Reeducação Funcional de Doentes com Coxartrose...,

 ... submetidos a Implante de Prótese da Anca.
Os objectivos da reabilitação nos utentes com implante da prótese da anca são:
  1. Postura e alinhamento corporal correcto
  2. Restituir o equilíbrio e a capacidade de deambular
  3. Permitir o recomeço das actividades de vida
  4. Ser autónomo
O enfermeiro deve fazer ensino e treinar, não só o utente como os seus familiares pois todo este processo tem continuidade após a alta. O ensino deve ser sobre:
  1. Posicionamentos na cama e na cadeira
  2. Técnicas de saída e entrada na cama, prevenindo a luxação da prótese
  3. Técnicas de automobilização osteoarticular
  4. Técnicas de tonificação muscular
  5. Marcha correcta com meios auxiliares como canadianas, andarilhos, etc.

A prótese pode ser implantada por duas vias cirúrgicas: A via de Moore ( faz-se a incisão cirúrgica de cerca de 15 cm, na face latero-externa proximal da coxa) e a via Anterior Directa (cuja incisão cirúrgica é na região latero-proximal da coxa)..

Dependendo da abordagem cirúrgica assim irão ser os cuidados de enfermagem e de reeducação funcional. Assim perante a via de Moore:
  1. Doente posicionado em decúbito dorsal, com o membro operado em abduçaõ e rotação externa. NÃO DEVE FAZER A ABUÇÃO E ROTAÇÃO INTERNA.
Na via Anterior Directa:
  1. Doente posicionado em decúbito dorsal com o membro operado em posição anatómica. NÃO DEVE FAZER A ABDUÇÃO NEM A ROTAÇÃO EXTERNA.
Qualquer uma das abordagens permite:
  1. O membro operado é posicionado com a utilização de uma almofada pequena na região poplítea com uma flexão de 30º, que deve alternar com períodos de 2 horas com almofada e uma hora sem almofada.

A mudança de decúbito dorsal para o lateral deve-se:
  1. Em decúbito dorsal com joelhos flectidos a 70º
  2. Com uma almofada entre os membros de modo a mantê-lo em abdução e rotação externa (via de Moore)
  3. Com uma almofada entre os membros para mantê-lo na posição anatómica (via Anterior Directa).
  4. Roda em bloco para o lado contralateral (lado são)

1ª semana pós-operatório:
  1. Posicionar o doente
  2. Quando lateralizado, usar uma almofada da raiz da coxa até ao joelho e outra do joelho à região da tibiotársica (atenção à abordagem cirúrgica).

A partir da 1ª semana :
  1. Utilizar uma almofada entre os joelhos.
  2. Facilita o autoposicionamento

REEDUCAÇÃO FUNCIONAL MOTORA
Exercícios de mobilidade articular:
  1. Início após as 48 horas da cirurgia
  2. Mobilizações activas e activas assistidas em todas as articulações do membro operado
  3. Mobilizar os restantes segmentos articulares do corpo.
  4. De forma progressiva é feita a recuperação da mobilidade articular da anca com prótese atingindo os 90º de flexão entre os 8º e 10º dias
  5. Não ultrapassar estes graus de flexão pois pode luxar a prótese.
  6. Na via de Moore, a adução não vai além da linha média anatómica e a rotação interna não está indicada.
  7. Na via anterior directa, utiliza-se a adução e a abdução com amplitudes de 10º e 15º. A rotação externa não está indicada.

Exercícios de Tonificação Muscular
Após as 48 horas da cirurgia deve-se começar o fortalecimento do musculo, que deve ser em simultâneo com coma recuperação da mobilidade articular:
  1. Trabalho Isométrico 4 dias após a cirurgia: médio e grande glúteo; quadricípede; isquio-tibiais; flexores da coxa; adutores e abdutores da coxa.
  2. Trabalho Activo depois do 5º dia para a anca que foi operada e trabalho activo resistido para os outros segmentos articulares.

Processo de sair e entrar na cama
  1. Levante no 4º ou 5º dia após a cirurgia.
  2. Doente em decúbito dorsal flecte os joelhos a 70º
  3. Roda o corpo em bloco para o lado contralateral
  4. Tenta arrastar o corpo para a beira da cama mantendo os joelhos flectidos e com uma almofada entre eles.
  5. Utiliza o braço que esta do lado da cama que irá fazer de alavanca e eleva o corpo enquanto as pernas se deslocam para fora da cama.
  6. Fica sentado na beira da cama.
  7. Passa para uma cadeira que se verifique que o doente ao sentar-se fique com a anca mais alta que o joelho. A anca não deve flectir mais que 90º.
  8. A passagem para a cadeira é feita pelo lado da perna sã.
  9. O enfermeiro ajuda o doente a verticalizar-se, não fazendo carga com a perna operada somente com a perna sã.
  10. Deve posteriormente ficar de costas para a cadeira e recuar até sentir a cadeira e com a ajuda dos braços senta-se.
  11. O membro operado deve ficar em rotação externa e abdução ou posição anatómica.
  12. Pode fazer levantes com apoio das barras da cama ficando de pé cerca de 10 a 15 minutos ou o tempo que o doente conseguir ficar.
  13. Inicia marcha no dia a seguir ao 1º levante.
  14. Durante o 1º mês – treino de marcha com canadianas a 3 pontos, com o membro que foi operado a fazer uma força de contacto ao solo de 4 a 5 kg.
  15. No 2º mês o aumento de carga é progressiva deve fazer marcha com carga total.
  16. No 3º mês anda sem auxiliares de marcha.

Recomendações depois da alta:
Prevenir luxações e dar bom uso à prótese:
  1. Deve fazer marcha com canadianas durante três meses
  2. Não deve fazer carga sobre o membro durante o primeiro mês
  3. Deve iniciar carga progressiva a partir do primeiro mês
  4. Depois dos três meses deve fazer marcha com canadianas
  5. Não deve carregar em pesos ou executar actividades que sobrecarregue a anca
  6. Não deve fazer mais de 90º de flexão na anca operada
  7. Não deve cruzar as pernas
  8. Não deve sentar-se em cadeiras ou sanitas baixas
  9. Não deve sentar-se em cadeiras sem braços, para evitar inclinar o corpo ao levantar-se provocando o aumento de carga na anca operada
  10. Não deve dobrar o corpo sobre as pernas a partir da posição de sentado
  11. Não deve fazer rotações bruscas ou forçadas da anca. As viragens na cama devem ser feitas evitando torções do tronco sobre a bacia
  12. Deve dormir com uma almofada entre as pernas pelo menos 8 a 12 meses
  13. Deve evitar pisos acidentados e andar de bicicleta
  14. Não deve aumentar de peso
  15. Deve tomar banho de duche em vez da banheira
  16. Todos os exercícios ensinados e treinados durante o internamento devem continuar pelo menos durante 6 meses.