No âmbito do Ensino Teórico, na disciplina de Saúde na Comunidade II, sendo um dos objectivos da mesma a realização de um trabalho, foi-nos proposto desenvolver a temática Saúde Ocupacional. Entendemos ser um tema pertinente pois este é um dos pontos programáticos da disciplina, mas também pelo facto de com a elaboração deste trabalho, uma vez que pressupõem a reflexão sobre a aplicação da temática à realidade do Centro de Saúde onde decorreu o nosso último Ensino Clínico – Centro de Saúde de Tondela, poderemos concluir acerca do trabalho desenvolvido nesta área no Centro de Saúde, ou pelo menos da pertinência do desenvolvimento do mesmo.
A Organização Mundial de Saúde (OMS), em 1947, definiu saúde como “um estado de completo bem-estar físico e psicológico e não apenas a ausência de doença ou incapacidade” tendo estabelecido como sua grande meta “saúde para todos no ano 2000”. Actualmente, sabemos que a saúde individual e colectiva depende de vários factores, nomeadamente da biologia humana, dos factores meio-ambientais e do estilo de vida que adoptamos. Este último factor é, nas sociedades desenvolvidas, o mais decisivo ao nível da saúde das populações.
Os Cuidados de Saúde Primários são o pilar central do sistema de saúde pois é o primeiro acesso do utente aos cuidados de saúde. Assim, os cuidados de saúde primários devem ser acessíveis, adequados, efectivos, eficientes, sendo ainda importante que respondam às expectativas/necessidades dos cidadãos e profissionais: melhores cuidados e melhor saúde para todos.
A Saúde Ocupacional, tem como finalidade: fomentar ao mais alto nível de bem-estar físico, psíquico e social dos trabalhadores em todas as suas profissões; prevenir todas as alterações destes pelas condições de trabalho; protegê-los no seu emprego contra os riscos de saúde; colocar e manter os trabalhadores num posto que convenha às suas aptidões fisiológicas e psicológicas, adaptando o trabalho ao Homem. Neste sentido, as suas principais actividades centram-se na:
· Prevenção, identificação, avaliação e controlo periódico dos riscos;
· Promoção e vigilância da saúde e segurança no meio do trabalho;
· Adaptação do posto de trabalho (equipamentos, máquinas, instrumentos…) ao trabalhador que aí exerce a sua actividade;
· Formação e informação sobre os diversos aspectos da saúde, os riscos profissionais, bem como as medidas de prevenção e protecção.
Ao enfermeiro foi atribuída a função de cuidar e como o enfermeiro do trabalho muitas vezes é o único prestador de cuidados de saúde às populações trabalhadoras, as suas acções centram-se na promoção, manutenção e protecção da saúde. Assim, o enfermeiro do trabalho tem um papel fundamental na prestação de cuidados de saúde primários; controlo de emergências; aconselhamento/apoio relacionado com problemas de saúde no trabalho e em geral.
Para a elaboração deste trabalho definimos como principais objectivos a alcançar:
· Definir Saúde Ocupacional;
· Perceber qual a importância/papel da Enfermagem no Trabalho;
· Definir Ergonomia, identificando as suas áreas de intervenção;
· Concluir acerca da importância do correcto uso dos dispositivos de protecção individual de forma a evitar os acidentes de trabalho ou pelo menos diminuir as suas consequências;
· Demonstrar a importância da Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho;
· Identificar a importância da Saúde Ocupacional nos Centros de Saúde;
· Concluir acerca do trabalho desenvolvido nesta área no Centro de Saúde de Tondela;
· Apresentar, de forma sucinta um exemplo prático da aplicação da Saúde Ocupacional numa empresa.
Por forma a facilitar a realização e compreensão do trabalho, para além da Introdução e Conclusão, decidimos subdividi-lo em quatro capítulos principais. No primeiro, segundo e terceiro abordaremos a Saúde Ocupacional; Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho e Ergonomia, respectivamente, no quarto e quinto , por sua vez, demonstraremos a importância da sua aplicação no âmbito de uma empresa e da necessidade da existência de colaboração por parte dos centros de saúdes na mesma.
Para a elaboração do trabalho a metodologia seguida baseou-se na consulta e análise da bibliografia que considerámos importante para o efeito. Foi ainda fundamental, a colaboração prestada pelas docentes desta escola, Isabel Bica e Ana Andrade, assim como da Enfermeira Fernanda que estabeleceu o elo de ligação com a empresa abordada no âmbito da Saúde Ocupacional.
2 - Saúde Ocupacional
O trabalho é uma característica do Homem como ser social impregnando-se nas 24horas do seu dia. É através do trabalho que o Homem transforma a natureza de modo a obter os bens necessários para a sua sobrevivência/reprodução.
A Saúde no Trabalho é um aspecto fundamental para todo e qualquer ser humano pois o trabalho implica gasto físico, nervoso, afectivo e psíquico e como tal esta não se limita, nem poderia limitar-se à vigilância médica do estado de saúde dos trabalhadores. Quando falamos em Saúde no Trabalho é importante ter presente que esta engloba disciplinas como a Medicina Ocupacional; a Enfermagem do Trabalho; a Epidemiologia; a Ergonomia; a Psicologia do Trabalho, entre outras.
Quer a saúde, quer a satisfação dos utilizadores dos serviços de saúde, estão condicionados, por vários aspectos, de entre os quais se salientam os Cuidados de Enfermagem, uma vez que são uma constante no processo de acolhimento, tratamento, ensino, e readaptação desses utentes.
Assim, importa ter presente os principais componentes do trabalho:
O trabalhador – entendido como ser bio-psico-social e espiritual inserido num meio laboral, existindo inúmeros factores que condicionam o seu desempenho e consequentemente a qualidade do seu trabalho, tais como: o estado de saúde do trabalhador; a competência para a função que desempenha; a motivação/satisfação no trabalho;
O local de trabalho – entendida como a estrutura física onde o trabalhador desenvolve a sua actividade, onde existem os chamados Factores de Risco Laboral: factores de risco físico; factores de risco biológico; factores de risco ergonómico; factores de risco psicossocial;
A organização do trabalho – envolve os métodos e processos de trabalho; mas também os horários, ritmos e pausas; a monotonia, a repetitividade.
A enfermagem de saúde no trabalho consiste na aplicação dos princípios e procedimentos de enfermagem com a finalidade de promover, conservar e restaurar a saúde de indivíduos e grupos nos seus locais de trabalho, contribuindo, assim, para o seu bem-estar e óptimo desempenho.
O leque de funções e actividades dos enfermeiros em saúde no trabalho depende de vários factores, nomeadamente: tipo de empresa; ramo de actividade, riscos presentes e potenciais; população alvo; recursos internos e externos; tipo de serviços a prestar; regulamentos internos, entre outros. Assim, ao serem definidas, pelos profissionais de enfermagem, quais as funções que deverão exercer em determinada empresa é deveras importante reflectir sobre qual a filosofia e política que preside na empresa, qual a dinâmica intersectorial existente e ainda sobre as preocupações do empregador (competência, produtividade, capacidade rendimento, eficácia, etc.) e preocupações dos empregados (saúde/doença, acidente, segurança, incapacidade, etc.).
É essencial que as administrações e as chefias estejam informadas e entendam o papel da enfermagem do trabalho. Os enfermeiros terão de definir, com a equipa (onde a presença de um ou mais representantes dos trabalhadores com elementos integrantes, é essencial), qual a sua acção.
Internacionalmente e para os enfermeiros portugueses, é aceite neste momento como campo de acção para a enfermagem do trabalho em termos de funções/actividades, as seguintes:
1) Promoção da saúde e qualidade de vida individual e do grupo:
· Processo de enfermagem;
· Educação de saúde e segurança;
· Relação de ajuda;
· Aconselhamento;
· Contributo para a criação de ambientes salubres e seguros;
· Fomento de relações pessoais e profissionais saudáveis;
· Participação em planos de preparação para a reforma.
2) Prevenção de doenças e acidentes:
· Imunizações;
· Vigilância da saúde;
· Avaliação da saúde, indicadores de saúde e de segurança;
· Identificação dos factores de risco;
· Cursos de primeiros socorros;
· Planeamento de emergências;
3) Prestação directa de cuidados de enfermagem clínica:
· A trabalhadores com doença ou acidentes de trabalho;
· A trabalhadores/ doentes/ acidentados fora do trabalho.
4) Participação na reinserção e reabilitação do trabalhador doente ou acidentado.
5) Gestão e Administração do Serviço de Enfermagem do Trabalho:
· Política coordenada;
· Recursos humanos;
· Recursos materiais;
· Orçamento;
· Regulamentos internos;
· Legislação;
· Planeamento;
· Relatórios e registos;
· Avaliação do funcionamento;
· Ética.
6) Investigação em Enfermagem do Trabalho:
· Inquéritos;
· Estudos epidemiológicos;
· Pesquisa, estudo e aplicação de resultado.
7) Trabalho de equipa:
· Preparação comum (mesmos objectivos);
· Trabalho com a administração, com os representantes dos trabalhadores, com os técnicos, com todos os sectores da empresa e com organizações exteriores;
· Avaliações periódicas do trabalho de equipa enquanto tal.
8) Participação na formação em Enfermagem do Trabalho:
· Abertura do serviço com campo de estágio, de investigação e outros estudos;
· Visitas de estudo;
· Colaboração em aulas e palestras.
Assim, a enfermagem do trabalho para ser bem sucedida deve ter sempre presente/ desenvolver os seguintes campos/aspectos:
· Comunicação;
· Prestação de informações e ou orientações;
· Observação, apreciação/identificação, execução e avaliação dos cuidados;
· Técnica de solução dos problemas;
· Educação para a saúde e segurança;
· Investigação aplicada;
· Planeamento organização e gestão;
· Aplicação de técnicas de rastreio, monitorização, mediação, avaliação;
· Rentabilidade;
· Formação permanente e contínua.
No capítulo cinco deste trabalho abordaremos, mais em particular, o papel/importância da saúde ocupacional nos centros de saúde.
3- ERGONOMIA
A palavra Ergonomia vem do grego: ergon = trabalho e nomos = legislação, normas. De forma sucinta, pode ser definida como a ciência da configuração de trabalho adaptada ao homem. O alvo desta ciência é o desenvolvimento de bases científicas para a adequação das condições de trabalho às capacidades e realidades da pessoa que trabalha.
Como ciência, a Ergonomia tem 40 anos, mas os seus efeitos são tão antigos quanto o Homem, pois este, como já foi referido, passa grande parte do seu dia a trabalhar.
Nas suas primeiras quatro décadas, a Ergonomia diversificou-se, contudo o seu interesse básico permaneceu o mesmo, pois sempre se procurou a optimização de um sistema pela adaptação das condições de trabalho às capacidades e necessidades do Homem.
A Ergonomia é uma ciência multidisciplinar, pois fundamenta-se em diferentes domínios do saber, constituindo uma unidade estrutural que permite estabelecer uma coerência alicerçada nos seus métodos de intervenção.
A evolução da Ergonomia desenrolou-se em etapas consequentes das necessidades de resolução dos problemas laborais, inicialmente equacionados numa perspectiva mecanicista e simplista em que o Homem constituía apenas uma peça da engrenagem produtiva a ser maximizada. Actualmente, as novas tecnologias associadas nas novas condições de realização do trabalho são responsáveis por condições de trabalho muitas vezes gravosas para os trabalhadores. É precisamente neste aspecto que a ergonomia centra a sua atenção, na compreensão da interacção do trabalhador com os elementos de uma situação de trabalho, tendo em vista, tal como já foi referido, a optimização de acordo com critérios de segurança e saúde, ao mesmo tempo que promove a eficiência do sistema produtivo.
Em Portugal, a formação em Ergonomia existe a diversos níveis, como disciplina, nos planos de estudos dos cursos de Licenciatura, Mestrado e Pós-Graduação em áreas de conhecimento diversificadas, tais como a Engenharia, a
Arquitectura, a Medicina do Trabalho, entre outras. Por norma esta formação está associada à sensibilização dos profissionais para a importância desta ciência.
3.1 - Intervenção Ergonómica
A intervenção ergonómica pode realizar-se, quer na adaptação de sistemas de trabalho já montados e em funcionamento, quer na introdução, em fase de projecto, de todas as questões relacionadas com as capacidades/aptidões humanas e modos de funcionamento do sistema laboral, sendo assim possível solucionar eventuais disfuncionamentos. Assim, dependendo do contexto/âmbito de intervenção existem aspectos fundamentais que a Ergonomia utiliza para estruturar a sua intervenção, que são:
· O Homem – nas suas características físicas, cognitivas, sociais, competências e motivação na interacção com o meio;
· O Envolvimento Físico – englobando as dimensões dos espaços, as características das máquinas, mobiliário;
· O Envolvimento Ambiental – inclui a temperatura, o ruído, a iluminação, as vibrações, os gases, as poeiras;
· O Envolvimento Comunicacional e/ou Informacional – referente às informações apresentadas, comunicações existentes dentro do sistema e consequências no decurso do processamento e tomada de decisão;
· O Envolvimento Organizacional – integra aspectos relacionados com horários, turnos, equipas, ritmos, autonomia e responsabilização dos trabalhadores;
· Os Modos Operatórios – estratégias colocadas em jogo pelo Homem no decorrer da interacção com os elementos do sistema;
· As consequências para o sistema – traduzem-se na produtividade, nomeadamente a nível da quantidade e qualidade do produto final;
· As consequências para o utilizador ou trabalhador – em termos de fadiga, problemas físicos, psicológicos ou sociais decorrentes de condições inadequadas de interacção.
Assim, podemos afirmar que os domínios abrangidos pela Ergonomia, têm sido definidos como os aspectos fisiológicos, anatómico e psicológico do Homem no seu ambiente de trabalho.
3.2 - Ergonomia nos postos de trabalho
Toda e qualquer actividade física do homem põe em acção determinados grupos de músculos suportados pela nossa estrutura óssea, quer se trate de tarefas dinâmicas, exigindo movimentos regulares mais ou menos acentuados e contracções e relaxamentos dos músculos respectivos, quer se trate de tarefas estáticas em que apenas se dá contracção.
Estas contracções mais ou menos acentuadas, no exercício de uma actividade, originam a maior ou menor prazo fadiga muscular, a qual pode ser agravada por certos factores como uma postura física inadequada.
A especificidade de cada posto de trabalho implica a adopção de posturas de trabalho também específicas.
Basicamente há dois tipos de postos de trabalhos: sentado e de pé, embora por vezes surja a necessidade de um posto misto.
a) Trabalho de pé
Muito comum na indústria, no sector terciário, comércio e serviços, têm alguns inconvenientes:· Dificuldade de circulação sanguínea dos membros inferiores por diminuição do retorno venoso;
· Repouso corporal sobre uma superfície muito pequena, os membros inferiores;
· Manutenção prolongada do equilíbrio corporal conduzindo a uma tensão muscular constante, que aumenta quando o corpo se inclina;
· A habilidade manual diminui pelo facto de haver uma tensão muscular generalizada por todo o corpo.
Por esta razão impõem-se certas regras de forma a diminuir o esforço e a consequente fadiga, aumentando a eficácia do trabalhador:
· O plano de trabalho deve estar situado, em regra geral, ao nível dos cotovelos do operador, variando a altura do mesmo em função do esforço físico e da necessidade de precisão dos movimentos exigidos pela função a desempenhar e deve ser observado o correcto posicionamento da coluna vertebral, isto é, ao nível dos cotovelos elevados, para trabalho de precisão, ao nível normal dos cotovelos, para trabalhos de pouco esforço e abaixo do nível normal para trabalhos que exijam esforço físico;
FIGURA 1 – Limites entre os quais deve variar a altura do plano de trabalho em função da altura do cotovelo e do tipo de trabalho a ser realizado.
· O operador deve poder aproximar-se o mais possível do posto de trabalho, pelo que é necessário existir um vão para colocação dos pés e para o descanso alternado dos membros inferiores;
· Caso haja necessidade de se ler documentos deve existir uma superfície inclinada para os colocar;
· Possibilidade de alternância entre as posições de trabalho de pé e sentado com apoio lombar.
b) Trabalho Sentado
A posição sentada elimina alguns dos inconvenientes da posição de pé, nomeadamente por aumentar a superfície de apoio do operador. No entanto, para maior eficácia, é importante respeitar algumas regras básicas:
· O plano de trabalho deve fazer um ângulo aproximado de 90 graus com a coluna vertebral do operador;
· O espaço para as pernas deve ser suficientemente amplo para permitir liberdade de movimentos;
· O assento deve estar adaptado à função específica do operador e ser adaptável à estatura deste, através de um apoio de costas, regulável em profundidade e altura para poder suportar a região lombar de forma adequada, permitindo a diminuição das tensões musculares estáticas;
· O assento deve ser estofado, mas não excessivamente mole, ter área suficiente para assegurar uma boa estabilidade e conforto e ter o rebordo frontal arredondado para baixo;
· A superfície do assento deve ser horizontal ou inclinada para trás até 5 graus e ter uma profundidade limitada para evitar dificuldades ao nível da articulação dos joelhos e permitir manter a região lombar apoiada;
· Se possíveis os pés devem apoiar no chão, caso contrário existir um apoio dos pés que deve ter área suficiente para um posicionamento confortável e estar regulado (em altura e inclinação) de acordo com a estrutura do operador e com as características do posto de trabalho.
c) Postos de Trabalho Mistos
No caso de ser impossível o posto de trabalho sentado de forma correcta, pode ser utilizada, pontualmente, uma situação mista, que permita aliviar a fadiga muscular e dificuldades circulatórias dos membros inferiores, sem que permita, no entanto, uma posição global conveniente.Para um trabalho de precisão o plano de trabalho deve ser regulado ligeiramente mais alto do que os cotovelos do operador, para permitir diminuir a tensão muscular ao nível dos braços, o plano de trabalho deve ser regulado mais baixo.
d) Cuidados no levantamento, transporte e abaixamento de cargas
Com vista a evitar problemas de saúde devido a uma movimentação manual de cargas mal executada, pode-se referir algumas, formas de actuação correctas:
· Em levantamentos frequentes limitar o máximo de peso;
· Manter a carga na vertical e próximo do corpo;
· Manter as costas (coluna vertebral) o mais vertical possível, flectindo as pernas;
· Evitar pesos numa só mão, distribuir as cargas pelos dois braços, mantendo o corpo equilibrado (pés afastados);
· Mecanizar sempre que possível, evitando a movimentação manual.
Para além dos tipos de postos de trabalho é ainda importante ter em conta outros aspectos, tais como:
a) Zonas de Trabalho
Para se conseguir uma postura correcta no trabalho, seja em pé ou sentado, é necessário prever uma zona de trabalho óptima, que se obtém descrevendo arcos de círculos tendo como raio o comprimento do antebraço (com o punho fechado), onde se executarão as tarefas mais delicadas ou de maior precisão. É necessário também dispor de uma zona de manuseamento máximo, que se obtém descrevendo sobre o plano de trabalho arcos de círculos tendo por raio os comprimentos do braço estendido (com o punho fechado), sem que a altura desta zona ultrapasse a linha dos ombros. Estas duas zonas devem estar adaptadas às dimensões dos braços de cada trabalhador.Todo o trabalho que se situe para além destas zonas obriga o trabalhador a movimentos anormais da coluna vertebral e aumenta a fadiga, com reflexos directos na segurança, saúde, na produtividade e na qualidade de trabalho produzido.
O plano inclinado diminui a fadiga visual (se a iluminação for adequada) e favorece a manutenção da coluna vertebral em posição adequada.
É importante frisar ainda, que o posto de trabalho que permite a melhor adaptação do operador à sua função é aquele que permite manter, seja em que posição de pé ou sentado, o seu conforto.
b) Distância Visual
A distância visual deve ser proporcional ao tamanho do objecto de trabalho: um objecto pequeno requer uma distância menor e uma superfície de trabalho mais alta. Os objectos que são comparados continuamente em uma distância visual fixa (menor que um metro), devem estar situados a uma mesma distância visual.
c) Inclinação dos Planos de Trabalho
A inclinação dos planos de trabalho pode ir até aos 15 graus para o tipo de trabalho de componentes electrónicos, por exemplo. Deve no entanto variar a altura do plano de trabalho em função da tarefa a realizar, como foi descrito anteriormente.
d) Postura da Cabeça e da Nuca
As posturas da cabeça e da nuca são difíceis de avaliar, já que a inclinação
da cabeça é determinada por sete articulações. Uma medida comummente usada para determinação da postura da cabeça é a da linha da visão. Esta determinada pela movimentação da pupila e, em segundo lugar, pela inclinação da nuca e da cabeça. Quando uma pessoa descontraída e sem fixar um objecto dirige a visão para a frente, fala-se em “linha normal da visão”. Movimentação do olho de 15º acima e abaixo da linha normal de visão é confortável e é feito sem esforço. Isto para dizer que a direcção do olhar durante o trabalho deve girar dentro de um cone de 30º em torno da linha normal de visão. Se o objecto estiver fora deste cone o sistema nuca cabeça será posto em movimento. Esta linha normal de visão é a posição de repouso dos olhos. Por esse motivo, é recomendado que os painéis de instrumentos ou outros objectos fiquem num ângulo de visão entre 5º acima e 30º abaixo de uma linha imaginária horizontal perpendicular ao olho. O actual estado de conhecimentos mostra que a cabeça e a nuca não podem ficar durante muito tempo inclinados a mais de 15º, de contrário, espera-se que surjam rapidamente sinais de fadiga.
e) Condições de Trabalho
São diversos os factores que podemos analisar e que influenciam as condições de trabalho, factores tanto ambientais, como físicos e materiais, psíquicos e sociológicos, como ainda relacionais e organizacionais, que se interligam e afectam a saúde e a segurança dos trabalhadores.Em relação ao ambiente de trabalho, deve-se ter em conta os seguintes factores e/ou contaminantes:
· Temperatura e carga térmica;
· Ventilação e renovação do ar;
· Iluminação geral e localizada;
· Níveis de ruído;
· Disposição dos materiais e equipamentos;
· Gases, poeiras e vapores;
· Toxicidade de produtos.
Estes factores devem ser reduzidos ou adaptados às actividades a realizar e aos trabalhadores.
Em relação aos factores de natureza física, deve-se ter em conta os movimentos, posturas e gestos dos trabalhadores, atendendo a distâncias, alcances, profundidades, alturas, limites de força, espaços de trabalho, volume de trabalho, factores que dão origem às novas patologias laborais (doenças profissionais) e às dimensões dos equipamentos, matéria e instrumentos de trabalho.
Os factores psicológicos dizem respeito à quantidade e rapidez a receber e/ou tratar da informação, à simultaneidade de recepção da informações de diferentes fontes e ao nível de atenção requerido. Toda a actividade laboral deve permitir um equilíbrio, pois tanto as actividades com elevada ocupação mental como as de reduzida ocupação mental podem originar perturbações psicológicas. Podendo estas perturbações causar ou originar incidentes e acidentes de trabalho.
A situação do trabalhador face ao emprego e a situação do trabalhador na empresa podem, também, ter reflexos imediatos quer na produtividade, quer na qualidade do trabalho produzido, ou na saúde do próprio trabalhador.
f) Condições Ambientais de Trabalho
Na concepção de qualquer espaço de trabalho devem ter-se algumas considerações relativamente às condições ambientais.
O espaço geral, o espaço de trabalho e o espaço de circulação devem ser adequados às actividades.
O nível de ruído deve ser inferior a 60 dB, para prevenir perda auditiva e demais problemas orgânicos e psicológicos. Os ruídos mais incomodativos são os internos, as conversas e o tráfego.
Os trabalhadores devem trabalhar em ambientes de conforto térmico. O ambiente térmico deve considerar as condições climáticas locais, tendo em conta a temperatura, a humidade do ar, a velocidade do ar, a radiação térmica, entre outros elementos. A temperatura efectiva deve variar entre 20 e 24ºC, com humidade relativa do ar entre 40 a 65% e velocidade entre 0,12 e os 0,25m/s.
A renovação de ar deve ser adequada à intensidade do trabalho físico, ao número de trabalhadores no local, às dimensões do local, aos poluentes que a actividade possa gerar, ao consumo de oxigénio e às condições térmicas.
A iluminação deve assegurar uma boa percepção visual, um cansaço mínimo e não provocar o ofuscamento. Tanto a iluminação geral como a localizada, se existir, devem proporcionar uma iluminação suficiente. A iluminação geral deve ser uniformemente distribuída e difusa evitando ofuscamento, reflexos incómodos, sombras e contrastes excessivos. Deve ainda ter valores de iluminação entre os 300 e os 400 lux.
g) Postos de Trabalho Informatizados
As principais queixas que os operadores de computadores apresentam são: cefaleias; olhos congestionados; cansaço visual; tensão nervosa; dores nos braços, mãos, nuca e costas; fadiga; tendinites; lesões na coluna vertebral. As cefaleias e dores na nuca resultam de posturas incorrectas e prolongadas. Uma postura igual e constante do corpo conduz a perturbações estáticas da musculatura e consequentemente a uma má circulação sanguínea.
Para evitar estas ou minimizar estas consequências é muito importante:
· Mudar frequentemente de posição;
· Manter o centro da tela ao nível dos olhos e distanciando do monitor entre 0.5 e 0,6m;
· Manter a cabeça e o pescoço em posição recta e os ombros relaxados;
· Manter a região lombar apoiada no encosto da cadeira;
· Manter os cotovelos junto ao corpo e não estar exageradamente projectado para a frente;
· Não deixar que as pernas fiquem rente à cadeira, o correcto é que exista um espaço livre entre as pernas e a cadeira para auxiliar na irrigação sanguinea desta região e diminuir a sobrecarga do coração no bombeamento que ocorre quando as pernas estão em contacto directo com a cadeira;
· Utilizar apoio para pés para corrigir o distanciamento da coxa em relação à cadeira, prefirindo apoio para pés com mobilidade para auxiliar o bombeamento sanguíneo, pois no calcanhar existe uma bomba sanguínea que actua como “segundo coração” enviando o sangue de volta para o coração;
· Nivelar a altura do monitor por meio de um suporte de monitor e da mesa o que permite a perfeita adaptação do conjunto ao biótipo do usuário do posto de trabalho;
· É fundamental que o posionamento e a orientação do monitor seja em relação às janelas e às armaduras da iluminação geral, a dimensão mínima do ecrâ deve ser de 12º em diagonal e ter características anti-reflexo, a sua inclinação em relação à horizontal deve ser regulável entre -5º e +20º, o contraste entre os caracteres e o fundo deve situar-se entre 5:1 e 10:1 e a iluninação dos caracteres deve ser ajustável;
· O teclado, deve ser sempre separado do monitor e deve ter uma inclinação regulável de 5 a 10º, caracteres escuros sobre fundo claro e deve ser, de preferência, dividido em duas partes e com desvio angular, para melhor adaptação ao sistema braço-mão;
· A superfície de trabalho deve ter um comprimento entre 1,2 e 1,6m e a largura deve ser entre 0,8 e 1m;
· O assento não deve só aliviar o peso distribuído pelos pés, mas também suportar o indivíduo de modo que ele possa manter uma postura estável e correcta enquanto trabalha, relaxando os músculos não necessários ao trabalho a desenvolver. Por isso, o assento deve ser projectado de modo a eliminar o desconforto devido a pressões desnecessárias na parte inferior das coxas, ou à limitação do afluxo de sangue às nádegas motivada pela má distribuição do peso do corpo.
FIGURA3 – Postura correcta num posto informatizado.
4 - SEGURANÇA, HIGIENE E SAÚDE NO TRABALHO
O direito de todos os trabalhadores à prestação do trabalho em condições de Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho (SHST) encontra-se consagrado constitucionalmente (consultar lei em anexo1). Estas são universalmente consideradas como factor fundamental de realização pessoal e profissional dos trabalhadores e contribuem para o aumento da produtividade e competitividade das empresas. Assim, o objectivo da SHST é garantir a cada trabalhador um local de trabalho seguro e saudável preservando os recursos humanos.
A segurança no trabalho é uma preocupação da humanidade desde longa data. Foi no final do século XIX que surgiram as primeiras noções de SHST com o desenvolvimento dos corpos de Inspecção do Trabalho, em Portugal, surgiu em 1982 a Consagração Constitucional do direito à prestação do trabalho em condições de Higiene, Segurança e Saúde.
Para garantir a cada trabalhador um local de trabalho seguro e saudável e preservar os recursos humanos, a segurança e higiene, recorrendo à ergonomia, isto é, ao estudo e adaptação dos meios, existentes às características do homem, procura a redução dos riscos no local de trabalho desenvolvendo normas e regulamentos de segurança e higiene, promovendo formações, informações e investigações em higiene e segurança do trabalho. Também, deve tornar os equipamentos e procedimentos mais seguros, elaborando regulamentos adequados, penalizando o não cumprimento das normas e regulamentos.
Assim, independentemente da dimensão da empresa, alguém tem que planear a prevenção e segurança no local de trabalho. Para ser eficaz, esta função não deve ser unicamente uma preocupação de uma única pessoa ou de um grupo de pessoas, pois este funciona apenas quando todos, desde o topo à base da pirâmide, compreendem, sentem e sabem a importância desta problemática para o seu futuro pessoal e profissional.
A Segurança, Higiene e Saúde no local de trabalho deve estar integrada no plano Anual de Formação e ser parte integrante da Política de Gestão de Recursos
Humanos (escrita ou não), a qual cumpre, por sua vez, um papel estratégico no atingir dos objectivos da politica de cada empresa, independentemente da sua missão.
O papel da Segurança e Higiene no Trabalho, na empresa deve ser:
· Proteger a saúde e bem-estar dos trabalhadores;
· Diagnosticar os riscos a que as pessoas estão sujeitas;
· Calcular o valor e a extensão desses riscos;
· Eliminar os riscos ou (caso seja técnica ou financeiramente impossível) diminuí-los para níveis aceitáveis;
· Manter a objectividade no reconhecimento avaliação e controlo dos riscos, independentemente de influências exteriores;
· Dar prioridade a uma prevenção colectiva e, na sua impossibilidade, criar protecção individual;
· Informar os trabalhadores sobre os riscos, a sua prevenção e protecção de uma forma íntegra (nas acções de formação);
· Assegurar que as medidas de protecção sejam compreendidas, aceites e cumpridas;
· Elaborar relatórios e recomendações, precisos e exequíveis;
· Responsabilizar empregadores, clientes e/ou fornecedores, pelos actos ou omissões susceptíveis de pôr em risco a saúde e bem-estar dos trabalhadores.
4.1- Saúde, Doença e Trabalho
As doenças profissionais são todas as lesões resultantes da exposição prolongada e repetida a riscos profissionais, habitualmente só perceptíveis ao fim de algum tempo e difíceis de caracterizar.Tal como a generalidade dos países, Portugal tem um número elevado de doenças profissionais relacionados com as suas actividades económicas predominantes. Assim, é regularmente publicada uma actualização das tabelas de doenças profissionais, à medida que estas vão sendo melhor conhecidas e caracterizadas, dando origem a pensões de reforma aos trabalhadores atingidos pelas mesmas.
A incidência de doenças profissionais, reconhecidas como tal, assume anualmente valores preocupantes. Porém, cada vez mais a saúde é encarada não só como estado de ausência de doença ou acidente, mas também como manutenção de um estado de equilíbrio dinâmico, físico, mental e social, bem como a capacidade de adaptação ao meio ambiente exterior, nos seus mais diversos aspectos.
A grande inovação desta nova forma de encarar a saúde está no facto de que ela visa a população como um todo, no seu contexto de vida e trabalho, e não apenas alguns grupos profissionais tradicionalmente considerados como expostos a maiores riscos.
Instituições internacionais como a OMS e a Organização Internacional do Trabalho vêm, cada vez mais, a sugerir orientações no sentido do desenvolvimento de programas para cada país, a nível nacional, visando levar as empresas a adoptar medidas na área da segurança, higiene e prevenção nos locais de trabalho.
4.1.1 - Obrigações Gerais do Empregador
O empregador é obrigado a assegurar aos trabalhadores condições de SHST em todos os aspectos relacionados com o trabalho:
· Proceder, na concepção das instalações, dos locais e processos de trabalho, à identificação dos riscos previsíveis, combatendo-os na origem, anulando-os ou limitando os seus efeitos, de forma a garantir um nível eficaz de protecção;
· Integrar no conjunto das actividades da empresa, estabelecimento ou serviço e a todos os níveis a avaliação dos riscos para a segurança e saúde dos trabalhadores, com a adopção de convenientes medidas de protecção;
· Assegurar que as exposições aos agentes químicos, físicos e biológicos nos locais de trabalho não constituam risco para a saúde dos trabalhadores;
· Planificar a prevenção na empresa, estabelecimento ou serviço num sistema coerente que tenha em conta a componente técnica, a organização do trabalho, as relações sociais e os factores materiais inerentes do trabalho;
· Ter em conta, na organização dos meios, não só os trabalhadores como também terceiros susceptíveis de serem abrangidos pelos riscos e a realização dos trabalhos, quer nas instalações quer no exterior;
· Dar prioridade à protecção colectiva relativamente às medidas de protecção individual;
· Organizar o trabalho, procurando, designadamente, eliminar os efeitos nocivos do trabalho monótono;
· Assegurar a vigilância adequada da saúde dos trabalhadores em função dos riscos a que se encontram expostos no local de trabalho;
· Estabelecer, em matéria de primeiros socorros e de combate a incêndios e de evacuação de trabalhadores, as medidas que devem ser adoptadas e a identificação das pessoas responsáveis pela sua aplicação;
· Permitir unicamente a trabalhadores com aptidão e formação adequadas o acesso a zonas de risco grave;
· Adoptar medidas e dar instruções que permitam aos trabalhadores, em caso de perigo grave e eminente que não possa ser evitado, cessar a sua actividade ou afastar-se imediatamente do local de trabalho, sem que possam retomar a actividade enquanto persistir esse perigo, salvo em casos excepcionais e desde que assegurada a protecção adequada.
A formação é um aspecto fundamental devendo ser proporcionada ao trabalhador, principalmente nos seguintes casos: admissão na empresa; mudança de posto de trabalho ou de funções; introdução de novos equipamentos de trabalho ou alteração dos existentes; adopção de uma nova tecnologia e actividades que envolvam trabalhadores de diversas empresas, entre outros. Esta formação deve ser sempre contínua tendo sempre presente a importância da motivação do indivíduo para a mesma, assim como a sua adequação ás diferentes características do indivíduo.
4.1.2 - Obrigações Gerais do Trabalhador
Por sua vez, o trabalhador também tem algumas responsabilidades para evitar acidentes de trabalho e desenvolver a sua actividade em segurança, entre elas:
· Cumprir as normas de segurança e higiene no local de trabalho;
· Utilizar correctamente as máquinas, instrumentos e substâncias;
· Utilizar e arrumar correctamente os equipamentos de protecção individual;
· Não retirar os dispositivos de segurança próprios das máquinas/instalações e utilizá-las correctamente;
· Informar-se sobre os riscos do seu local de trabalho;
· Comunicar imediatamente à entidade patronal qualquer situação que represente um perigo grave e eminente para a segurança e saúde assim como qualquer defeito no sistema de protecção;
· Seguir as indicações da sinalização de segurança;
· Colaborar em todas as tarefas impostas pela regulamentação de segurança;
· Utilizar cada instrumento ou ferramenta apenas para a finalidade que foi concebida e para que aprendeu a utilizá-la.
Como já foi enunciado anteriormente, a legislação portuguesa estabelece ainda o regime de organização e funcionamento dos serviços de SHST. Assim, tendo sempre por base esta legislação para implementar um sistema de gestão de SHST é importante:
· Realizar uma avaliação inicial da organização;
· Realizar uma lista de actividades de compõem o trabalho e recolher a necessária informação sobre as mesmas;
· Proceder à identificação/avaliação dos riscos;
· Proceder ao controlo dos riscos, decidindo se o risco é ou não tolerável mediante as lesões ocorridas.
4.2 - Estatísticas dos Acidentes de trabalho mortais em portugal
Estudos estatísticos, efectuados ao longo do tempo, têm mostrado que existem actividades que acarretam maiores riscos do que outras, mas também, que é possível e desejável diminuir os riscos de cada uma delas, diminuindo assim a probabilidade de ocorrência de acidentes.
Em Portugal, segundo a legislação em vigor, considera-se acidente de trabalho, todo aquele que ocorre numa das seguintes situações:
· No local e tempo de trabalho, provocando ou não lesão corporal, doença, redução da capacidade de trabalho ou morte;
· Fora do local e tempo de trabalho, quando verificado na execução de serviços determinados pela entidade patronal ou por ela consentidos;
· Na ida para o local de trabalho e regresso deste, quando for utilizado meio de transporte fornecido pela empresa ou quando houver circunstâncias que agravem o risco de percurso habitual;
· Na execução de serviços espontaneamente prestados e de que possa resultar efeito económico para a entidade patronal.
Para além dos acidentes, situações súbitas, existem alterações no estado de saúde dos trabalhadores, só perceptíveis ao fim de algum tempo, consequência do efeito prolongado e repetido de determinado(s) risco(s), que são as doenças profissionais.
Os acidentes podem ser classificados de diversos modos, nomeadamente, segundo a forma, o agente material, as acções perigosas, omissões e elementos que o originaram, natureza da lesão, localização da lesão, consequências, etc.
O tratamento estatístico dos acidentes e a sua divulgação pode contribuir para diminuir os acidentes de trabalho. É preciso conhecer os acidentes, saber onde acontecem e porquê, para poderem definir a forma de os combater, a prioridade dada a cada medida preventiva e decidir quem a vai aplicar e como.
Deste modo, todo o acidente e incidente deve ser investigado nas suas causas para se poderem evitar no futuro outros do mesmo tipo.
Deve-se recolher dados que permitam o seu tratamento, conhecer a distribuição dos acidentes, dos dias perdidos por incapacidade permanente ou temporária, etc.
Devido à não utilização dos dispositivos de protecção individual, ou à sua má utilização, assim como à falta de sensibilização quer da entidade patronal, quer do próprio trabalhador, os acidentes de trabalho continuam a ocorrer tal como podemos constatar pela análise sumária dos gráficos que se seguem, relativos ao ano 2007.
FIGURA 4 – Acidentes de trabalho mortais por sector de actividade – Ano 2007
FIGURA 5 – Acidentes de trabalho mortais segundo as causas – Ano 2007
FIGURA 6 – Acidentes de Trabalho Mortais Objecto de Inquérito
Assim, após uma breve análise dos gráficos é fácil concluir que o sector onde ocorre a maior percentagem de acidentes profissionais mortais é na construção, sendo a maioria por queda em altura.
As áreas do país onde existem mais acidentes de trabalho são as zonas mais industrializadas. No entanto, na agricultura também há bastantes acidentes, embora passem habitualmente mais despercebidos, pelo facto de as pessoas trabalharem isoladas, contrariamente ao que acontece na indústria.
Os acidentes atingem em proporções diversas as várias partes do corpo. Além disso, cada sector tem mais ou menos acidentes, originados por riscos próprios inerentes a cada actividade. O número de causas fortuitas (ocasionas e por vezes impossíveis de evitar) é uma percentagem muito reduzida em relação ao total das causas de acidentes.
A necessidade de comunicar o acidente às entidades competentes é uma obrigação legal, e uma forma de contribuir para que se conheçam melhor os riscos existentes, por sectores de actividades, e se poder pensar na forma de os evitar, o mesmo acontecendo dentro da própria empresa.
4.3 – Prevenção de Acidentes de trabalho
Os acidentes não ocorrem por acaso, ocorrem apenas em locais em que existem riscos, por isso quanto mais se conhecer as características de cada actividade profissional, quanto melhor estiverem identificados os riscos que cada indivíduo corre, quanto mais cuidado houver na eliminação ou prevenção dos riscos inerentes a cada profissão, menos probabilidades há de ocorrerem acidentes.
A razão de não se eliminarem definitivamente as causas dos acidentes, deve-se ao facto de cada acidente ter habitualmente várias causas, o que torna menos clara a forma eficaz de intervir e ainda ao facto de que a sua eliminação total, ou quase, ter custos extraordinariamente elevados que diminuem a própria competitividade da empresa, acabando por prejudicar os trabalhadores de outra forma. Para resolver o primeiro problema, é importante analisar-se todos os acidentes que ocorrem, determinando-se quais as suas causas e registando-as, por forma a se identificar as mais comuns, podendo-se assim seleccionar as mais frequentes, por forma a intervir prioritariamente aí, eliminando-se os riscos.
As causas dos acidentes são de diversas ordens, porém, podem-se resumir basicamente a dois grupos: actuação em condições inseguras (causas técnicas) ou exigências de um acto em si inseguros (causas humanas). Umas influenciam as outras, por isso quanto menos condições inseguras existirem menor será a probabilidade de ocorrerem actos inseguros.
Assim, os principais tipos de riscos são:
Mecânicos – relacionados com o movimento de máquinas, ferramentas e instrumentos de trabalho, os quais devem estar devidamente protegidos;
Iluminação – a qual sendo insuficiente, excessiva ou inadequada pode originar acidentes ou afecções oculares;Ruído – para além de um determinado nível torna-se incómodo, obstáculo à comunicação e contribui para aumentar a fadiga, podendo provocar alterações no sistema nervoso central e mesmo traumatismo auditivo;
Electricidade – sendo uma forma de energia essencial a qualquer empresa, para iluminação ou alimentação de equipamentos, constitui um risco sempre presente, quer porque as instalações eléctricas nem sempre são criadas com a finalidade adequada, quer por ignorância ou descuido.
Temperaturas Extremas e Humidade Excessiva – o calor provoca desgaste e fadiga excessivos, cefaleias, taquicardia, astenia e dificuldade de concentração. Por outro lado, o frio leva por vezes ao choque térmico, queimaduras e ulcerações nas extremidades. A humidade agrava os sintomas e torna mais difícil suportar as condições ambientais:
Vibrações – resultantes das trepidações de equipamentos mal protegidos, ajustados ou afinados, provocam afecções da coluna, dificuldades respiratórias, alterações do sistema nervoso, ósseo e articular;
Poeiras – resultantes da movimentação de matérias-primas de origem vegetal ou mineral, permanecendo no ar ambiente, parte das quais se fixa nas vias respiratórias, onde pode dar origem a doenças das vias respiratórias;
Fumos – partículas provenientes da combustão ou sublimação de vapores, mais ou menos agressivas ou tóxicas, provocam afecções no aparelho respiratório, bem como alergias;
Gases e Vapores – existentes essencialmente nas indústrias químicas, têm efeitos anestésicos, alérgicos e tóxicos, nas vias respiratórias, podendo mesmo lesar gravemente os rins e o fígado;
Radiações Ionizantes – imanadas por equipamentos de raio X, utilizados para controlo de soldaduras ou para actividades médicas, etc;
Vírus, Bactérias e Fungos – característico de locais como hospitais, matadouros e indústria alimentar, provocam frequentemente doenças infecciosas;
Incêndios – resultantes da existência de matérias-primas, produtos acabados ou subsidiários com características combustíveis ou comburentes perto de locais onde há chama livre, trabalhos de manutenção, ou máquinas a produzir calor;
Ansiedade e o Stress – cada vez mais comum e resultando de ritmos de trabalho que não têm em conta as características do homem, monotonia das tarefas e competição excessiva, dão origem precocemente a fadiga, eventuais acidentes e doenças profissionais, quando o seu efeito é prolongado no tempo;
Razões Psicossociológicas – tais como inadaptação à equipa de trabalho, à organização, à cultura ou aos hábitos, problemas familiares ou sociais que perturbem o estado emocional do trabalhador podem potenciar a ocorrência de acidentes ou doenças profissionais;
Idade – tendência dos mais jovens para subvalorizar os riscos e dos idosos para a diminuição de capacidades, constituindo causas de risco acrescidos;
Negligência e imprudência – resultando de atitudes de desprezo pelos riscos, sendo causas frequentes de acidentes;
Preparação Técnica insuficiente – o desconhecimento, mesmo que parcial, da forma adequada de utilização e controlo de cada instrumento, máquina ou ferramenta é igual a um factor de risco.
Independentemente das diferenças individuais no que respeita ao conhecimento dos riscos, a vontade de assumir a atitude adequada em cada momento, possíveis de modificar através da formação profissional, há um certo nível de susceptibilidade individual aos riscos dos diversos tipos, diferente de pessoa para pessoa, que cada um deve esforçar-se para conhecer.
A forma mais eficaz de combater os riscos é prevê-los na fase de concepção de um projecto (prevenção de risco ao nível do projecto). Embora possa não parecer é a que tem menores custos a curto e a longo prazo.
No entanto, isso nem sempre é possível, em particular nas empresas que estão em plena laboração. Nesse caso, a melhor solução é eliminar os riscos na fonte (eliminação das fontes de perigo).
Outra forma de protecção é a Protecção contra as fontes de risco, também denominada prevenção colectiva, pelo facto de todas as pessoas em contacto com esse risco, mesmo que por breves momentos, estão protegidas.
Por fim, a última forma de proteger os trabalhadores no local de trabalho é a protecção individual. O equipamento de protecção não é, em geral, muito dispendioso. Porém, é frequente a não aceitação do seu uso, por razões diversas, entre as quais se salientam: a perda de prestígio da imagem do trabalhador que usa o equipamento; a incomodidade física provocada pelo uso da protecção individual; a limitação à movimentação livre (e visibilidade, nalguns casos); inadequação de alguns equipamentos à estatura do utilizador; a existência de material de protecção em más condições de conservação; entre outras.
4.3.1 - Dispositivos de Protecção Individual
Como já foi referido, os dispositivos de protecção individual destinam-se a proteger o trabalhador contra os riscos inerentes à sua actividade profissional.
Dependendo das condições, estes podem ser o único meio de protecção, quando o trabalhador se expõe directamente ao risco, um complemento de outros recursos que não proteja na totalidade o trabalhador, ou podem ser um recurso temporário em casos de emergência.
O uso de dispositivos de protecção individual é em muitos casos imprescindível para a realização de certas tarefas em segurança, podendo evitar muitas doenças profissionais, contudo, é importante frisar que não evitam o acidente, mas podem evitar a lesão corporal quando ocorre o acidente. Eles devem ser perfeitamente adequados ao risco em causa e ao trabalhador que o utiliza, devendo estes ter consciência da finalidade dos equipamentos que necessitam utilizar e saber usa-los correctamente.
Consoante a zona que se pretende proteger existem diapositivos para essa protecção. Na selecção dos dispositivos deve-se ter em conta o material, em função dos produtos a manipular, a forma, consoante o trabalho a executar, e a comodidade, devendo estar bem adaptadas às mãos do trabalhador para não perturbarem os seus movimentos.
a) Protecção das Mãos
As mãos sofrem cerca de 27% dos acidentes, estando expostas a agentes causadores de acidentes (mecânicos, eléctricos, térmicos, químicos, radiações, substâncias líquidas ou húmidas). Devido a isso, temos como dispositivos de protecção as luvas de tecido, couro, borracha, borracha sintética, matéria sintética e amianto.
b) Protecção dos Pés e Pernas
Os membros inferiores sofrem cerca de 22% dos acidentes de trabalho resultantes de quedas de materiais, esmagamentos por materiais em deslocação ou movimento, perfusão ou corte, queimaduras ou escorregamento. Para prevenir estes acidentes, existem calçado com biqueira de aço, botas de borracha, botas e solas de borracha sintética, botas e solas de matéria plástica, socos de madeira e galochas, calçado de protecção para a planta dos pés e polainas.
c) Protecção da Cabeça
A cabeça é alvo de cerca 14,6% dos acidentes de trabalho que vão desde lesões do couro cabeludo até fracturas, existindo vários dispositivos como capacetes de protecção, capuzes, boinas, gorros e redes.
d) Protecção das Vias Respiratórias
Dada a variedade de riscos para as vias respiratórias existe uma grande variedade de dispositivos que podem ser utilizados, como os aparelhos filtrantes e os aparelhos isolantes ou de adução do ar.
e) Vestuário de Protecção
Como exemplos de vestuários de protecção temos os fatos de protecção às intempéries, vestuário de protecção conta agentes agressivos, etc.
5 - Saúde ocupacional nos centros de saúde
A saúde ocupacional como componente dos cuidados de saúde primários tem sido defendida pela OMS, tendo como argumentos principais a concepção da saúde dos trabalhadores como um todo e a promoção da acessibilidade a este tipo de cuidados dos trabalhadores das pequenas e médias empresas independentes. A nível nacional são referenciáveis algumas medidas e propostas que apontam para a valorização da saúde ocupacional nos centros de saúde. A atribuição da responsabilidade da administração de cuidados de Saúde Ocupacional (SO) /SHST aos centros de saúde é também defendida por alguns autores com base no argumento da garantia de independência dos prestadores em relação à entidade patronal.
As vantagens e desvantagens da prestação de cuidados de SO/SHST por parte de serviços de cuidados de saúde primários estão intimamente ligados a dois atributos inerentes a este tipo de cuidados: maior /menor proximidade ao trabalhador e ao local de trabalho; maior/menor conhecimento técnico dos problemas de saúde laboral. É de referir, como principais vantagens da prestação de cuidados de SO/SHST pelo centro de saúde:
· Contactos com outros profissionais de saúde;
· Contactos directos com o sistema nacional de saúde;
· Cuidados continuados na comunidade;
· Ligação às autoridades de saúde;
· Possibilidade de intervenção do médico de família;
· Neutralidade.
Como desvantagens, pode anotar-se:
· Distância em relação aos trabalhadores e à gestão;
· Problemas de informação sobre as condições de trabalho;
· Falta de competência em saúde ocupacional;
· Subestimação de prevenção;
· Falta de meios.
5.1 - Estratégias de intervenção em SO/SHST nos centros de saúde
O centro de saúde, através do seu sector de saúde ocupacional do serviço de saúde pública, orienta a sua actividade segundo três linhas de intervenção, que devem ser valorizadas e desenvolvidas de forma integrada:
· Administração de cuidados à população activa constituída por trabalhadores independentes e outros;
· Fiscalização das condições de trabalho e factores de risco profissionais existentes nas empresas e estudo de eventuais efeitos negativos sobre a saúde dos trabalhadores;
· Monitorização do funcionamento dos diversos tipos de SO/SHST com acompanhamento particular da componente de saúde.
Existem no entanto, diversas condicionantes internas, já que os recursos dos centros de saúde nesta área são limitados, muitas vezes escassos. O número de médicos da carreira de saúde pública com diferenciação em saúde ocupacional tem vindo a progredir lentamente. No que se refere aos recursos de enfermagem e de técnicos de higiene e saúde ambiental, as disponibilidades de profissionais com diferenciação em SO é insignificante de momento, e com perspectivas de lenta progressão. As condições organizacionais e administrativas dos serviços de saúde pública dos centros de saúde são variáveis de concelho para concelho, mas, no geral, são modestas e, por vezes, incipientes. A falta de vontade política tem atrasado a definição dos objectivos e a afectação dos meios de intervenção em SO a nível nacional, regional e local, não lhe atribuindo a prioridade que inequivocamente justifica, razão primeira da falta de sensibilidade dos dirigentes de saúde locais para com os problemas de saúde da população activa.
5.2 - Controle dos factores de risco profissionais e vigilância epidemiológica da patologia laboral
A vigilância epidemiológica dos riscos e dos factores de risco profissionais é uma tarefa essencial para gerir directa e indirectamente a politica de SO na área geográfica do centro de saúde. Com os meios técnicos hoje disponíveis é possível constituir um quadro de registo e análise da informação disponível no mundo do trabalho.
Como actividades exequíveis podem-se enumerar as seguintes:
· Inquéritos por questionário via pessoal ou postal dirigidos aos trabalhadores, patrões e profissionais de saúde dos serviços de SO/SHST;
· Visitas de avaliação dos locais de trabalho–problema, com a participação dos interessados e informação de retorno;
· Vigilância epidemiológica dos acidentes de trabalho, das doenças profissionais e das doenças relacionadas com o trabalho;
· Promoção da circulação de informação entre os sectores de SO dos centros de saúde, as empresas, os trabalhadores e profissionais de SO/SHST;
· Aplicação compulsiva de normas e procedimentos legais como último recurso e em cooperação intersectorial com outros organismos institucionais, como a Inspecção – Geral do Trabalho.
O resultado final deste processo de múltiplas intervenções e actividades será a melhoria da situação de saúde dos trabalhadores, medida por um menor número e gravidade de acidentes de trabalho, de doenças profissionais e de outras relacionadas com o trabalho, e por um melhor bem-estar e qualidade de vida sem incapacidade.
5.3 – realidade do centro de saúde de Tondela em SO
Foi no Centro de Saúde de Tondela que se realizou o nosso Ensino Clínico de Saúde Comunitária, no período de 7 Maio a 8 de Junho de 2007.
Indo de encontro aos objectivos deste trabalho, seguidamente caracterizamos de forma suscinta o concelho, assim como o Centro de Saúde de forma a enquadrar correctamente o contexto de análise de trabalho.
Tondela é uma cidade portuguesa no Distrito de Viseu, região Centro e sub-região do Dão-Lafões, com cerca de 14 100 habitantes.
A economia municipal assenta na agro-pecuária, silvicultura, indústria alimentar, comércio retalhista, metalo-mecânicas, serralharias e turismo (restauração e hotelaria), destacando-se ainda o papel da administração local.
Pelos seus pólos de desenvolvimento, pelas suas zonas industriais, pela nova Barragem que dá de beber a cinco concelhos, pelos inúmeros serviços que presta no campo da recolha de lixos, da criação de emprego, do ensino e da saúde, das energias renováveis, do progresso social e económico, hoje um dado adquirido, constituindo-se Tondela como um centro atractivo para investir, para viver, para visitar.
Não se têm efectuado quaisquer iniciativas por parte do centro de saúde com as diversas empresas da região. No entanto, quando solicitado pelas mesmas colabora activamente.
No decorrer do nosso ensino clínico não tivemos oportunidade de realizar actividades na área de saúde ocupacional, já que os nossos projectos se direccionaram para outros campos, mais propriamente para a iniciativa, “Maio, mês do coração”.
Após uma reflexão acerca dos aspectos que já foram referidos anteriormente no capítulo da saúde ocupacional nos centros de saúde, assim como, pela realidade laboral do concelho de Tondela, pensamos ser pertinente a existência de iniciativas de saúde ocupacional no Centro de Saúde de Tondela.
5.4 – Huf Portuguesa: modelo se serviço de SO/shst
Esta empresa tem como missão ser um modelo de excelência no seu sector, tendo em conta diversos factores, entre eles:
· Satisfação do cliente interno e externo;
· Viver a sua cultura de qualidade;
· Melhoria contínua;
· Motivação e reconhecimento sincero;
· Comunicação;
· Formação e aprendizagem contínuas;
· Actuar unidos para o bem comum de todos;
· Rentabilidade;
· Integridade ambiental e de segurança.
Como já foi referido anteriormente, esta empresa é exemplar no que diz respeito à implementação dos princípios de Ergonomia/SHST tentando ir de encontro à legislação existente. A realidade de SO/SHST nesta empresa tem vindo a evoluir cada vez mais, tendo contribuído para tal o trabalho desenvolvido desde a entrada de um Ergonomista e um Engenheiro do Ambiente na mesma. Com o trabalho desenvolvido por estes dois profissionais, sempre em colaboração com todos os trabalhadores e restantes profissionais de saúde, verificou-se o cumprimento de todas as normas/princípios de SHST melhorando a zona de trabalho e as posturas corporais adoptadas; existência da rotatividade nos postos de trabalho. Toda a informação relativa ao cumprimento destas normas encontra-se afixada nos diversos postos de trabalho, como por exemplo a informação disponível no anexo 2.
Constatámos a existência de dois consultórios médicos, com dois médicos em exercício. Um dos médicos é responsável pela medicina curativa, encontrando-se diariamente disponível para todos os trabalhadores exercendo todas as funções de um médico de clínica geral (excepto a certificação da incapacidade temporária para o trabalho), evitando assim que os trabalhadores tenham que se ausentar da empresa e consequentemente diminuindo os níveis de absentismo que são muito baixos nesta empresa – 1,97%. Por sua vez, o outro médico, em conjunto com uma enfermeira, são responsáveis pela SO/SHST, estando presentes na empresa duas vezes por semana, mais propriamente, à terça-feira e sexta-feira de manhã.
Na empresa são realizados exames de admissão (até ao primeiro mês de trabalho) e exames periódicos (a todos os funcionários de dois em dois anos), conforme modelos em anexo 3. Se os trabalhadores, por motivo de doença, estiverem ausentes por um longo período de tempo do seu posto de trabalho, são necessariamente sujeitos a um exame ocasional aquando do seu regresso à actividade laboral (como modelo em anexo 3). Todas as prescrições (análises sanguíneas, exames complementares de diagnóstico, etc.) feitas nestas consultas são comparticipadas na totalidade pela HUF. Relativamente a consultas de especialidade, mediante o seguro da empresa, é comparticipado 80% dos gastos.
Nesta fábrica prestam ainda serviço dois fisioterapeutas, com vista a responder à principal doença profissional apresentada pelos trabalhadores – tendinite.
Para além, dos exames referidos, anualmente são desenvolvidas diferentes iniciativas que abrangem todos os empregados. Todas estas actividades são desenvolvidas com a colaboração de diversas entidades de saúde, algumas das quais com o Centro de Saúde de Tondela.
Entre as iniciativas que já foram realizadas salientamos:
· Rastreio da tuberculose (micro-radiografias);
· Rastreios de pesquisa do vírus da Hepatite B e C;
· Palestras sobre prevenção Sida;
· Rastreio do cancro do colo do útero;
· Rastreio de sinais de cancro da pele (conforme documentos em anexo 4);
· Rastreio da Obesidade, a realizar durante este ano de 2007.
Todos estes projectos são complementados por campanhas de sensibilização/Sessões de Educação para a Saúde, assim como, é feito o devido acompanhamento/encaminhamento de todos os indivíduos que apresentem alterações do seu estado de saúde.
Para terminar, reforçamos a importância de todo o trabalho desenvolvido na HUF Portuguesa no que respeita a SO/SHST, referindo que esta empresa se encontra dentro das 25 Melhores Empresas para Trabalhar em Portugal, tendo obtido o oitavo lugar, em 2007, numa lista constituída por empresas Norte-Americanas e Europeias.