Espirometria - Trabalho experimental



Licenciatura em Ciências Farmacêuticas
2º Ano/ 2º Semestre

Fisiologia Humana II


O objectivo deste trabalho experimental é a realização de um exame de espirometria, com a posterior análise e discussão dos resultados obtidos, a três individuos diferentes (normal, fumador e asmático).
Este tipo de teste é dividido em quatro partes diferentes (a primeira, uma expiração forçada após uma inspiração normal; a segunda uma expiração máxima, seguida de uma inspiração máxima; a terceira, três respirações normais, seguidas de uma expiração máxima e a quarta uma respiração normal durante 30 segundos).
Após a actividade experimental concluiu-se que o indivíduo com asma e o fumador apresentavam uma diminuição no volume tidal, ou seja, a quantidade de ar que se move para dentro e para fora dos pulmões numa respiração normalmente vai diminuindo, observou-se também uma diminuição acentuada da ventilação por minuto (indivíduo normal com valores mais elevados).

 
Fundamento Teórico
           
A espirometria é um exame que consiste na realização de medidas de fluxos e volumes pulmonares gerados durante ciclos respiratórios basais ou forçados. Os "sopros" dados pelo paciente são interpretados pelo aparelho, que os transforma em valores numéricos e em gráficos, muito importantes para o médico avaliar a capacidade pulmonar de uma pessoa, e verificar se esta não apresenta sintomas ou se é portadora de alguma doença pulmonar.
 

Este exame é habitualmente utilizado na investigação e acompanhamento de diversas doenças pulmonares, como teste de diagnóstico na avaliação da reversibilidade da obstrução das vias aéreas, na quantificação do comprometimento funcional do sistema respiratório e na avaliação pré-operatória de um doente.
O espirómetro é o dispositivo usado para medir os volumes pulmonares e actualmente, os espirómetros portáteis podem ser acoplados a qualquer computador e realizar exames de excelente qualidade. Existem diversos e complexos aparelhos, que por se encontrarem ligados a um microprocessador, apresentam automaticamente os cálculos dos parâmetros da capacidade vital e suas divisões. O registo obtido denomina-se espirograma. Este apresenta dois eixos, sendo o volume de ar representado pelo eixo vertical e o tempo pelo eixo horizontal.
Esta técnica permite-nos avaliar então, os volumes pulmonares: volume corrente; volume de reserva inspiratória; volume de reserva expiratória e volume residual.
O volume corrente (Vt) ou volume de tidal é o volume de ar inspirado ou expirado durante uma inspiração/ expiração normal. O valor de tidal normal, para um jovem do sexo masculino, é de aproximadamente 500mL. O volume de reserva inspiratória (IRV) é a quantidade de ar que pode ser inspirada, forçadamente, após inspiração do volume corrente normal e é aproximadamente 3000mL. O volume de reserva expiratória (ERV) é a quantidade de ar que pode ser expirada, forçadamente, após expiração do volume corrente normal e é aproximadamente 1100mL. O volume residual (RV) é o volume de ar que permanece nos pulmões e vias aéreas, após uma expiração, o mais forçada possível. E o seu volume é de aproximadamente 1200mL. O volume expiratório forçado no 1.º segundo (FEV) corresponde ao volume máximo de ar que é possível exalar no 1.ºsegundo numa expiração forçada, sendo um indicador muito útil, pois fornece uma informação sobre a resistência das vias aéreas. A capacidade inspiratória (IC) corresponde à soma do volume corrente com o volume inspiratório de reserva. A capacidade residual funcional (FRC) corresponde à soma do volume expiratório de reserva com o volume residual.
Associando os diferentes volumes obtemos as capacidades pulmonares, que nos surgem nos espirogramas, nomeadamente a capacidade inspiratória, a capacidade residual funcional, a capacidade vital forçada e a capacidade pulmonar total.
A capacidade vital forçada (FVC) corresponde à soma do volume inspiratório de reserva com o volume corrente e o volume expiratório de reserva. A capacidade pulmonar total (TLC) corresponde à soma da capacidade vital com o volume residual.
Os resultados obtidos são avaliados por um médico (pneumologista com experiência em fisiologia e fisiopatologia pulmonar) e podem revelar a causa de uma doença pulmonar e sua gravidade. No entanto, nem todos pacientes conseguem fazer adequadamente uma espirometria, e estima-se que até 15% dos exames realizados não devem ser aceitos pela dificuldade da pessoa de compreender os comandos do examinador ou de conseguir fazer os movimentos respiratórios da forma como é necessária para um exame correcto. Isso ocorre por vários motivos, dentre eles, a presença de doença respiratória grave, doença neurológica ou muscular, ou até mesmo por simples falta de coordenação entre os comandos dados pelo técnico que conduz o exame e a actuação do paciente.
Os resultados obtidos são valores absolutos ou percentagens dos valores normais esperados, devendo ser comparados com estes. Os valores normais esperados dependem do sexo, da raça, da idade, do peso, da altura e da condição física do paciente.


Figura 1- Volumes e capacidades pulmonares (VC-capacidade vital; RV- volume residual; ERV- volume de reserva expiratória; IC- capacidade inspiratória; FRC- capacidade residual funcional; Vt- volume corrente; TLC- capacidade pulmonar total)

Parte Experimental


Material
Espirómetro ligado a um detector electrónico e a um computador


Procedimento
1)     Primeiramente calibrou-se o aparelho
2)    Seguidamente colocou-se os dado do indivíduo no aparelho (data de nascimento, altura, sexo e peso)
3)    Colocou-se o “tubo” descartável no espirómetro
4)    Posteriormente realizaram-se o quatro testes (uma expiração forçada após uma inspiração normal; uma expiração máxima, seguida de uma inspiração máxima; três respirações normais, seguidas de uma expiração máxima e uma respiração normal durante 30 segundos)

(repetiu-se o mesmo procedimento para os restantes indivíduos)


Registo de Resultados


Testes

Indivíduo 1

(Normal)

Indivíduo 2

(Asmático)

Indivíduo3

(Fumador)

FVC

Valor obtido
Valor esperado
%
Valor obtido
Valor esperado
%
Valor obtido
Valor esperado
%
1,97
4,07
49
1,87
3,20
56
2,01
3,87
52

TV
Valor obtido
Valor esperado
%
Valor obtido
Valor esperado
%
Valor obtido
Valor esperado
%
0,63


0,54


0,45


MV
Valor obtido
Valor esperado
%
Valor obtido
Valor esperado
%
Valor obtido
Valor esperado
%
16,30


7,40


7,46


SVC
Valor obtido
Valor esperado
%
Valor obtido
Valor esperado
%
Valor obtido
Valor esperado
%
3,78
4,02
94
3,39
3,20
106
3,79
3,87
98

PEF
Valor obtido
Valor esperado
%
Valor obtido
Valor esperado
%
Valor obtido
Valor esperado
%
163
451
36
179
393
46
119
436
27

FEV1
Valor obtido
Valor esperado
%
Valor obtido
Valor esperado
%
Valor obtido
Valor esperado
%
1,88
3,59
52
1,54
2,90
53
1,70
3,45
49


Conclusão

Os resultados da espirometria pode ser afectada por vários factores, nomeadamente condições físicas e humanas, sendo deste modo um teste pouco fiável, mas é útil como método de diagnóstico de diferentes doenças pulmonares.
Os principais factores que podem contribuir para um afastamento dos resultados esperados são: problemas ao nível dos músculos torácicos e complacência pulmonar; o facto de o indivíduo ser fumador; ter ingerido um estimulante (café); a sua estrutura corporal; a não calibração da máquina em causa; eventuais erros que a máquina possa ter, isto é, não ser totalmente rigorosa; obstrução ou restrição das vias respiratórias; ou a posição da pessoa em causa ao efectuar o exame.
Teoricamente, um diagnóstico pode ser considerado normal caso o se a capacidade vital do indivíduo for superior a 80% e se o seu volume expiratório forçado for superior a 70%, este último aspecto não foi verificado em nenhum indivíduo.
Ao analisar os resultados obtidos, é possível verificar que após três respirações normais, seguidas de uma expiração máxima, o indivíduo normal apresenta um volume vital de 0,63L, ou seja, é aquele que apresenta um valor mais elevado seguido do asmático e por fim o fumador.
Por outro lado verificou-se que para a ventilação por minuto (MV) o valor mais elevado era para o indivíduo normal e que este era bastante mais elevado tendo em conta os outros indivíduos (16,30 – normal e 7,40 – asmático), este facto é bastante normal tendo em conta que os outros indivíduos apresentavam anomalias.
Verificámos também após os testes que a fracção da capacidade vital expirada durante o 1ºsegundo após a capacidade vital era inferior ao normal para todos os indivíduos, dado que o valor não se aproximou em nada de 83%.
Após a observação dos resultados e tendo em conta que o método utilizado só apresenta segurança quando a pessoa em causa se encontra num estado normal, é difícil afirmar que os valores são fidedignos. Contudo analizando os valores obtidos podíamos dizer que estes indivíduos apresentavam todos patologia pulmonar restritiva, dado que:

Ao compararmos o indivíduo 2 (fumador) com o 1 e 3 (não fumadores), verificamos que os valores percentuais do primeiro são menores que os valores dos indivíduos saudáveis, por exemplo, no fumador, o volume tidal está reduzido, devido aos danos provocados pelo tabaco, nomeadamente a nível alveolar.
Verificou-se também que a capacidade vital forçada (FVC) é mais reduzida para o indivíduo normal, este valor não se encontra de acordo com esperado, podendo esta alteração dever-se a factores externos. As vias aéreas dos fumadores encontram-se bastante obstruídas levando a um esforço adicional para iniciar a respiração, não sendo possível, num espirograma, atingir os valores normais para a fracção da capacidade vital expirada durante o primeiro segundo (49% para o fumador).
Bibliografia
  • Guyton- Hall, Tratado de Fisiologia Médica, 9.ª Edição, Mc Graw Hill- Internacional
  • Seeley, R.; Stephens, T., Tate, P., Anatomia e Fisiologia, Lisboa, 3.ª Edição, lusodidacta, 2001
  • Fauci AS, Braunwald E., et al, Longo DL, editors Harrison’s Principles of Internal Medicina, New York: McGraw-Hill, 1998
  • Smeltzer, Suzanne, e Bare, Brenda, Enfermagem Médica-Cirúrgica, vol.3, Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 1994.
  • http://www.hsvp.com.br/scripts/click_exames_cod.php3?codigo=100009


Por: Rita Gomes