.1 – Antes de Nascer
O bebé necessita de segurança através da mãe, que deverá usar sempre o cinto de segurança. Este não deve atravessar o abdómen pois poderá causar lesões por compressão do feto.
A faixa superior deve passar sobre o ombro e pelo espaço inter-mamário, contornando o abdómen. A faixa inferior deverá assentar sobre a raiz das coxas.
O ideal seria que a grávida viajasse no banco de trás, quando isto não acontece; no banco da frente, deverá sempre sentar-se com a maior distância possível entre si e o tablier.
3.2.2 – Do Nascimento Até aos 12 Meses (+/- 10 Kg)
Existem duas formas de transportar a criança em segurança:
- Alcofa de segurança: que pode ou não ter cintos incorporados, onde a criança viaja deitada.
Coloca-se atravessado no banco do veículo e é fixo com o cinto do carro ou com um sistema de fixação especial.
As alcofas rígidas são as mais indicadas para os bebés prematuros e deve-se colocar o bebé com a cabeça sempre virada para o interior do automóvel. Como ocupa pelo menos dois lugares no banco de trás, só pode ser utilizada por crianças até aos três/quatro meses.
Por este motivo pode-se optar por uma cadeira própria para bebés até aos doze meses, na impossibilidade monetária de adquirir as duas.
- Cadeira de assento invertido: É uma cadeira com cintos incorporados, prende a criança ao
dispositivo e onde a criança viaja semi-sentada. Coloca-se no banco do automóvel, voltada para trás, e é presa pelo cinto de segurança. Não deve ser colocada num lugar equipado com airbag, porque quando este explode (com uma velocidade de abertura entre 250 e 300Km/hora) a força com que o faz pode provocar a morte da criança. Quando a criança tiver que viajar num local equipado com airbag deverá fazê-lo num dispositivo onde é o próprio cinto do carro que lhe segura o corpo. O banco deve estar recuado ao máximo.
Deste modo as crianças até ao primeiro ano de vida devem ser transportadas no banco de trás, mesmo nos assentos invertidos.
Ao viajar semi-sentada, com as costas apoiadas, a criança adquire uma posição semelhante à que ocupou no útero, durante o período de gestação. Esta posição é a mais confortável.
A criança viaja de costas para o trânsito sendo a melhor forma de proteger a fragilidade do seu pescoço (pelo elevado peso da cabeça em relação ao corpo e devido à imaturidade geral dos músculos e das estruturas ósseas e articulares).
3.2.3 – Dos 10 Meses Aos 4 Anos (9Kg - 18/25Kg)
Existem quatro tipos de dispositivos pelos quais se poderá optar consoante a segurança que confere à criança.
- Cadeira de assento invertido: Continua a ser a mais segura, mas tem de ser adequada para
esse efeito, estando de acordo com a idade e o peso. Por estas razões só são utilizadas em automóveis espaçosos e até aos três anos de idade.
- Cadeira de apoio: Adapta-se correctamente ao corpo da criança, com a ajuda de um regulador
e permite fixar-se a criança e a cadeira com o cinto do carro. Instala-se facilmente e poderá ser utilizado até aos seis anos.
Estas cadeiras são as mais tradicionais e conhecidas junto do público. Uma vez que foram concebidas, inicialmente, para carros sem cintos. Só mais tarde foram adaptadas de forma a poderem fixar-se com o cinto do carro.
- Cadeira com protector de impacto: É semelhante à cadeira de apoio e é aconselhável até aos
três anos; permite fixar com o cinto do carro a criança e a cadeira, simultaneamente. O cinto passa pelo interior de um protector de impacto colocado à frente da criança.
- Cadeira com cintos integrados para prender a criança: É utilizada só até aos três anos . Fixa-
se ao banco do carro com o cinto, prendendo assim a criança.
3.2.4 – Dos 3 Anos Aos 6 Anos (Até Aos 25 Kg/36 Kg)
Até aos três anos a criança não deve utilizar apenas o cinto de segurança, isto porque, ainda é muito pequena para que assente correctamente. Existem então dois dispositivos que podem ser utilizados nesta faixa etária.
- Cadeira de apoio: Esta cadeira é utilizada até aos seis anos, porque a criança necessita de
elevação e apoio nas costas, para que o cinto assente correctamente no ombro e nos ossos da bacia, facilitando o conforto e a aceitação do cinto.
No entanto existe um modelo que a partir dos seis anos permite retirar o encosto, transformando-se em banco elevatório.
- Banco elevatório: Deve ser utilizado a partir dos 5/6 anos e permite uma utilização mais
eficaz do cinto.
Tanto o banco elevatório como a cadeira de apoio evitam que o cinto “raspe” no pescoço da criança.
3.2.5 – A Partir dos 6 Anos (Desde os 36 Kg)
- Banco elevatório: É utilizado até que a criança atinja 1,50m de altura e se o banco do carro tiver encosto de cabeça.
- Cinto de segurança: Para que este actue eficazmente, a faixa diagonal deve passar sobre o
ombro e nunca debaixo do braço, pois pode provocar graves lesões abdominais. A faixa horizontal deve passar sobre a raiz das coxas e nunca sobre a barriga. Deve ficar bem ajustado ao corpo da criança, ou seja, não deve ficar folgado ou torcido.
O cinto de três pontos permite distribuir as forças de um embate pelas zonas mais resistentes do corpo (esterno e bacia). É, portanto, o mais seguro uma vez que segura melhor o corpo.
3.2.6 – Dispositivo de Retenção Aprovado
É uma cadeira que foi submetida a ensaios e testes (no máximo a 50 Km/h), obedecendo às normas mínimas de segurança. Trata-se de um dispositivo homologado de acordo com as normas de segurança reconhecidas internacionalmente. Garantindo assim, o nível mínimo de protecção para a criança.
Estas cadeiras possuem sempre a “Etiqueta E” (ver Anexos) ou “DGV-CC-XXX”. A etiqueta E contém indicações como o peso da criança, em Kg, e o número de homologação.
A afixação das instruções de utilização da cadeira, em português é obrigatório, ou a presença de um desenho esquemático elucidativo.
Antes de comprar um dispositivo de segurança deve-se certificar que possui a etiqueta E. Deve também experimentar a cadeira no carro e verificar se os cintos têm o comprimento necessário, para a instalação correcta da cadeira. Deve-se sempre cumprir as instruções do fabricante, isto porque, uma cadeira mal instalada pode perder todo o seu efeito protector. Os dispositivos mal instalados ou não homologados podem aumentar o risco de projecção da criança para fora do carro ou contra o tablier.
3.3 – OUTRAS PRECAUÇÕES A SEREM TOMADAS PELOS PAIS
O carro em que viajem regularmente crianças, deve ser equipado com fechos à prova de crianças. Estes impossibilitam a criança de abrir a porta acidentalmente. Podem ser montados dispositivos nas janelas, para impedir as crianças de as abrir para além de um certo limite. As crianças devem viajar sempre no banco de trás, nunca no da frente.
A prevenção rodoviária passa em grande parte pelos pais, é a estes que cabe a tarefa de educar, ensinar, alertar e servir de exemplo. O facto de os pais usarem o cinto de segurança fará com que a criança o aceite com mais facilidade, imitando o seu comportamento. Enquanto peões, os pais acompanhados pela criança devem atravessar a estrada na passadeira, respeitando os sinais luminosos.
Quando condutores, os pais devem parar e permitir a passagem dos peões na passadeira. Devem também ter o cuidado de abrandar a velocidade nas proximidades de escolas. Como o condutor é o principal responsável pela segurança das crianças, deverá evitar o consumo de bebidas alcoólicas, porque o álcool torna as reacções mais lentas e os gestos mais imprecisos. Provoca também uma diminuição da visão e da sensibilidade, e dificuldades na compreensão das distâncias e alterações do ângulo visual.
3.4 – TRANSPORTES COLECTIVOS
È importante que os adultos (pais), elucidem as crianças relativamente às regras da correcta utilização dos transportes públicos.
Deve-se explicar à criança que, enquanto permanecerem na paragem do autocarro, deve manter-se sossegada, não se envolvendo em brincadeiras que possam ser perigosas para ela.
A viagem nos transportes públicos deve ser, sempre que possível, feita sentada. Caso tenha que viajar de pé, a criança deve obedecer a certas normas, tais como: segurar-se bem aos varões e outros dispositivos existentes para esse fim. Não deve permanecer junto das portas (pois pode cair), nem colocar a cabeça ou mãos fora da janela.
Também ao sair do autocarro é necessário ensinar a criança a ter alguns cuidados, nomeadamente ao abrir a porta, em especial se esta for tipo “fole”. Só deve abandonar o autocarro quando este estiver completamente imobilizado e as portas estiverem totalmente abertas.
Os adultos devem ainda explicar à criança que não deve atravessar a rua pela frente nem pela retaguarda do autocarro, mas apenas quando este tiver ido embora. Deve fazê-lo num local onde possa ver bem a estrada e ser bem visto pelos automobilistas em circulação.
3.5 – CUIDADOS NOS VEÍCULOS DE DUAS RODAS – MOTOCICLOS E
BICICLETAS
Nos motociclos é proibido por lei viajarem crianças com menos de sete anos. As crianças com idade superior a sete anos podem viajar em motociclos, desde que cumpram todas as regras de segurança. É indispensável o uso do capacete, que deve ser homologado, este só será eficaz se for bem colocado (com a franquelete apertado) e ajustado ao tamanho da cabeça da criança.
Quando a criança anda de bicicleta deve fazê-lo da forma mais segura possível, para isso é importante o uso de um capacete e de joelheiras. Este equipamento deve estar bem colocado e adaptado ao tamanho da criança. Deve ser ensinada a forma correcta de colocar as mãos no guiador, ou seja, a mão deve estar mesmo junto à base do punho e o polegar sempre por baixo deste. Assim, o controle do veículo é maior e o risco é menor.
Nos primeiros tempos, em que os pais ensinam a criança a andar de bicicleta, devem ser colocadas umas “rodinhas”. Conferem uma maior estabilidade à bicicleta e consequentemente maior protecção e segurança à criança. Numa idade mais avançada, já quando a criança souber andar bem de bicicleta, devem-lhe ser colocados reflectores.
Os pais devem alertar as crianças para que não andem na estrada, caso o façam devem circular sempre pela direita e junto da berma da estrada. Devem também chamá-los à atenção para que não façam brincadeiras na estrada, como por exemplo “cavalinhos”, peões, corridas, entre outras.
3.6 – REGRAS DA BERMA DA ESTRADA
Atravessar uma estrada é perigoso, especialmente para as crianças. Antes de as crianças receberem permissão para atravessarem uma estrada sozinhas, os pais devem certificar-se de que elas compreendem e são capazes de aplicar as seguintes regras: procurar o lugar adequado para atravessar, como um túnel, uma passagem de peões, ou uma passagem com semáforos
Os pais devem ensinar às crianças qual o significado dos semáforos para peões. Certificarem-se que a criança distingue e reconhece a cor e a forma. Explicar então, que o sinal vermelho ou com a forma de peão imóvel, proíbe a criança (peões) de atravessar a estrada, sendo possível quando o sinal luminoso mudar para a cor verde ou para a forma de um peão em andamento.
Existem em algumas cidades, passadeiras antiderrapantes, junto à saída das escolas primárias. São apelativas pela sua cor vermelha e pela superfície antiderrapante com atrito muito superior ao normal. Este tipo de passadeira é extremamente eficaz para se reduzir a distância de travagem.
Se não conseguir encontrar um desses sítios adequados, procurar um lugar seguro onde se possa ver claramente a estrada em ambos os sentidos. Olhar e escutar para ambos os lados, para verificar se vêm carros. Se vierem carros, deixá-los passar. Quando a estrada estiver livre, atravessar em linha recta para o outro lado. Nunca se deve atravessar a estrada em diagonal ou a correr.
À noite é difícil para os condutores verem os peões, excepto a curta distância. Para sua própria segurança, de noite, os peões devem usar roupas claras ou reflectores, ou transportar uma lanterna. O material fluorescente atrai a vista de dia mas de pouco serve à noite.
Quando não houver passeio, caminhar do lado esquerdo da estrada, de frente para os carros que se aproximam. Seguir em fila indiana, sempre à beira da estrada. Conservar sempre as crianças sobre controle, nunca lhes permitindo correr pelo meio da estrada nem sequer ao longo dela.
4 – CONCLUSÃO
Na fase terminal do trabalho realizado, consideramos que não atingimos, na totalidade e complexidade, os objectivos que nos propusemos atingir. Na medida em que, o leque de acidentes que podem ocorrer a crianças é demasiadamente abrangente e diversificado; havendo ainda, por vezes, a contribuição da negligência dos pais. Deixamos, no entanto, o esforço de atingir o máximo de situações possíveis.
À partida o projecto era bastante ambicioso, porque foram focados, mais do que um local, em que os acidentes podem ocorrer: em casa, na rua, nas praias, rios, campo, entre outros.
O objectivo de dar a conhecer a grande diversidade de acidentes, relaciona-se, em grande parte, com a problemática de estudo acima referenciada, pois no centro das situações apresentadas existem sempre outras que se inserem no mesmo contexto.
Daqui retira-se a ilação de que, na prevenção (cuidados de saúde primários), é fundamental por parte dos enfermeiros, enfatizar a vigilância, extrema e cuidadosa, que os mais pequenos necessitam para que, situações que não estejam enumeradas, possam ocorrer. Para que cresçam e se desenvolvam num ambiente seguro, limpo, com a qualidade que possa oferecer bem-estar e harmonia, com eles, com os outros e com o meio envolvente.
O segundo objectivo, diz respeito à identificação de riscos nas diferentes faixas etárias. À semelhança do vasto rol de acidentes, também nos deparamos com os riscos subjacentes, todavia, a segregação do desenvolvimento infantil, foi difícil devido à diminuta, restrita e pouco específica, informação de que dispúnhamos.
Relativamente ao terceiro e último objectivo, este é e será conseguido quando a mensagem que tentamos transmitir, com os dois primeiros objectivos, seja correctamente compreendida e assimilada, seguindo-se a consciencialização e a alteração de comportamentos.
Da nossa parte foi já realizada uma tentativa de chegar junto da comunidade, de modo a que a mensagem fosse “ouvida” por uma pequena plateia, constituída por educadoras, professora, crianças, enfermeiros e funcionárias auxiliares de acção educativa. Esta oportunidade foi-nos proporcionada pelo Infantário da Lageosa no concelho de Tondela (área de abrangência do Centro de Saúde de Tondela, onde realizámos estágio).
É necessário realçar a importância que detém a realização de trabalhos como este que se nos apresenta, válidos na auto-educação que é sempre benéfica, sem ser em excesso no nosso processo de ensino-aprendizagem. O saber não ocupa lugar!
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