No âmbito da disciplina de Enfermagem ao Adulto e Idoso dois, foi-nos proposto como modo de avaliação a elaboração de três trabalhos, cujo o tema seria livre, contudo dentro das áreas temáticas abordadas em seminários da mesma disciplina. Deste modo pretendi elaborar um destes trabalhos sobre o suicídio…, escolhi aprofundar este tema já que pessoalmente é um dos temas em saúde mental que me “toca” mais como pessoa e actualmente como estudante de enfermagem.
Tendo eu consciência, pela curta experiência que tive na semana pedagógica de que é uma área que não me põe confortável quando a abordo com pessoas que pensam
em fazê-lo. Aprofundar este tema, penso que será para mim um óptimo trabalho de forma a compreender melhor esta problemática, que existe na nossa sociedade e que não pode ser ignorada. Já que muito possivelmente é uma das muitas situações que em Ensino Clínico V irei contactar, pretendo que este me possibilite isso mesmo. E de certa forma começar a trabalhar a razão porque é que este tipo de situação me é difícil abordar, para que posteriormente consiga compreender e cuidar de quem possui este
tipo de “ideias”.
Suicídio?... O que é?...
Antes de começar a abordar aspectos, como o que pode levar ao suicídio, que sinais devemos estar alerta, de que modo podemos ajudar as pessoas, qual a situação desta problemática em Portugal, entre muitos outros aspectos. Acho importante começar por definir o que é afinal o suicídio?... ideação suicida?... tentativa de suicídio?...
As tentativas de suicídio constituem quaisquer actos contra a própria pessoa que poderão levar à morte caso não sejam previamente interrompidos, ou que foram tentativas mal sucedidas. Dentro destas há autores que definem também gestos suicidas, sendo a tentativa de enviar um sinal de que algo está errado, sendo que pretende chamar
“a atenção” (uma forma de pedir ajuda...) em vez da destruição real de si mesmo. O suicídio consumado..., pode então ocorrer depois de todos os sinais de alerta, mais evidentes ou não, não terem sido levados em consideração ou com a importância devida. (Stuart e Laraia, 2001).
Pode-se dizer então, tal como Liberal e Azevedo (1997) nos diz que “(...) o suicídio é um problema especialmente humano…, pois se é verdade que determinados animais se envolvem em confrontos especialmente violentos, mesmo sabendo que existegrande probabilidade de morrer, isso não é prova de que esse animal está a cometer suicídio.”
Então o que define verdadeiramente suicídio?... Enquanto que no exemplo anterior, o animal está agir instintivamente, reagindo a um estímulo externo que se encontra determinado no seu padrão genético de relação comportamental, o comportamento definido por “Suicídio”, implica um acto premeditado, com perfeito conhecimento das consequências físicas que dele advêm, pelo que poderá dizer-se que o suicida, no momento de agir, sabe o que vai resultar da sua conduta. “A organização Mundial de Saúde (OMS) definiu suicídio como acto deliberado realizado por um individual que sabe, ou espera, que este lhe seja fatal.” (Queiroz, p.1, 2004) Essa conduta é em geral pensada como um acto violento, mas positivo do ponto de vista do suicida. (Stengel, 1980)
O suicídio parece ser um acto muito pessoal, mas o relacionamento social desempenha um papel muito importante na definição causal bem como na determinação das consequências do mesmo. Muitos dos actos deste tipo (tentados ou consumados), não são mais do que um pedido de ajuda, com o objectivo de potenciar a eficácia apelativa. Tal como já referi anteriormente ao definir “gesto suicida”, penso que é aqui que está a essência do acto suicida, um pedido de ajuda “diferente”.
De qualquer modo, não se pode encarar o suicídio como um acto de descrença, desaprovando-o indignadamente e resumir a uma forma simplista as suas causas, porque
aí, corremos o risco de ser confrontados com a não resolução do problema e ao mesmo tempo com a incapacidade de detectar precocemente uma situação potencial de risco.
Começar por pensar que alguém que pretende por termo à vida, ou está psiquicamente doente, ou não dispõe de armas suficientemente capazes para combater a agressão social e/ou familiar do dia-à-dia. Talvez seja uma forma de iniciar uma abordagem no sentido da compreensão e auxilio na resolução do problema. (Liberal e
Azevedo, 1997)
O Suicídio em Portugal
Apesar de ser ainda um grande problema na nossa sociedade, o suicídio em Portugal tem diminuído, em relação a anos anteriores como podemos ver no gráfico seguinte, em que o valor mais elevado registou-se em 1984, em que 1,1% das mortes por todas as causas em Portugal foram por suicídio, tendo-se pelo contrário registado o menor valor em1999 e 2000 (0,5%).Em 2000, a maior taxa de suicídios registou-se na região do Alentejo tanto no sexo masculino como no feminino.
Este é um dado interessante referente ao nosso país, que me apercebi aquando da minha pesquisa é que ao contrário do que é possível encontrar em relação aos outros países, a taxa de suicídio nas maiores cidades (Lisboa e Porto) é inferior à média dos outros distritos, bem como em Portugal, a mesma taxa é superior nas zonas rurais, do que nas zonas industrializadas. As razões para este facto segundo alguns dos autores consultados apontam maioritariamente para razões de ordem sociocultural muito particulares. (Liberal e Azevedo,1997)
Factores de risco
Poderemos então falar acerca dos factores que de certo “modo” predispõem o suicídio, sendo que 90% dos indivíduos que cometem suicídio apresentam as seguintes particularidades:
Distúrbios psiquiátricos
Com doença mental | 93% |
Sem doença mental | 7% |
Depressão | 70% |
Alcoolismo | 15% |
Esquizofrenia | 3% |
Ansiedade fóbica | 3% |
Dependência de drogas | 1% |
Psicose aguda esquizo-afectiva | 1% |
(Adaptado de Liberal e Azevedo in Actas da VII Semana de enfermagem)
Uma das conclusões imediatas aquando da observação dos dados apresentados, é que 93% dos indivíduos que cometeram suicídio, estavam considerados mentalmente doentes e que a forma depressiva da doença psiquiátrica é grandemente maioritária em relação às outras doenças, como factor de grande risco para a consumação do suicídio.
Tentativa de suicídio anterior
Um passado de ameaças e tentativas de suicídio é forte factor de risco já que a maioria dos suicídios consumados, são praticados por pessoas com pelo menos uma tentativa não consumada (apelativa).
Outros factores
Entre outros factores que podem predispor o indivíduo à tentativa de suicídio encontram-se factores relacionados com
- Situações clínicas, ou seja, dor crónica, doença terminal, tumores, desfiguração sobretudo facial, entre outros;
- Idade, em geral o risco aumenta com a idade, no entanto hoje em dia o suicídio na adolescência está acontecer em larga escala… ;
- Sexo, as mulheres tentam o suicídio três a quatro vezes mais do que o homem, no entanto o homem costuma ser mais “eficaz”;
- Situação conjugal, devido ao isolamento social, os solteiros, viúvos e divorciados, apresentam, maior risco de suicídio;
- Profissão, os desempregados e reformados estão sob maior risco;
- “Factores agudos”, ou seja acontecimentos recentes, tais como. Perda significativa, caso amoroso, desesperança, história familiar de suicídio.
Assim de um modo geral estes são os factores que podem predispor o indivíduo a cometer suicídio, poderia especificar mais estes factores, tanto no âmbito da criança como no adolescente já que possuem especificidade próprias da idade. Por exemplo na criança o suicídio poderá estar relacionado com uma situação familiar caótica, medo ou humilhação na escola, violação sexual. Enquanto que num adolescente poderão ser factores predisponentes o facto de haver um sentimento de ausência compreensão por parte dos outros, problemas familiares (particularmente com os pais), problemas sexuais entre outros. No entanto pretendi neste trabalho não especificar e aprofundar estas duas vertentes, já que o meu objectivo é principalmente abordar no geral esta problemática e aprofundar mais um pouco qual o nosso papel perante uma pessoa com ideação, ou tentativa de suicídio anterior.
Curiosidade: Acredita-se também que os meios de comunicação às vezes sensacionalizam ou romantizam o acto de suicídio.
Sinais de Alarme
Tendo em conta os factores predisponentes para o comportamento suicida, existem certos sinais que nos alertam para que uma pessoa próxima o posso vir a cometer, para isso há que ter em consideração alguns dos sinais que nos poderão alertar e ajudar a pessoa “a tempo”. Como profissionais de saúde devemos ter a capacidade de os identificar e de certo modo sensibilizar as famílias e a população para tal, o “mito” de que as pessoas que cometem suicídio não falam deste, é completamente errado..., pelo contrário estas deixam-nos pequenos sinais de algo “corre mal” até pelo seu próprio comportamento e mesmo até quando o verbalizam..., porque esta atitude nunca pode ser desvalorizada. Alguns dos sinais de alarme são então: A existência de depressão, melancolia, grande tristeza, pessimismo (falar muito na morte, tudo parecer negativo, perdido, ...), insucesso escolar (por ex. por parte de quem era antes aluno interessado), apatia pouco usual, letargia, falta de apetite, insónia persistente, ansiedade ou angústia permanente, abuso de álcool, droga ou fármacos, grande impulsividade, agressividade, dificuldades de relacionamento e integração na família ou no grupo, afastamento ou isolamento social, dizer adeus, como se não o(a) voltássemos a ver, oferecer objectos ou bens pessoais valiosos, etc...
Avaliação do risco de suicídio
A avaliação do risco de suicídio, consiste num passo muito importante, para os profissionais de saúde intervirem, tendo em conta a situação de cada pessoa. Ou seja, será muito diferente recebermos uma pessoa que já cometeu cerca de três tentativas de suicídio, de outra que possui ideação suicida, mas sem qualquer tipo de plano formulado. Colhermos dados da pessoa de forma a avaliarmos o possível risco de suicídio, torna-se importante e consequentemente preventivo, pois só assim as nossas intervenções irão de acordo às necessidades que cada um tem. A avaliação do risco de suicídio pode ser quantificada, mediante a implementação de um formulário dirigido ao paciente, incluindo vários factores entre eles se existe plano de suicídio e qual a sua letalidade, a existência de ideação suicida, se há história de tentativas anteriores, entre outros elementos também considerados importantes. Existem hoje em dia diversas escalas para esta mesma avaliação, a sua implementação num serviço em que seja frequente a presença de pessoas com este mesmo risco, poderá ser uma forma importante de “orientar” as intervenções dos profissionais de saúde.
Avaliação de tentativa de suicídio falhada
Relacionado ainda com o ponto anterior, os pacientes que devem obrigatoriamente ser avaliados quanto ao risco de suicídio, são aqueles que já fizeram uma tentativa frustrada... . O enfermeiro deve assim ter sempre presente, ao fazer a avaliação da tentativa de suicídio, os seguintes questionamentos e validar com o mesmo: O método escolhido era perigoso?, O paciente realmente acreditava que o método funcionaria? (Pode ser útil saber se o paciente ficou surpreendido por ter sobrevivido), O paciente organizou a tentativa de tal forma que provavelmente seria descoberta ou não?, O paciente mostrou-se aliviado por ser salvo? O paciente estava apenas a ser apelativo, ou queria mesmo morrer? A tentativa foi de origem impulsiva, ou foi atempadamente planificada? Foram circunstâncias de vida, ou circunstâncias psicológicas que levaram o paciente à tentativa de suicídio?
Estas são algumas das formas que nós como enfermeiros podemos utilizar de modo a avaliar “uma tentativa de suicídio falhada”, no entanto torna-se muitocomplexo..., já que devemos ter em atenção que esta avaliação está de certo modo sujeita a factores de ordem subjectiva.
Na maior parte das vezes (se não em todas) uma tentativa de suicídio falhada, provoca mudanças significativas no meio onde o indivíduo está inserido. Em relação à família esta poderá sentir-se culpada, levando a uma recuperação do interesse pelo indivíduo, a atenção do meio em geral será atraída, suscitando reacções de benevolência, os conflitos e relações embaraçosas podem “guardar-se” temporariamente (mas não desaparecem..., é importante ter isto em conta...) e pode também por vezes significar uma mudança radical na sua vida, por exemplo, a hospitalização, o divórcio, o tratamento psiquiátrico, etc
Acções de enfermagem
No âmbito deste trabalho pretendi conhecer mais aprofundadamente, qual o nosso papel, como enfermeiro..., mas em termos de... Como devo abordá-lo?... O que devo ou não dizer?... Quais as palavras correctas?... Será ideal ser directo?... São estas algumas das questões que pretendi dar resposta a mim mesma, porque penso que são essenciais para a minha aprendizagem. Daí eu pretender neste trabalho fazer um ponto acerca e só das acções de enfermagem neste âmbito. Deste modo e segundo Liberal e Azevedo (1997) ao abordar estes pacientes devemos essencialmente ter em conta...
Abordagem sem críticas nem falsos moralismos;
Atitude empática;
Entrevistar o doente em local privado. Não admitir, na primeira entrevista a presença de familiares ou amigos;
Não mostrar receio de questionar o doente;
Avaliar o doente sobre: se houve tentativas de suicídio anteriores, se há verbalização do pensamento suicida, se há comportamentos de índole suicidária, se há base psicológica fragilizada, se há intoxicações anteriores ou actuais, ou seja, avaliar o risco de suicídio.
Todas as tentativas de suicídio devem ser encaradas como um sinal de aviso;
Se o doente se recusar a discutir os seus pensamentos ou comportamentos suicidas, devem ser envolvidos a família e os amigos;
O arrependimento manifesto, não deve nunca tranquilizar o técnico;
Se o tratamento impuser hospitalização, devemos ter em atenção que muitos dos suicídios são levados a cabo nos internamentos, pelo que é necessário extremar as precauções nas primeiras 48 horas. Nesta fase, o enfermeiro deve então dirigir todos os esforços no sentido de preservar a vida do doente. Deste modo é importante:
Observar atenta e constantemente o doente, a fim de garantir que este não leve a cabo os seus objectivos suicidários;
Vigiar discretamente os doentes que tenham referenciado a existência de uma carta de despedida e os doentes que numa tentativa anterior, tenham usado mais do que um meio para consumar o suicídio;
Vigiar especialmente os doentes com características marcadamente depressivas;
Não permitir o acesso a instrumentos potencialmente perigosos e que possam ser usados na consumação de um acto suicidário;
Nunca subestimar as condutas do doente, registando com precisão as mesmas, estabelecendo uma comunicação eficaz com a restante equipa;
Prevenção do suicídio
Segundo Saraiva (2003) não se pode “restringir” a prevenção, por exemplo aos profissionais de saúde..., esta passa por todo um conjunto de acções de todos nós..., que temos a possibilidade de prevenir este tipo de comportamentos. Desde a comunicação social, que pode evitar glorificar ou pormenorizar os comportamentos suicidários. Já que existem pessoas demasiado fragilizadas/vulneráveis à sugestão, ou mesmo psicopatologicamente afectadas, que poderão de um momento para o outro activar impulsos de auto-destruição, perante uma história suicida recheada de detalhes e aspectos mais íntimos, com maior risco de identificação.
MOREIRA, Vasco; PIMENTA, Hilário – Dimensão Comunicativa: Português B 12 º ano. Porto: porto Editora, 2000. ISBN 972-0-40054-4;
QUEIROZ, Maria João – Saúde em mapas e números in www.eurotrials.com Eurotrials: Consultores científicos, nº14, Junho 2004.
SARAIVA, Carlos Braz – Para-Suicídio: Contributo para uma compreensão clínica dos comportamentos suicidários recorrentes. Coimbra: Quarteto Editora, 1999. ISBN 972-8535-00-7;
SARAIVA; Carlos Braz – É possível prevenir o suicídio? In www. Artigos 2003
STENGEL, Erwin – Suicídio e Tentativa de suicídio. Universidade Moderna nº 64, Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1980.
STUART, Gail w.; LARAIA, Michele T. – Enfermagem Psiquiátrica: Princípios e Prática. 6º Edição. Porto Alegre: Artmed Editora, 2001. ISBN 85-7307-713-1.
www.spsuicidologia.pt
Compete também à população actuar sobre armas de fogo, pesticidas e medicamentos, quer dificultando o acesso quer exercendo alguma pedagogia. Porém, visto que na maioria dos casos a essência do comportamento suicidário é apelativa, seria vantajoso que as pessoas em risco soubessem aonde recorrer quando se olham como potenciais protagonistas da própria morte. Médicos de família, serviços de psiquiatria, telefones SOS, deveriam ter acessos fáceis, simplificados, na medida em que muitos desses indivíduos não têm capacidade de decisão nem auto-domínio para procurar ajuda. Por outro lado, nem sempre a comunicação verbal surge e às vezes as queixas apresentam-se mais pela linguagem corporal, através de apatia pouco usual, isolamento ou insónia. Tais sinais de alarme mais confirmam a impreparação das famílias para lidar com estas situações... . Perante uma ideação suicida, o recurso aos telefones SOS (Voz Amiga, Telefone da Amizade, Telefone Amigo, Palavra Amiga, SOS Estudante, etc) é uma possibilidade excelente. Todos estes centros visam o companheirismo, a partilha, para alguém em crise de solidão ou desespero, oferecendo um clima de abertura, dentro dos princípios da confidencialidade e anonimato, permitindo novas reflexões sobre os problemas do quotidiano e procurando que a pessoa descubra por ela outros pontos de vista, outras alternativas.
Depois do papel da comunidade e dos media na prevenção do suicídio, perguntar-se-á: e a Escola?... Não será exagerado afirmar que um país espelha a Escola que tem. Um adolescente deve ser mais do que uma “enciclopédia ambulante”, ele deve saber brincar, divertir-se, entusiasmar-se. A primeira pergunta que toda a gente faz a um jovem é: “Tens tido boas notas?”, ninguém pergunta se é feliz, se tem amigos, se pratica desporto, afinal se gosta de viver! As palavras que os perseguem são ganhar, competir, realizar, etc.
E o que tem feito o poder político?... Quando se é velho e solitário, compete à sociedade apoiar, dar os meios mais dignos aos idosos, impossibilitados de estarem autónomos, abandonados porque deixaram de “produzir”. No limiar da sobrevivência, comendo pão, sopa e pouco mais, sem dinheiro para os medicamentos, em casas degradadas, por vezes sem telefone, não espanta que sejam os idosos quem mais se suicida. Outro aspecto que deveria merecer particular atenção do estado é o problema do homem adulto que fica desempregado, com a família a seu cargo, numa situação que persiste e para a qual não vislumbra alternativa. Em certos casos tal corresponde a uma baixa do estatuto social, com um perigoso isolamento que poderá conduzir a uma qualquer revolta ou à renúncia à vida. Por isso, a política social de um governo atento ao bem estar dos seus cidadãos deverá também contemplar a prevenção do suicídio.
E a saúde?... É imprescindível continuar a formação dos profissionais de saúde, no sentido do reconhecimento e despiste precoce das patologias mais comuns subjacentes a um suicida. O suicídio pode obedecer a uma linguagem de comunicação demasiado simbólica ou secreta, donde o apelo, quando de tal se trata, pode não ser compreendido.
“O acto pessoal de suicídio, que representa um estado de infelicidade pessoal e ao mesmo tempo a convicção da vítima de que os seus semelhantes são impotentes para remediar a sua situação, nunca pode ser visto com indiferença” (STENGEL, p.9, 1980)
Conclusão
Acompanhar a pessoa ajudando-a a desenvolver estratégias que lhe permitam viver harmoniosamente consigo próprio e com os outros. Termos a capacidade de nos centrarmos nas dimensões físicas, afectivas intelectuais, sociais e espirituais da pessoa, identificando as suas forças e fraquezas na resposta às suas necessidades e adaptação ao stress ao longo das diferentes etapas da sua vida, é a afinal a nossa capacidade de estabelecer uma relação de ajuda que permita que “o homem que hoje se mata, num momento de melancolia, desejaria viver se esperasse uma semana.” (VOLTAIRE citado por Saraiva, p.14, 1999)
Referências bibliográficas
LIBERAL, Armindo; AZEVEDO, Julio – O Suicídio in Na procura do conhecimento a personalização dos cuidados: Actas da VIII Semana de Enfermagem. Lordelo: Escola Superior de Enfermagem de Vila Real, 1997. pp.59-65;
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www.spsuicidologia.pt
Obrigado a Joana Bento