Acidentes em meio escolar, no Concelho de Mangualde




Os dias passam rapidamente após o nascimento, e, subitamente as crianças tornam-se cada vez mais irrequietas e cada vez com maior vontade de explorar o meio que as rodeia, o perigo espreita a cada esquina, e quando menos se espera o inesperado acontece; uma queda, uma intoxicação, uma queimadura, um acidente de viação ou até um afogamento.
O mundo que a pouco e pouco a sociedade foi construindo está cada vez mais desadaptado às necessidades e características de desenvolvimento da criança. A crescente tecnologia e condições de vida actuais, tornam-se uma ameaça à sua integridade física e psicológica, quando deveriam antes construir um meio estimulante, acolhedor e seguro.
No distrito de Viseu, tal como acontece em todo o país, todos os dias crianças são vítimas de acidentes. Segundo o GAS (2002), “ calcula-se que, por cada morte há cerca de 45 crianças que são internadas e, cerca de 1300 são atendidas nos serviços de saúde.

Em cada dia que passa, duas crianças morrem vítimas de acidentes e dez ficam incapacitadas para sempre (Associação para a Promoção de Segurança Infantil em Portugal, 1999). É por isso que se devem incutir hábitos seguros à criança logo desde o primeiro dia de vida, para isso basta respeitar algumas regras muito simples, podendo-se assim evitar muitos acidentes, poupando-se muitas vidas, muitas idas ao hospital e também muito sofrimento.
É necessário ter em conta que a criança tem necessidade de explorar o meio envolvente, sendo um ambiente pleno de afecto, tolerância e liberdade o ideal para que a criança ponha em prática toda a sua inteligência e imaginação.
Assim, no âmbito do Ensino Clínico IX (Saúde Comunitária), pertencente ao plano curricular do 4º ano do curso de Licenciatura em Enfermagem, cujo campo de estágio foi o Centro de Saúde de Mangualde, foi desenvolvido um trabalho de pesquisa, tendo como base os registos do SAP do Centro de Saúde de Mangualde, referentes aos acidentes em crianças dos 0 aos 18 anos, ocorridos no ano de 2002. Desses registos, apenas foram analisados os que tiveram lugar em meio escolar.
O objectivo geral refere-se ao estudo descritivo dos acidentes em crianças dos 1 aos 18 anos em meio escolar.
Delinearam-se os seguintes objectivos específicos para este trabalho:
- Saber qual o sexo, a faixa etária, tal como a parte do corpo afectada com mais frequência e o local, dentro do meio escolar, onde vulgarmente se dão os acidentes;
- Conhecer a frequência, causa, tipo dos acidentes ocorridos em crianças dos 0 - 18 anos em meio escolar, no concelho de Mangualde, no ano de 2002;
- Permitir o conhecimento da realidade dos acidentes em meio escolar de forma a actuar nas escolas através da formação dos professores e auxiliares, salientando a importância de um ambiente seguro para o desenvolvimento da criança;
- Aprofundar conhecimentos acerca das principais circunstâncias que levam à ocorrência de acidentes;
- Informar as crianças e pais sobre as várias formas de evitar acidentes;
- Contribuir para a diminuição de crianças hospitalizadas devido a acidentes;
- Proporcionar fundamento para que as forças vivas do concelho de Mangualde possam implementar medidas para diminuir o número de acidentes ocorridos em meio escolar.
Este trabalho encontra-se dividido fundamentalmente em duas partes: a primeira refere-se à fundamentação teórica e contextualização deste tema através da descrição da situação demográfica do Concelho de Mangualde, sua estrutura, freguesias e escolas, seguido da descrição do desenvolvimento psicossomático da criança, a definição de escola e acidentes, tal como a prevenção de acidentes em meio escolar, finalizando com a educação para a saúde. Já a segunda parte contempla a metodologia utilizada e a apresentação dos resultados, com as respectivas conclusões.
A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica e a consulta dos registos do SAP do Centro de Saúde de Mangualde relativos a acidentes ocorridos em crianças em meio escolar.
Esperamos atingir os objectivos a que nos propusemos e que este trabalho seja útil e enriquecedor a todos aqueles que o consultem.
I PARTE: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA


1- SITUAÇÃO DEMOGRÁFICA
1.1- ESTRUTURA ETÁRIA DA POPULAÇÃO DO CONCELHO DE MANGUALDE DOS 0 – 18 ANOS
Segundo os dados referentes às crianças inscritas no Centro de Saúde de Mangualde, a população deste concelho divide-se da seguinte forma:
QUADRO 1 - Distribuição das crianças em relação à faixa etária e sexo
Faixas etárias Nº de crianças do sexo masculino Nº de crianças do sexo feminino TOTAL DE CRIANÇAS
0-2 anos 382 296 678
3-5 anos 348 358 706
6-9 anos 471 470 941
10-12 anos 396 368 764
13-18 anos 911 792 1703
TOTAL 2508 2284 4792
1.2- FREGUESIAS E ESCOLAS
As escolas do concelho de Mangualde distribuem-se pelas diversas freguesias do seguinte modo:
QUADRO 2 – Descrição dos Jardins de Infância e Escolas Básicas e Secundárias do Concelho de Mangualde
ESCOLA FREGUESIA
Abrunhosa do Mato
Casal Mendo – Alcafache
Tibaldinho
Chãs de Tavares
Outeiro de Matados
(PÚBLICOS
E
PRIVADOS)
Cunha Baixa
Gandufe
Fagilde
Fornos de Maceira do Dão
Vila Garcia
Lobelhe do Mato
Mesquitela
Moimenta do Dão
Contenças de Baixo
Santiago de Cassurrães
S. João da Fresta
Cubos
Mangualde nº 1 Mangualde
Mangualde nº 2 Mangualde
Conde D. Henrique
Pólo Itiner nº 1 Oliveira
Santo André
Pólo Itiner nº 2 Roda
Canedo
Pólo Itiner nº 3 Pinheiro
Almeidinha
Complexo Mangualde
Beatriz Pais
Três Pastorinhos Abrunhosa
Santiago
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Outeiro de Espinho
Santiago de Cassurrães
Contenças de Baixo
Mourilhe
Matados
Abrunhosa-a-Velha
Fornos do Dão
Póvoa de Cervães
Fagilde
Mesquitela
Corvaceira
Quintela de Azurara
Tibaldinho
Guimarães de Tavares
Vila Garcia
Moimenta de Maceira do Dão
Gandufe
Água Levada
Cunha Baixa
Abrunhosa do Mato
Pedreles
Freixiosa
Chãs de Tavares
Vila Cova de Tavares
Travanca de Baixo
São João da Fresta
Torre de Tavares
Vila Mendo de Tavares
Canedo
Oliveira
Pinheiro
Almeidinha
Lobelhe do Mato
Alcafache
Cubos
Roda
Santo André
Santa Luzia
Carvalhas
Colégio
Esc. do 2º e 3º ciclos do Ensino Básico Gomes Eanes Azurara Mangualde
Ana de Castro Osório Mangualde
Esc. Secundária Felismina Alcântara Mangualde
2 – DESENVOLVIMENTO PSICOSSOMÁTICO DA CRIANÇA
2.1 – DOS 0 – 3 ANOS
A criança, nesta faixa etária, adquire imensas novas capacidades que lhe irão permitir adaptar-se ao meio que a rodeia.
Até completarem o mês de idade, os bebés gostam de chuchar, mamar, ouvir sons suaves e repetidos, de estar seguros e embalados, de olhar para certos objectos, por isso, é conveniente conversar com ele, cantar-lhe suavemente e pegar-lhe ao colo (QUINAa, 1991).
Após um mês de idade, gosta do rosto humano e do banho (QUINAa, 1991). É capaz de agarrar um objecto posto nas mãozinhas, apesar de ter os braços dobrados e as mãos quase sempre fechadas, dormindo a maior parte do tempo (NESTLÉ, 1997).
Aos 2 meses, a criança continua a gostar de olhar à sua volta e fá-lo fixamente; procura agarrar os objectos próximos, sorri e gosta de sons musicais (QUINAa, 1991). Também passa mais tempo acordado e atento a tudo o que acontece (NESTLÉ, 1997).
Pelos 3 meses de idade, o bebé já é capaz de agitar as mãos, juntá-las e olha para elas.
Com 4 meses, os bebés gostam de segurar e agarrar coisas e levá-las à boca ou então atirá-las fora. Começam a dar pontapés, rir perante sons e sinais novos e emitir sons e também gostam de mudar de posição. Movem os olhos numa inspecção activa, fixando-os nisto ou naquilo, devendo-se dar-lhes guizos e brinquedos suspensos (bolas ou argolas de cor presos no berço, a uma certa altura) e conversar com eles.
Aos 5 meses, o bebé endireita o corpo e segura a cabeça sentando-se com o apoio das mãos. Estar à vontade no chão ou no parque, rolar sobre si mesmo e agitar os braços como se quisesse nadar são algumas das capacidades desenvolvidas até aqui. Volta-se ao mínimo som feito ao nível do ouvido e volta imediatamente a cabeça quando ouve a voz da mãe. Deve brincar-se com o bebé, colocá-lo sobre os joelhos baloiçando e cantando. Deve-se dar-lhe brinquedos variados e uma cadeira de bebé com jogo (QUINAa, 1991).
Com 6 meses, os bebés passam os brinquedos de uma mão para a outra. Gostam de objectos ruidosos, sendo aconselhadas bolas enfiadas, rocas, argolas musicais, campaínhas, brinquedos de borracha, copos, colheres, tampas.
O bebé com 7 meses de idade gosta de sentar-se e rebola para ficar deitado de costas e ainda, levanta as pernas e agarra os pés e leva-os à boca. Leva as coisas à boca e morde-as com o seu primeiro dente. Aconselham-se os brinquedos de borracha macia que guinchem, “enfiadas”, guizos e muitas “coisas” (QUINAa, 1991).
Brinca diante do espelho e tenta tocar a sua imagem reflectida (NESTLÉ, 1997).
Com 8 meses, o bebé gosta de pôr-se de bruços e fica em pé com ajuda (???? Quadro) Procura os brinquedos que atira fora e sorri com alegria ao ver-se no espelho e ao ver a mãe. Imita aquilo que lhe dizem, devendo-se ter ao seu alcance vários objectos, dois brinquedos que façam barulho em simultâneo, brinquedos fofos. Deve-se conversar e falar-lhe com ternura e alegria (QUINAa, 1991).
Os prazeres dos 9 meses são mover-se, pular e por vezes gatinhar, do mesmo modo que apanha coisas, coloca objectos uns sobre os outros, esticando os braços quando se faz o gesto de pegar nele, também diz “blá blá” (sons cada vez mais articulados) e faz meiguices. O mordiscar uma bolacha , um bolo seco ou um biscoito, alivia as suas gengivas. Deve-se dar-lhe os mesmos objectos do trimestre anterior, bonecos articulados, um espelho metálico, brinquedos presos à cadeira e um lugar que possa explorar com segurança, com espaço para se mexer.
Aos 10 meses, “o bebé gosta de actividades motoras “violentas”: depois de sentado, brinca e inclina-se todo para diante e reergue-se de novo. Apanha um brinquedo que deixou cair; dá pontapés e gosta de virar-se de barriga para baixo ou de lado. Concentra-se a inspeccionar e a utilizar os seus brinquedos. Brinca com uma chávena e finge que bebe com ela. Leva coisas à boca. Gosta de fazer “cu-cu” (tapa e destapa a carita). Imite sons, arranha com as unhas e coloca “coisas sobre coisas”. É conveniente dar ao bebé um quadro para riscar, livros de pano, uma boneca lavável e inquebrável, que possa maltratar a seu gosto. Deve ser chamado pelo nome e deve ser incitado a repetir algumas palavras simples: papá, mamã, oó. Ao mesmo tempo que brinca com ele, está a estimular a sua linguagem.” (QUINAa, 1991).
O bebé com 11 meses precisa de muito espaço para manter a liberdade dos seus movimentos e levantar-se com ajuda ou apoio (QUINAa,1991). Nesta altura, segundo NESTÉ, 1997, o bebé, gatinha por toda a casa o que aumenta o risco de acidente e gosta de comer sozinho com os dedos. Gosta de beber no seu copo, usar os dedos, riscar papéis. Deve-se oferecer-lhe objectos sólidos e coloridos. E é bastante importante continuar a exercitar a sua linguagem e a conversar com ele.
Um bebé de 12 meses aguenta-se de pé e por vezes anda, agarrando-se a qualquer coisa. Começa a querer comer sozinho com a colher. Gosta mais de brincar com vários objectos do que com um só. Aprendeu como se agarra e agora está a aprender como se larga. Deve-se dar-lhe oportunidades de convívio, brincar com ele, convidá-lo a apanhar uma coisa do chão e entregá-la depois (QUINAa, 1991). Já compreende frases simples e diz as primeiras palavras (NESTLÉ 1997).
O bebé de 13 meses tanto gosta de estar de pé como sentado e põe coisas em cima da cabeça, como seja um chapéu. Esconde-se atrás das cadeiras para jogar “onde está o bebé”. Gosta do passeio de carrinho, ir a pé seguro pelas mãos. Aprecia muito os objectos em movimento, como automóveis e bicicletas pois as actividades motoras são importantes e ele aprecia-as. Chora ou grita quando lhe tiram as coisas (QUINAa, 1991).
Com 14 meses, o bebé é incapaz de conter a sua paciência, querendo agarrar as coisas à força e anda sempre com qualquer coisa na mão. Anda, pára, trepa, com maior agilidade e menos dificuldade. Quer comer pela sua mão, pegando com determinação na chávena ou no copo com as duas mãos e leva-os à boca, mas inclina-os excessivamente, entornando o conteúdo.. Deve brincar com uma caixa com molas de roupa para que ele tire e volte a colocar lá dentro, cestinhos cheios com vários objectos, uma pá e um balde (QUINAa, 1991).
A criança com 15 meses interessa-se pelo que vê e pelo que ouve. Sabe dizer o nome de diversos objectos que lhe são habituais. Distingue diferentes brinquedos, diferentes coisas e compreende-lhes o nome. Reconhece-se numa fotografia e, colocado em frente a um espelho, ri com a sua imagem. Começa a imitar gestos e atitudes do adulto. Gosta de agarrar vários objectos ao mesmo tempo e de os atirar ao chão. Gosta muito de brincadeiras ao ar livre. Aprecia o banho e continua a querer pegar no sabão e no toalhete da lavagem. Palra, gesticula. Gosta de brinquedos que encaixem uns nos outros, molas de roupa, colheres, chávenas e bolas (QUINAa, 1991).
Com 16 meses, quando está à mesa tem tendência para exigir tudo o que está à vista. Dá volta à sala toda e mexe em tudo (é necessário pôr as coisas fora do seu alcance). Gosta de despejar caixas, cestos de papéis, de pôr tudo numa desordem e de observar o movimento da rua. Imita as outras pessoas a tossirem, espirrarem e ao apagarem fósforos (QUINAa, 1991).
Com 17 meses, a criança gosta de brincar ao lado de outras crianças, sem se meter nas suas brincadeiras. Brinca com a bola, gosta de guardar coisas em caixotes e arrastar objectos. A sua locomoção é tão forte que anda constantemente a meter-se por todos os cantos: sobe e desce escadas, corre atrás dos outros e gosta que corram atrás dela. São apropriados os brinquedos para encher com água, para martelar, carrinhos para puxar e a presença carinhosa dos adultos (QUINAa, 1991).
Aos 18 meses, o bebé desloca-se com mais facilidade, anda por todo o lado, trepa as cadeiras, abre as portas. Gosta de brincar com carrinhos de puxar, ursos de peluche, panelas, bolas, brinquedos de montar e desmontar; revistas ilustradas, que acaba por rasgar. Os seus períodos de brincadeira são mais frequentes, mas mais curtos (QUINAa, 1991).
Com 19 meses, a criança continua a imitar o adulto. A sua habilidade e desenvolvimento intelectual em progresso permite-lhe aparafusar ou enfiar anéis num pau e encaixar cubos de cor. Está interessada em vestir-se sozinha, ajuda a calçar as peúgas e os sapatos. Precisa de companhia, música e de brincar com o brinquedo que prefere, por vezes até levá-lo para a cama (QUINAa, 1991).
Aos 20 meses gostam de segurar e “levar coisas”. Gostam de dar volta ao botão do aparelho de rádio e ter música para dançar. Olham para os livros de estampa e viram as páginas, designando um ou outro desenho pelos nomes. Quando agarra uma coisa e percebe que não devia ter mexido, foge a correr, deixando-a cair ao meio da corrida (QUINAa, 1991).
A criança de 21 meses começa a ter noção de direito de propriedade, gosta de ter uma prateleira, uma gaveta com as suas coisas. Mexe nas suas coisas e em tudo o que lhe agrada e está ao seu alcance, não se podendo confiar nela. É capaz de chamar o adulto pelo nome, gosta de dizer “meu”, de riscar papel, de música e de muitos objectos (QUINAa, 1991).
Com 22 meses gostam de identificar objectos, ver gravuras, pôr coisas às costas, ir onde os chamam e serem capazes de comer sozinhos. Deve dar-se atenção aos seus desejos, tal como, conversar e brincar com ela e estar sempre vigilante (QUINAa, 1991).
O bebé de 23 meses vive muito activo: trepa na cadeira ou no banco para buscar o que quer, levanta-se da cama, salta, pula, caminha na ponta dos pés e gosta de colocar as coisas e os brinquedos no lugar (o adulto deve ajudar). Entorna menos os alimentos e começa a querer lavar-se, vestir-se e comer sozinho – a ser independente. Deve-se deixar a criança andar à vontade e participar nos trabalhos caseiros (QUINAa, 1991).
A criança de 2 anos atinge um nível de independência bastante bom. Caminha perfeitamente, corre sem cair, sobe e desce sozinho as escadas, pousando os pés em cada degrau. Aprendeu a dizer o nome de várias partes do seu corpo e o de alguns objectos isolados. Dá pontapés na bola e gosta de pular e correr; encher e esvaziar; meter e tirar; de desmanchar e armar. Prefere para as suas brincadeiras comboios, carros, telefones. Gosta de brincar com água, chapinhar e lavar roupa. No banho, ajuda a lavar-se e, por vezes, prefere a esponja ou o toalhete do banho aos brinquedos (QUINAa, 1991).
A criança de 2 anos e meio (30 meses) está a descobrir o seu caminho. É teimosa, hesitante e autoritária ao insistir em determinadas rotinas e gosta que lhe façam as coisas de maneira acostumada. É muito ordenada na arrumação dos seus brinquedos e gosta de encontrar as coisas nos lugares habituais. A linguagem está em grande desenvolvimento pelo que se conversar com ela, mesmo quando está a brincar. Quer muita companhia de outras pessoas, tanto adultos como crianças, mas não é capaz de lidar bem com eles(QUINAa, 1991).
Aos 3 anos, a criança está perfeitamente senhora de si. Procura agradar e obedecer e é sensível aos elogios. Aprendeu a ouvir os adultos e ouve-os para aprender com eles e gosta de fazer representações teatrais ou contar histórias.
É capaz de contar até 3; de comparar dois objectos (o que implica um processo lógico de três fases); é capaz de combinar três cubos para construir uma ponte; combina um traço vertical e um traço horizontal para desenhar uma cruz; é capaz de trocar com outra pessoa o objecto A pelo objecto B; nos jogos e recreios é capaz de esperar pela sua vez.
Concluindo, esta idade assinala um importante marco no processo de desenvolvimento infantil (QUINAb, 1991).
2.2 – DOS 3 – 5 ANOS
A partir dos 3 anos, as alterações do desenvolvimento passam despercebidas (QUINAb, 1991).
Aos 3 anos de idade a criança apresenta uma maturidade psicomotora que lhe permite ter mais agilidade e segurança nos pés, parar de repente e dar voltas apertadas , ou seja, todo o seu sistema de acção funciona de uma forma equilibrada (QUINAb, 1991).
No entanto, a sua actividade motora é muito maior aos 4 anos. É capaz de correr, saltar, pular e trepar. Igualmente, se denota, uma grande capacidade de falar e de criar imagens mentais muito facilmente. No fundo é uma fase de pleno crescimento (QUINAb, 1991)
Segundo QUINAb (1991), “os cinco anos são uma idade nodal, que assinala simultaneamente o termo e o início duma época de desenvolvimento”. Esta criança já mostra como irá ser quando for adulta, apesar de a mãe ser o centro do seu universo. Gosta de brincar às “casinhas”e tem orgulho nas coisas
que gosta e possui e também de ser ensinada.
Nesta idade, predomina a elegância própria e a harmonia, já que o corpo não incomoda e está segura de si.
Nesta faixa etária, a criança explora a vizinhança, corre, escala, anda com velocípede, aprende a andar de bicicleta, brinca com outras crianças, atravessa a rua e esses movimentos precisam ser feitos sob atenta vigilância. Ainda nesta fase as crianças sobem em árvores, ficam em pé em balanços, brincam com mais violência com os brinquedos, bolas pesadas, fósforos e isqueiros, além de experimentarem remédios. Nesta fase, as crianças podem aceitar e responder aos ensinamentos, porém, elas necessitam de protecção.
Verifique as actividades da criança frequentemente. As áreas de brinquedo devem ser examinadas quanto a perigos "atraentes": ferros-velhos, escavações, alagados, mangues, construções, montes de lixo, carros abandonados, prédios abandonados.
2.3 - DOS 6 – 9 ANOS
A criança com seis anos, destingue a mão direita da mão esquerda, realiza tarefas simples em casa, vai para a escola desacompanhada ou espera o transporte escolar sozinha. Tem boa capacidade motora mas ainda pouca consciência dos perigos, e é por essa razão que a educação transmitida pelos pais se torna extremamente importante, uma vez que a criança está constantemente exposta aos vários perigos.
É a partir desta idade que o pequeno ser e segundo a opinião de Sigmund Freud, dedicou maior parte das suas energias para a escola e interacções com o grupo de colegas.
Aos seis anos, a criança explode em energia e constante movimento. Com um tempo de concentração breve, elas iniciam novas tarefas que não conseguem concluir, são autoritárias e sensíveis. Aos sete anos, elas ficam mais quietas que aos seis, mas são mais criativas e gostam de aventuras.
Segundo HAGERMAN citado por HAY (1997), “Para a criança de sete anos, a principal tarefa do desenvolvimento centra-se no rendimento escolar e na aceitação pelos colegas. As expectativas académicas intensificam-se e exigem que a criança se concentre, fique atenta e processe informações auditivas e visuais cada vez mais complexas...”.
Contudo o desenvolvimento dá-se não só a nível da escola mas também a nível do lar e da vizinhança. Relativamente à vizinhança existem riscos como por exemplo ruas movimentadas, indivíduos exploradores e estranhos que põem à prova o bom senso e os recursos das crianças, assim como contribuem para o aumento das habilidades na resolução de conflitos.
2.4 – DOS 10 – 12 ANOS
Dos oito aos dez, são curiosas em relação ao funcionamento das coisas, tem maior autonomia para realizar tarefas. Dos dez aos doze, são intensas, observadoras, acham que sabem tudo, são energéticas, indiscretas e argumentadoras. Querem ser líderes e aceitas nos seus grupos, buscando, muitas vezes, atitudes radicais.
Durante esta faixa etária, em que os filhos estão longe de casa, por vezes durante horas, disciplina e orientação são essenciais. A escola e grupos comunitários partilham de responsabilidade por sua segurança. "Seus filhos estão a participar em equipes desportivas, fazem parte de algum grupo e tentarão algo mais. Podem idolatrar e querer imitar heróis infantis ou uma pessoa mais velha que viva perigosamente". As crianças nessa idade devem assumir alguma responsabilidade por sua própria segurança, porém é aconselhável andar acompanhada até 11 anos.
2.5 – DOS 13 – 18 ANOS

Esta faixa etária é caracterizada por alguns autores como a fase da vida em que já não se é criança mas ainda não se é adulto. É a fase da adolescência
Ser adolescente é viver um período de transição entre criança e adulto. Assim, o indivíduo é criança nos jogos e brincadeiras e é adulto com o seu corpo, com os seus novos sentimentos e suas expectativas de futuro. É um tempo confuso, de contradições, doloroso e de atritos na família, escola e ambiente em que vive, acompanhado também por transformações profundas no corpo, das ideias, sonhos e projectos.
Começando com a puberdade, isto é, com a entrada em funcionamento dos orgãos sexuais – a primeira menstruação nas raparigas e a possibilidade da ejaculação nos rapazes – a adolescência ocorre habitualmente mais cedo nas raparigas a partir dos 10 anos e nos rapazes a partir dos 12 anos de idade (segundo MIGUEL, 1990).
A idade de maturação biológica e psicológica é variável de pessoa para pessoa dependendo de factores pessoais, familiares, educativos, sociais, etc. CARMEN (1986), defende que a adolescência termina quando se atinge a maturidade, isto é, aos 18 anos nas raparigas e aos 20 anos nos rapazes, e a puberdade é um período mais curto, que termina com a maturidade sexual, por volta dos 16 anos. Também nos diz que “nesta fase da vida é extremamente importante e de máximo significado para a formação do futuro adulto que os pais e educadores conheçam muito bem o jovem, para poderem ajudá-lo e compreendê-lo”.
Segundo MIGUEL (1990), “as principais transformações da adolescência são a nível do corpo, nas relações com os pais, com os outros da mesma idade, com os adultos e na forma de encarar o futuro.”
No entanto, existe o desejo de ser aceite e considerado pelos outros, que se manifesta pela preocupação no aspecto exterior – os cabelos, a maneira de vestir, a beleza , a força. A criação de grandes amizades, a inserção em grupos de rapazes e raparigas e o aparecimento da atracção sexual, de paixões e de namoros.
Neste período predomina o sentimento, o adolescente emociona-se com facilidade, qualquer coisa o perturba e cora por isso, sobretudo no que diz respeito às suas modificações a ao seu aspecto físico.
Surgem novos sentimentos como o amor e o ódio, o desprezo e a admiração, a nostalgia e os sentimentos superiores, como a beleza, os sentimentos morais e religiosos.
As amizades costumam ser selectivas e exclusivas pois conhecem a paixão e até os ciúmes.
O final da adolescência ocorre quando o indivíduo começa a assumir as tarefas da idade adulta jovem, que envolvem a escolha de uma profissão e o desenvolvimento de um senso de intimidade que leva, na maioria dos casos, a casar e a ter filhos. Verifica-se a transição na qual o jovem começa a sair de casa e a levar uma vida independente.
3- ESCOLA E ACIDENTES
3.1- DEFINIÇÕES
3.1.1- Escola
Segundo PACHECO (2000), escola é uma instituição social que tem o encargo de educar, segundo planos sistemáticos, os indivíduos nas diferentes idades da sua formação.
Ainda para complementar, tal como nos refere COSTA & MELO (s.d.), escola pode também ser definida como casa ou estabelecimento onde se ministra o ensino.
3.1.2- Acidente
PACHECO (2000) define acidente como um acontecimento repentino, fortuito e desagradável. Pode também dizer-se que acidente é um sucesso repentino ou casual ou, ainda, um desastre (COSTA & MELO, s.d.).
Igualmente, para Gomes [et. al] (2002), o acidente é um “acontecimento inesperado e indesejável, que produz desconforto, danos e fundamentalmente perda de vidas humanas e/ou materiais”.
Também para a OMS (s. d.) cti. in CARDOSO (1997, p.23), o acidente é um acontecimento provocado por uma força externa ao ser humano que age rapidamente provocando um dano corporal ou mental.
Assim, pode-se concluir que o acidente é todo o perigo que ameaça a vida no dia a dia.
3.2- PREVENÇÃO DE ACIDENTES EM MEIO ESCOLAR
Segundo ACSSJR (2003), a prevenção de acidentes é o melhor e, muitas vezes, o único recurso médico disponível para a preservação da saúde de uma criança e, por isso, é importante que elas disponham de atenção para que possam explorar o ambiente em que vivem de forma segura. Além disso, prevenir acidentes e ensinar uma criança a proteger-se de situações de risco são questões que fazem parte do processo de educação e amadurecimento do ser humano. Dessa forma, negligenciar esses procedimentos simples e de fácil execução poderá comprometer de forma irreversível o futuro de seu filho. Deve-se imaginar que as ideias transmitidas desde cedo a uma criança irão contribuir para que ela se torne uma pessoa madura e consciente de seus actos.
Os acidentes matam e incapacitam mais crianças do que qualquer doença humana, e são as principais causas de morte na infância.
Segundo BEHRMAN (1994), existem múltiplos factores de risco que aumentam a possibilidade de acidentes na idade pediátrica, tais como a idade, o sexo, a raça, a condição sócio-económica e o ambiente. Por exemplo as crianças mais novas estão mais sujeitas a acidentes por quedas, queimaduras ou até afogamentos enquanto nas crianças maiores já são acrescentados os venenos à lista, tais como os acidentes envolvendo qualquer tipo de veículos.
As queimaduras relacionam-se com o baixo nível sócio-económico sendo a sua probabilidade tanto maior quanto mais baixo este.
São mais frequentes nas crianças do sexo feminino do que nas do sexo masculino, segundo THOMPSON (1996), a explicação para esta diferença é que as meninas brincam mais dentro de casa, imitando as actividades do seu sexo, como por exemplo cozinhar no fogão.
Ainda segundo o mesmo autor, qualquer superfície quente representa um perigo potencial, dada a capacidade da criança para trepar, esticar, e explorar tudo à sua volta. Por exemplo, um tipo de escaldamentos que são muito frequentes são provocados quando a criança puxa para si cabos de panelas que conseguiu alcançar, daí que seja muito importante voltar os cabos das panelas para a traseira do fogão.
Segundo BEHRMAN (1994), os escaldamentos são menos mortais do que as queimaduras por chama, contudo requerem muitas vezes hospitalizações longas, múltiplos procedimentos cirúrgicos e desfiguramento intenso. O risco de queimaduras em espessura completa aumenta geometricamente em temperaturas acima de 54,5ºC a 65.5ºC sendo capaz de se produzir uma queimadura de espessura completa em apenas dois segundos. Uma manobra preventiva simples e eficaz, seria a de reduzir o ajuste da temperatura do aquecedor da água para 51,5ºC.
Outro tipo de queimaduras muito frequentes e que são a maior causa de internamentos de crianças por queimaduras são os escaldamentos por alimentos quentes, daí que seja necessário ter atenção à temperatura dos mesmos.
Ainda segundo BEHRMAN (1994), quanto às mortes por incêndio estas ocorrem mais em locais particulares, sendo que 60% destas são causadas por asfixia por fumo. Os detectores de fumo são um método barato e constituem uma forma eficaz de prevenir a maior parte destas mortes, estes já são obrigatórios em casas recém construídas em alguns países.
A colocação de grades protectoras em lareiras, radiadores, aquecedores e outras fontes de calor é também um meio simples e eficaz de prevenir as queimaduras. Da mesma forma também objectos como velas, cigarros, ferro de engomar entre outros, devem ser mantidos fora do alcance da criança.
As queimaduras por electricidade também são um perigo real, pois a criança facilmente manipula objectos pequenos que são condutores da electricidade, a criança não deverá manipular objectos eléctricos devido ao risco inerente.
Outro aspecto muito importante e tendo em vista a prevenção das queimaduras é o de manter fósforos e isqueiros fora do alcance das crianças.
As queimaduras solares também são um aspecto muito importante, tendo em conta a maior fragilidade da pele das crianças, por tanto quando se trata de exposição ao sol as crianças merecem cuidados redobrados.
Uma consequência grave da exposição prolongada ao sol é a insolação, que poderá levar a lesões cerebrais e musculares, insuficiência renal e até coma e morte, devendo-se então ter muito cuidado com o sol.
Segundo IOS (1999):
· Deve-se evitar a exposição ao sol entre as doze e as dezasseis horas;
· Usar chapéu e não ficar muito tempo parado;
· Procurar a protecção de uma sombra;
· Utilizar um protector solar adequado de acordo com o tipo de pele;
· Beber muitos líquidos, especialmente água e manter o corpo fresco;
· Após o banho a água deverá evaporar naturalmente não se devendo secar com a toalha.
O seguinte quadro mostra a relação existente entre a causa da queimadura, o número de casos e a hospitalização.
Este quadro refere-se a casos que recorreram à urgência hospitalar. A fonte não especificava o período de estudo nem o hospital abrangido pretendendo-se apenas realçar a comparação entre causa, casos e hospitalização.
A investigação de substâncias tóxicas é muito frequente nos primeiros anos de vida. Segundo dados recentes, as mortes por intoxicação têm diminuído nos últimos anos.
As intoxicações devem-se principalmente ao hábito de levar coisas à boca, este hábito é perigoso, pois todas as substâncias não alimentares são potencialmente nocivas.
A criança em idade pré-escolar e escolar, consegue atingir lugares altos, sendo por vezes necessário testar se ela consegue abrir armários altos. Deve-se desafia-la a abri-los por forma a detectar eventuais falhas no sistema e prevenir o pior. Assim alguns comportamentos a adaptar para prevenir intoxicações são:
· Guardar substâncias potencialmente perigosas e tóxicas em armários fechados á chave e fora do alcance das crianças;
· Recolocar os medicamentos e venenos imediatamente no seu lugar após a sua utilização;
· Administrar os medicamentos com drogas e não como doces e evitar ter grandes reservas destes em casa;
· Deitar fora qualquer frasco de veneno vazio;
· Não reutilizar embalagens alimentícias com produtos de limpeza, é ainda um grande causador de intoxicações entre as crianças, muito fascinadas pelas texturas e cores chamativas dos detergentes, champôs e água sanitária;
· Nunca retirar o rótulo de frascos que contenham substâncias toxicas;
· Saber quando e como utilizar o xarope de ipeca, que só se deverá utilizar após consultar o pediatra ou outra entidade competente;
· Conhecer o numero de telefone do centro de tratamento de intoxicações mais próximo e ensinar a criança a reconhecer os símbolos dos tóxicos.
Prevenção de Quedas
Segundo THOMPSON (1996), as quedas ainda constituem um perigo real para as crianças, contudo com o aumento da idade as habilidades motoras vão aumentando e a frequência das quedas vai-se tornando cada vez menor.
Com o aumento da idade as quedas de escadas, da cadeira, ou através de janelas são cada vez menos frequentes, ao passo que as quedas nas áreas e espaços especialmente concebidos para brincar vão aumentando.
São muitas as crianças que por dia em Portugal recorrem a um serviço de urgência devido a ferimentos causados durante as suas brincadeiras em espaços concebidos para esse efeito, mas mal planeados com pavimentos desadequados e por vezes com equipamento de má qualidade ou degradado. A maior parte desses ferimentos seriam evitados se existisse uma melhor concepção e manutenção dos espaços. Por exemplo os assentos dos baloiços devem ser de plástico, lona ou borracha e nunca de madeira, os cantos devem ser lisos e arredondados; os escorregas nunca devem ter uma inclinação superior a trinta graus e o pavimento deve ser de matéria orgânica que deverá ser substituída á medida que se for pulverizando.
Torna-se então essencial ensinar á criança as precauções a ter nas áreas de brincar, tais como, manter-se afastada dos baloiços em movimento por exemplo e não subir a escorregas muito altos.
O vestuário também pode contribuir para o aumento das hipóteses de queda; os sapatos e meias escorregadias, ou os sapatos de borracha que deslizem no chão ou na carpete e até as calças soltas podem facilmente ser factores causadores duma queda. Os atacadores dos sapatos devem estar sempre bem atados pois também podem facilmente causar uma queda.
Então e segundo THOMPSON (1996), alguns factores a ter em conta além dos já referidos são:
· Colocar tapete anti-derrapante na banheira;
· Manter a criança restringida dentro de transportes, e nunca a transportar na traseira de veículos de caixa aberta por exemplo;
· Supervisionar a criança nas áreas de brincar;
· Examinar roupa e calçado da criança;
· Atenção ao risco dos pisos encerados e dos tapetinhos, comuns nas casas dos idosos e um perigo tanto para eles quanto para as crianças.
Segundo THOMPSON (1996), a criança pequena não consegue remover as sementes da fruta ou as espinhas de peixe como faz uma criança de maior idade, sendo necessário fazer estas tarefas por ela pois esta facilmente coloca qualquer coisa na boca mesmo que não seja alimento, havendo ainda o risco de engolir pedaços grandes de alimentos ou mesmo alimentos não mastigados.
Os brinquedos devem ser seleccionados ao máximo, tendo sempre presente o perigo que representam as peças mais pequenas, porque poderão facilmente serem engolidas e causar um acidente potencialmente letal por asfixia.
Felizmente a morte por asfixia não é das mais frequentes em crianças, todavia ainda acontecem com alguma frequência principalmente devido a alimentos tais como cachorros quentes, nozes ou até uvas.
Devido a esta realidade torna-se necessário adoptar medidas preventivas como por exemplo:
· Evitar fornecer à criança pedaços grandes de alimentos ou alimentos muito duros;
· Evitar dar frutas com sementes, peixe com espinhas, nozes e pastilhas pois é preciso uma certa prática para mascar pastilhas sem as engolir.
· Os brinquedos a escolher devem ser grandes e resistentes, sem arestas pontiagudas ou pequenas peças removíveis;
· As caixas dos brinquedos devem ser seguras e não ter tampas pesadas ou dobradiças.
· Atenção ás crianças que engolem moedas. A "síndrome do cofrinho", considerada muito engraçada por alguns pais não informados, pode causar grandes transtornos intestinais. O tratamento, na verdade, é mais doloroso e traumático do que o acidente em si. Para retirar uma moeda do aparelho digestivo de uma criança, é necessário que esta seja levada em jejum para o hospital, que tome anestesia geral e que faça uma endoscopia;
· Não permita que seu filho brinque em escavações.
As crianças até aos 10 anos ainda são muito desajeitadas nas suas actividades, podem se ferir facilmente enquanto seguram um objecto pontiagudo ou cortante nas mãos ou então quando levam algum objecto deste tipo ou até a colher à boca.
Deve-se evitar fornecer à criança objectos que pelas suas características possam representar algum tipo de perigo para a mesma, principalmente se estiver a caminhar ou a correr. Se tal não for possível deve-se ensiná-la que ao segurar um objecto como faca ou tesoura o deve fazer com o extremo pontiagudo afastado do rosto e de si.
Os equipamentos “inocentes” que muitas vezes os pais possuem em casa como por exemplo peças de jardinagem ou de oficina, que parecem não representar qualquer tipo de perigo, podem de um momento para o outro quando menos se espera ser a causa de uma infecção, amputação ou até morte, daí que devem ser guardados em armários trancados. De preferência não tenha armas de fogo. Não guarde nunca carregada. Guarde a munição separadamente.
Outra forma de evitar as lesões corporais nas crianças, visto que estas adoram animais, muitas vezes subestimando o perigo que deles pode advir, é alertá-las para o perigo que animais não vigiados ou até de estimação podem constituir. De preferência não tenha animais, principalmente até a criança atingir os 5/6 anos. Lembre-se: os animais são irracionais. Não permita que seu filho acaricie cachorro e animais estranhos. Ensine seu filho a nunca provocar um animal. Não permita que sua criança retire alimentos ou brinque com um animal enquanto ele está comendo.
A prevenção de acidentes em meio escolar é, essencialmente uma tarefa conjunta de pais e professores/educadores.
Assim, deve ter-se me conta algumas regras básicas, como:
- não permitir que uma criança com idade inferior a 7 anos execute saltos de trampolim, por perigo de paralisia dos membros;
- prevenir a criança para os perigos em parques de diversões;
- certificar-se que haja supervisão adequada na prática de desportos;
- evitar a exposição prolongada ao sol entre 11 e 14 horas, para a prática desportiva, por exemplo (o ideal é até as 10 e após as 15 horas);
- ensinar e dar o exemplo, a respeito das regras de trânsito e do uso do cinto de segurança;
- os pais devem ensaiar com as crianças o trajecto para a escola e o uso de autocarro;
- evitar a saída atrasada de casa, pois a criança apressada expõe-se a maiores perigos;
- usar bicicletas de tamanho apropriado e equipamentos de segurança;
- usar sapatos quando andar de bicicleta;
- não transportar passageiros na bicicleta.
Por isto, a prevenção dos acidentes cabe ao adulto que toma conta da criança através da prudência e vigilância.
4 – EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE
4.1 – PAPEL DO ENFERMEIRO NA PREVENÇÃO DE ACIDENTES
A prevenção dos acidentes na infância pode e deve ser instituída. O termo "acidente" implica a sua imprevisibilidade, e embora seja certo que as lesões não tenham maior probabilidade de ocorrer do que as doenças, estar atento para as situações de risco pode evitar perdas irreparáveis.
Independentemente das idades que as crianças possam ter, o perigo continua a espreitar sendo necessário tomar as precauções na devida altura.
Torna-se então necessário estar devidamente preparado para poder informar e educar de maneira conveniente, de modo a prevenir os acidentes e contribuir para uma sociedade mais saudável e feliz.
Cada idade tem os seus riscos, que estão inerentes ao crescimento e desenvolvimento da criança.
A maioria dos acidentes acontecem em casa ou perto dela. A ida de casa para o jardim de infância ou creche constitui um grande passo em direcção à independência e autonomia da criança. Esta, nesta idade ainda se está a adaptar ao mundo exterior e a saída de casa pode ser um aspecto muito perturbador na vida da criança (THOMPSON, 1996).
Ainda segundo o mesmo autor, o jardim de infância deve estimular a imaginação e criatividade da criança, possuir brinquedos adaptados para cada idade, interagir com os pais e ter educadores com formação especializada para lidar com crianças.
Sendo assim o jardim de infância é um importante meio de educação das crianças tendo em vista a prevenção dos acidentes, visto ser a partir do momento em que entram para o mesmo que adquirem uma maior autonomia, e por conseguinte se sujeitam a um maior leque de perigos.
Segundo THOMPSON (1996), as estatísticas referentes a acidentes, confirmam a gravidade deste problema, é maior o numero de crianças que morrem em consequência de acidentes do que em decorrência das sete seguintes causas de morte combinada. Além disso, a incidência de acidentes tem-se mantido relativamente inalterada, ao passo que a incidência das outras causas de morte combinadas tem diminuído.
Dada a realidade, podemos concluir que a educação dos pais e crianças, assim como a protecção das mesmas, são elementos chave na luta contra os acidentes, devendo-se então adoptar medidas, a vários níveis.
PARTE II – INVESTIGAÇÃO EMPÍRICA
1 - METODOLOGIA
Após a elaboração da fundamentação teórica chega-se à fase metodológica.
Existem dois grandes tipos de pesquisa: pesquisa qualitativa e quantitativa (LOBIONDO-WOOD e HABER, 2001). Esta é quantitativa, visto utilizar dados numéricos para obter informações e descrever. Trata-se de um estudo descritivo retrospectivo, visto que, é efectuado um recúo no tempo na obtenção dos dados.
Optou-se por este tipo de análise, uma vez que se pretende garantir a exactidão dos dados e evitar distorções de análise e interpretação.
1.2 – AMOSTRA POPULACIONAL
Uma população é, segundo FORTIN (1999), um conjunto de elementos ou sujeitos que partilham características comuns.
Depois de delimitada a população, nem sempre é possível recolher informações sobre a totalidade do universo. Assim sendo, o ideal será estudar uma amostra representativa da população (QUIVY, 1998).
Então, a amostra é uma parte da população que a representa e que nos dá confiança de nela generalizar o que foi observado.
Assim sendo, para representar a população de crianças em idade escolar do concelho de Mangualde, foram seleccionados aqueles que recorreram ao SAP do Centro de Saúde de Mangualde.
Por conseguinte, a amostra do nosso estudo é constituída por 123 crianças com idades compreendidas entre 1 e 18 anos.
1.3 – INSTRUMENTO DE COLHEITA DE DADOS
O instrumento de colheita dos dados foram
2- APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
1. Mês
Analisando a tabela seguinte, verifica-se que o mês em que ocorrem maior número de acidentes é o de Maio (18,7%), com 23 relatados nos registos consultados. De seguida, aparece o mês de Outubro, com 18 (14,6%).
Já nos meses de Fevereiro, Março e Setembro as percentagens igualam-se com 12 acidentes. Seguidos de perto pelos meses de Junho, Abril e Dezembro com 8,9%, 8,1% e 8,9%, respectivamente.
Julho foi o mês em que apenas ocorreu um acidente (0,8%).
TABELA 3 – Distribuição do número de acidentes de acordo com o mês

Mês

Nº de acidentes

%
Janeiro 7 5,7
Fevereiro 12 9,8
Março 12 9,8
Abril 10 8,1
Maio 23 18,7
Junho 11 8,9
Julho 1 0,8
Setembro 12 9,8
Outubro 18 14,6
Novembro 6 4,9
Dezembro 11 8,9
Total
123 100,0
2. Sexo
Relativamente ao sexo, a distribuição é bastante homogénea, pois a percentagem de raparigas que sofreram um acidente (48,0%), é próxima da percentagem de rapazes, com 52,0% de casos.
TABELA 4 – Distribuição do número de acidentes de acordo com o sexo

Sexo


Nº de acidentes

%
Feminino 59 48,0
Masculino
64 52,0
Total
123 100,0

3. Idade
Na tabela, em baixo, pode-se ver que a faixa etária com maior frequência de casos descritos é a dos 10 -12 anos
TABELA – Distribuição do número de acidentes de acordo com a idade

Faixa etária

Nº de acidentes
%
[0 – 3[ 5 4,0
[3 – 5]
8 6,4
[6 – 9]
13 10,7
[10 -12]
51 41,4
[13 – 18]
45 36,5
Desconhecida
1 0,8
Total
123 100,0

4. Mecanismo
Na tabela, em baixo, verificam-se os mecanismos que estiveram na base dos diversos acidentes.
No que respeita ao mecanismo do acidente, verifica-se que a queda é o mais referido, com 60,2%.
O mecanismo colisão surge como o 2º mais apontado (16,3%), seguido da agressão com 8,9%.
TABELA 6 – Distribuição do número de acidentes de acordo com o mecanismo

Mecanismo de Acidente

Nº de acidentes

%
Queda 74 60,2
Corte 3 2,4
Colisão 20 16,3
Intoxicação 2 1,6
Exposição térmica 1 0,8
Agressão 11 8,9
Bolada 6 4,9
Acidente de desporto 3 2,4
Picadela 1 0,8
Desconhecido 2 1,6
Total 123 100,0
5. Tipo de lesão
De acordo o registo de acidentes os tipos de lesão mais frequentemente identificados são apresentados na tabela a seguir.
Analisando o tipo de lesão, constata-se que a contusão / equimose é o mais frequente (40,8%). Já a ferida apresenta 22,0% dos casos.
TABELA 7 – Distribuição do número de acidentes de acordo com o tipo de lesão


Tipo de Lesão

Nº de acidentes

%
Contusão/
equimose
59 48,0
ferida
27 22,0
fractura
7 5,7
luxação
3 2,4
entorse
15 12,2
intoxicação
2 1,6
queimadura pelo calor
1 0,8
contusão e ferida
2 1,6
contusão e fractura
4 3,3
contusão e luxação
1 0,8
fractura ou luxação
2 1,6
Total
123 100,0

6. Parte do corpo afectada
A parte do corpo mais envolvida é a cabeça (34,1%), logo seguido em pelos membros superiores e inferiores (32,5% e 24,4%, respectivamente).
TABELA 8 – Distribuição do número de acidentes de acordo com a parte do corpo afectada

Parte do corpo afectada

Nº de acidentes

%
Cabeça 42 34,1
região torácica 4 3,3
região lombar 3 2,4
membros inferiores 30 24,4
membros superiores 40 32,5
região sagrada 1 0,8
cabeça e região lombar 1 0,8
desconhecida 2 1,6
Total 123 100,0
7. Local de acidente
No meio escolar, o local em que se verifica uma frequência superior de acidentes é no recreio da escola, com 51,2% do total de casos.
O segundo caso mais assinalado é a aula de educação física com 30,9%.
TABELA 9 – Distribuição do número de acidentes de acordo com o local do acidente


Local do acidente

Nº de acidentes

%
recreio da escola 63 51,2
aula de educação física 38 30,9
sala de aula 16 13,0
exterior imediato à escola 6 4,9
Total 123 100,0

Verificou-se a falta de informação descritiva sobre os acidentes, mais concretamente ao que provocou as lesões, assinalando o que correu mal com eventuais produtos envolvidos.
No que respeita aos resultados obtidos, pode-se afirmar que:
► quanto à distribuição dos acidentes por sexo, verifica-se uma percentagem ligeiramente superior de registos no sexo masculino ( 52,0%) comparativamente com o sexo feminino ( 48,0%).
► o grupo etário mais representado foi o de




3- CONCLUSÃO

Após a realização deste trabalho, pensamos ter atingido os objectivos a que nos propusemos e que nos foram propostos. Procuramos elaborar o trabalho duma forma interessante, com rigor científico e com clareza de modo a permitir uma fácil consulta por aquele que o venham a consultar assim como uma rápida aquisição de conhecimentos.
Pretendemos com a realização deste trabalho salientar a importância de certos comportamentos que devem ser adoptados pelo indivíduo (criança), família e comunidade tendo em vista prevenção de acidentes, sendo para isso necessário uma mudança de atitudes em muitos aspectos.
Como diz o Zé povinho, «mais vale prevenir do que remediar». Com a certeza de que a prevenção é sem qualquer dúvida a melhor forma de nos mantermos sãos e darmos o nosso contributo para a sociedade.
Para que a prevenção seja eficaz é preciso muito empenho por parte dos profissionais de saúde e das pessoas com que lidam pois sem esforço não há resultados. A prevenção deve começar a ser aplicada logo desde o nascimento e durar por toda a vida, e deve existir a consciencialização de que as coisas não acontecem só aos outros e que nós a cada dia que passa caminhamos ao lado da nossa ruína, ao prevenir esperamos que ela apenas caminhe ao nosso lado e não nos dê a mão.
Cabe principalmente aos pais o papel de prevenir os acidentes com os filhos de modo a contribuir para a felicidade mútua tanto de pais como de filhos.
Os acidentes com as crianças podem ser evitados e isso só depende de cada um de nós.
As crianças estão sujeitas aos mais diversos tipos de acidentes e o seu controle é uma questão de saúde pública, dado o elevado número de vidas abreviadas e invalidadas. Assim, prevenir os acidentes é uma questão de informação e de atenção de pais, educadores e de todos aqueles que zelam pela infância.

BIBLIOGRAFIA

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Pediátrica. 6ª ed., Porto Alegre: Artes Médicas, 1996.
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  • QUINAb, Isaura Pais, - A criança dos 3 aos 5 anos. 3ª edição, Lisboa: ELO, 1991.
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  • PACHECO, Rui – Diciopédia 2000. Porto Editora Multimédia, 2000.
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