Imobilidade - Inactividade


Para Cruz et.al. (1997) imobilidade não existe apenas em casos de repouso no leito, paralisias, traumatismos ou perda da mobilidade muscular ou articular. Pode ter vários sentidos, objectivos e consequências, apesar de existirem semelhanças nas manifestações provocadas por imobilizações, mesmo em situações e indivíduos diferentes. E, definem inactividade como restrição ou supressão, prescrita ou inevitável, não voluntária nem desejada de movimento normal, de maior ou menor parte do corpo (imobilidade física) causado por doença, tratamento e outros factores com maior ou menor potencial de melhoria ou agravamento, que pode ter sequelas graves e efeitos secundários que aumentam a sua duração e podem contrariar a tendência para a melhoria.

Os mesmos autores citando Valdona (1984) consideram quatro tipos de inactividade que podem levar a situações de imobilidade:
  1. Repouso prolongado no leito prescrito para tratamento de uma doença ou lesão
  2. Actividade neuromuscular restrita devido a paralisia
  3. Permanência contínua na mesma posição (deitado ou sentado)
  4. Estado de imponderabilidade (viagem espacial ou simulação)

Carnevali e Brueckner (1973) citado por Cruz et al (1997), salientam que além do tipo de inactividade devemos considerar outros aspectos, que podem influenciar a imobilização, nomeadamente a área atingida (física, emocional, intelectual e social), a causa (doença, tratamentos, factores próprios do indivíduo e seu meio), a extensão (que pode variar entre doentes ou situações diferentes no mesmo doente), a duração (limitação), a orientação (da mudança) e as sequelas (consequências da duração e orientação).

Por outro lado, a imobilização pode manifestar-se apenas num segmento isolado (articulação ou membro) ou pode afectar todo o organismo (acamamento). (Horta, L., 1992)

Caso não sejam tomadas medidas adequadas durante a imobilidade, gera-se um ciclo vicioso. A imobilização leva a uma redução da actividade muscular e sequente redução da capacidade funcional do sistema músculo-esquelético. Esta, leva a um agravamento da imobilidade que conduz a uma redução da capacidade funcional do sistema cardiovascular e de outros sistemas orgânicos, a um descondicionamento e a um agravamento dos efeitos da inactividade. (Delise 1998)

Parada e Pereira (2003) também abordam o ciclo vicioso da inactividade e acrescentam que esta pode ser resultante do sedentarismo (inactividade crónica) ou motivada por uma intercorrência que obrigue ao alectuamento prolongado (inactividade aguda). Além disso, designam por descondicionamento o conjunto de alterações fisiológicas induzidas nos vários sistemas orgânicos pela inactividade física e que são reversíveis com o restabelecimento da actividade.

Mas, a imobilidade tem consequências a nível dos doentes e a nível económicas, podendo implicar segundo Horta (1992), aumento do tempo de internamento, maior utilização dos serviços, maior dependência nas AVD (com maior dependência de terceiros), necessidade de maior apoio familiar e maiores custos sociais.

Gomes (1998) indica dois factores que contribuem para a origem das complicações da imobilidade: a perda da posição vertical e a ausência de exercício.