Alterações da mobilidade no idoso

Os idosos são um grupo de risco e todos os seus problemas de dependência relacionados com a necessidade de mobilização e manutenção de uma boa postura, são do tipo potencial. (Berger e Mailloux-Poirier, 1995)

Os mesmos autores, referem que as transformações músculo-esqueléticas e neurológicas associadas ao envelhecimento afectam a mobilidade e a postura, com diminuição do equilíbrio, do tonus muscular e do porte, o que não significa perda de capacidade de se movimentar e problemas de dependência.
Por outro lado, alterações fisiológicas próprias do processo de envelhecimento, tais como, redução do débito cardíaco, diminuição da capacidade vital do aparelho respiratório, redução da eficácia dos mecanismos termoreguladores afectam a capacidade de fazer exercício e realizar actividades.

Causas
A ideia que os indivíduos mais susceptíveis de desenvolver os efeitos adversos da imobilidade são os idosos, é comum à maioria dos autores consultados. Parada e Pereira (2003) apontam três factores que contribuem de forma significativa para essa maior susceptibilidade:
  1. Alterações resultantes do processo de envelhecimento
  2. Múltiplas patologias frequentemente encontradas nesta faixa etária (osteoporose, doença cardíaca, etc.)
  3. Falta de apoio social e familiar, que contribui para um isolamento e inactividade progressiva.

Além dos factores biofisiológicos que podem afectar a satisfação da necessidade de se mover e manter uma boa postura, algumas doenças crónicas do sistema músculo-esquelético, sistema cardiovascular, sistema nervoso e aparelho respiratório estão na origem da restrição da actividade, nomeadamente:
- problemas que afectam directamente a mobilidade, tais como, problemas cardiovasculares e respiratórios que reduzem a oxigenação dos tecidos, diminuem a tolerância à actividade. A eliminação ineficaz de produtos e consequente fadiga e acumulação de líquidos nos tecidos limitam os movimentos. A artrite e reumatismo afectam cerca de 50% da população idosa e causam restrição de actividade. Também podem ocorrer distúrbios do metabolismo ósseo e alterações musculares que originem fraqueza geral do esqueleto e deformações irregulares.
- problemas que afectam a motivação, como por exemplo a intolerância psicológica resultante da incapacidade para controlar ou coordenar movimentos e ainda intolerância de origem psico-emocional (depressão, ansiedade) podem alterar a mobilidade.
- problemas iatrogénicos, nomeadamente realização de técnicas terapêuticas evasivas, reacções medicamentosas, acidentes e quedas e complicações decorrentes da imobilidade, desnutrição, dificuldade na eliminação vesical e intestinal, são também problemas que para a inactividade. (Berger e Mailloux-Poirier, 1995)

Consequências
Para Parada e Pereira (2003) as principais consequências adversas a nível músculo-esqueléticas são a atrofia e fraqueza muscular, as contracturas e a osteoporose. Refere ainda que com o repouso completo no leito um músculo pode perder 10 a 15% da sua força em cada semana, ou 1 a 3% por dia. Logo, um paciente que permaneça alectuado durante 3 a 5 semanas pode perder metade da sua força muscular.

Berger e Mailloux-Poirier (1995) apontam os seguintes efeitos da imobilidade e da inactividade sobre o sistema músculo-esquelético:
- A imobilidade prolongada afecta o comprimento dos músculos durante o repouso;
- Toda a articulação que deixa de suportar pesos, durante um longo período de tempo, perde a faculdade de efectuar movimentos;
- Toda a limitação da amplitude dos movimentos desencadeia uma alteração das funções da articulação e do músculo que activa a articulação;
- A musculatura perde a sua força.

Para Hoeman (2000) quando uma pessoa é incapaz de mover uma parte do corpo ou a sua totalidade em consequência de doença, acidente ou método de tratamento, podem ocorrer, num curto prazo, numerosas complicações:
  1. Cardiovasculares: hipotensão ortostática, sobrecarga cardíaca e formação de trombos;
  2. Respiratórias: diminuição de movimentos respiratórios, diminuição do movimento de secreções e as alterações no equilíbrio de dióxido de carbono
  3. Metabólicas: actividade catabólica acelerada que leva a uma rápida destruição celular e deficiência proteica
  4. Osteoporose, contracturas e zonas de pressão
  5. Cálculos renais e infecção das vias urinárias
  6. Alterações hormonais, padrões do sono e sistema imunitário
  7. Desequilíbrio psicossocial.