Planear os cuidados de enfermagem de reabilitação...

... integrando-os no plano global de cuidados

Constituindo este trabalho uma etapa de avaliação enquanto enfermeiros num processo de aquisição de competências no âmbito da especialização em enfermagem de reabilitação, consideramos pertinente a metodologia proposta pela equipa pedagógica da Unidade Curricular denominada de ENFERMAGEM DE REABILITAÇÃO I, mais especificamente no 1º Módulo cujo o ênfase é atribuído á dimensão do corpo, movimento e harmonia.
Segundo o documento orientador do estudante, neste módulo um dos objectivos específicos entre outros é o de “planear os cuidados de enfermagem de reabilitação, integrando-os no plano global de cuidados”.
 

É então este o momento de articular os conteúdos curriculares com a formação em contexto de trabalho. Porque se trata de formação de adultos transcrevemos uma frase de Nóvoa citado por DIAS “ formar não é ensinar ás pessoas determinados conteúdos, mas sim trabalhar colectivamente em torno da resolução de problemas”.  
De facto, ao partirmos para o terreno para a execução do nosso trabalho, estabelecemos como prioridades as seguintes:
A selecção da pessoa/ família deveria estar inserida num contexto de prestação de cuidados de pelo menos um dos elementos do grupo;
Deveríamos proporcionar a todos os elementos do grupo uma perspectiva real da pessoa/família alvo dos cuidados;
O plano de cuidados de enfermagem de reabilitação deveria recolher os subsídios da equipa de saúde( médico assistente, fisiatra, equipa de enfermagem, fisioterapeuta);
 Todos os procedimentos só seriam realizados após consentimento informado e inserindo a pessoa/família como parceira;
Não ficarmos apenas por um trabalho académico e nesse sentido era fundamental que o que quer realizássemos deveria contribuir para a promoção da continuidade de cuidados.
E assim, partimos para o nosso trabalho de campo para a Santa Casa da Misericórdia de Arruda dos Vinhos, onde foi possível de uma forma célere e acolhedora dar cumprimento ás prioridades acima descritas.


Decorrida esta etapa, delineamos os seguintes objectivos:
GERAL: caracterizar a problemática subjacente à pessoa/família portadora de uma hemiplegia através de um estudo de caso.
ESPECÍFICOS:
Mobilizar os conhecimentos adquiridos na unidade curricular relacionando-os com a situação clínica da pessoa hemiplégica vítima de AVC Isquémico;
Descrever a situação clínica, social e familiar;
Elaborar um plano de cuidados de enfermagem de reabilitação;
Partilhar em contexto de sala de aula aos pares e equipa pedagógica;
Efectivar a continuidade de cuidados envolvendo a equipa de saúde, pessoa, família e comunidade.
Definimos como estratégia de recolha de informação, a observação participante, a prestação de cuidados e a realização de uma entrevista semi-estruturada, que permitiu obter a perspectiva do entrevistado e família sobre:
as estratégias de adaptação, ajustamento e coping;
status cognitivo e de comunicação;
capacidades funcionais comprometidas
recursos económicos;
estrutura, dinâmica e ambiente familiar.
 Estes dados, a observação do meio onde vive e o acompanhamento constante da situação por parte de um dos elementos do grupo proporcionou-nos a base para uma apreciação global sobre os recursos disponíveis no processo de reabilitação de um cidadão com hemiplegia, e sobre o papel da enfermagem de reabilitação.
A estrutura do trabalho compreende duas partes. A primeira, contém as componentes incapacidade e funcionalidade, nas quais se encontra a informação recolhida sobre a situação anterior e actual, à semelhança do modelo proposto pela CIF. A segunda parte, espelha a reflexão do grupo acerca do papel de enfermagem de reabilitação integrada na particularidade desta situação de vida, com a consciência de que tão vasto campo de acção não pode ser traduzido em vinte páginas. Por isso, se seleccionaram os aspectos que considerámos mais relevantes para este estadio de aprendizagem e para a construção da nossa identidade profissional... na enfermagem de reabilitação... e perante a vida. 
A bibliografia e os anexos complementam este trabalho.

? – A PROPÓSITO DE AVC ISQUÉMICO...
Esta é uma das doenças que constituem as denominadas doenças cerebrovasculares que predominam na meia idade e nos anos finais de vida.
A sua incidência aumenta com a idade, sendo portanto previsível que com o aumento da esperança de vida iremos ter cada vez mais pessoas afectadas.
Segundo HARRISON (1988), a morbilidade e a mortalidade por doenças vasculares cerebrais diminuíram nos últimos anos como consequência do reconhecimento e tratamento das doenças arteriais e cardíacas subjacentes.
A isquémia cerebral é causada por uma redução do fluxo sanguíneo que dura vários  segundos a alguns minutos. São necessários apenas 10 segundos de interrupção para ocorrer falência metabólica do tecido cerebral. Se a anormalidade da perfusão persistir por alguns minutos há lesão neuronal. Períodos mais longos de isquémia resultam em necrose tecidual franca acompanhada de edema cerebral denominado de “edema isquémico”. A rapidez de desenvolvimento do edema depende da duração e gravidade da isquémia sendo a substância branca a mais afectada.
 As causas mais comuns de isquémia são a aterosclerose com tromboembolia e embolia cardiogênica.
O AVC Isquémico manifesta-se pelo início  abrupto de um déficit neurológico focal e caracteriza-se clinicamente, pelo seu modo de início e evolução subsequente.
Os sinais e sintomas variam segundo a localização da oclusão e a extensão do fluxo colateral poupado, contudo é frequente o início súbito de uma hemiparésia contralateral podendo igualmente ocorrer sintomas de disfunção cerebral como perturbações sensitivas, hemianopsia e um certo grau de afasia.
O tratamento do AVC têm duas fases que são o tratamento na fase aguda e a reabilitação dirigida para o déficit neurológico, para a prevenção das complicações da imobilidade e centrada nas potencialidades da pessoa/família.



A FAMILIA

A enfermagem tem por objecto a pessoa, sendo o cuidar a sua essência, portanto não é possível conceber enfermagem sem relação enfermeiro-pessoa e não existe relação sem comunicação.
Na forma como se prestam os cuidados veiculamos um poder; sendo que o poder é a capacidade de influenciar alguém e de lhe provocar alguma alteração na sua cognição, no seu comportamento ou na sua emoção, o enfermeiro de reabilitação tem de ter a consciencializado desse poder e de como o exerce. De acordo com Graça Carapinheiro os comportamentos estratégicos dos doentes estão constantemente balizados pelos processos que constituem a fenomenologia da hospitalização, de tal modo que os seus tempos são ignorados e as suas condutas arregimentadas, em função das rotinas das actividades hospitalares. A noção de poder está intimamente relacionada com a nossa identidade profissional, o nosso poder junto da pessoa passa pelo facto de sermos os primeiros a recolher dados junto dela, estarmos presentes nas 24 horas do dia, termos conhecimento em “primeira mão” do seu estado físico e psíquico, temos o poder da execução técnica e simultaneamente o poder da relação de proximidade humana com a pessoa.
Colliére afirma mesmo que cuidar é agir sobre o próprio poder de existir. O enfermeiro de reabilitação actua “ no pleno coração da vida social das pessoas” (Hesbeen, 02:31).
Pelo descrito, o poder na relação enfermeiro de reabilitação/pessoa assistida tem de ser um “poder pela positiva”, de forma a agir em conjunto com..., evitando todas as formas de poder de dominação, para não correr o risco de reduzir a pessoa a um corpo/objecto, nem de o coagir ou submeter a..., evitando, decidir de modo soberano, centrando a tomada de decisão na pessoa do profissional, não dando espaço/tempo para que o outro possa interferir na decisão  e não procurando o “feed-back” comunicacional para averiguar se o outro está na posse de toda a informação que necessita sobre os cuidados prestados. O poder de agir em conjunto leva a estabelecer e desenvolver uma relação de ajuda eficaz, incluindo e partindo da pessoa assistida, assegurando-lhe a participação activa no (seu) processo de cuidar. Por isso o poder que se veicula na prestação de cuidados passa por toda a espécie de alternativas, numa complexa rede de relações em que o cuidar surge como a partilha de um poder entre os utilizadores dos cuidados e os que os prestam, que promova a autonomia, a mobilização das capacidades da pessoa cuidada, os seus saberes, os seus valores e as suas crenças, envolvendo aqueles (família) que ela quer ver envolvidos.
A pessoa internada e afastada do seu meio tem uma necessidade absoluta de se fazer ouvir e entender pelos outros, tem necessidade de se sentir personalizada e importante por aquilo que é e não pelo número da cama que ocupa, é preciso de identificar as suas emoções, necessidades e problemas.
O respeito pelo outro, a confiança e a autenticidade sustentam a relação de ajuda, nunca esquecendo que o outro, tal como nós, é uma pessoa.
É impossível conceber cuidado em enfermagem sem a componente da educação para  a saúde da pessoa/família que é cuidada para a manutenção, restauração ou adaptação à situação de saúde, privilegiando ao máximo a independência e a autonomia de quem é cuidado.
O enfermeiro de reabilitação tem de ser um educador/formador de excelência, tanto ao nível da reabilitação em si, mas também ao nível da promoção de estilos de vida saudáveis. Hoeman (00:145) diz-nos que “o ensino e a aprendizagem são inseparáveis de cuidados de saúde de qualidade.”
A relação pedagógica é o contacto interpessoal entre os intervenientes de uma situação pedagógica e o(s) seu(s) resultado(s), neste caso especifico enfermeiro-pessoa assistida. estas relações sociais induzidas pelo acto educativo vão permitir que o outro se  descubra, evolua e estruture-se; os próprios programas de promoção da saúde, as estruturas e os sistemas de controle e de regulação utilizados pelo enfermeiro (com maior ou menor liberdade), bem como os métodos e técnicas pedagógicas, com uma maior ou menor permissividade à iniciativa da população face à sua aprendizagem e a sua própria concepção da natureza humana, da(s) cultura(s) da comunidade, bem como as suas características pessoais, a relação (segundo a sua personalidade e postura), as condições em que se realiza o acto de ensinar, vão influenciar todo o processo formativo e a natureza das relações que se estabelecem.
O “saber do enfermeiro” (como agente socializador) sofre uma concorrência, cada vez mais forte, dos media, que não podem ser ignoradas, com isto, o “seu saber” e sobretudo o seu papel não fica enfraquecido, pelo contrário, o seu papel é fundamental, porque a população têm muitas vezes “a ilusão do saber e ficam com imagens justapostas da realidade” (Postic,1990:116), este passa é de uma posição de detentor absoluto e de transmissor do saber, para a de animador/coordenador/organizador, estimulando, ajudando, sem se impor, fornecendo os instrumentos para a análise critica e investigação, desenvolvendo a criatividade, a iniciativa e a participação, fomentando a autonomia e independência, o que implica o ajustamento do acto pedagógico ao processo de aprendizagem de cada um, em que estes tenham uma maior tomada de decisão, tornando-o no epicentro da acção pedagógica, esta nova forma de estar na e em relação com o outro para promover a saúde implica uma nova posição do enfermeiro na mesma.
O poder associado ao saber, está presente em todas as relações pedagógicas, não há relação pedagógica que “não seja mediatizada pelo saber e regulada pelo poder que esse saber origina” (Estrela, 1994:33).
Esta relação pedagógica, na promoção da saúde, também é marcada pelo tempo e este não se coaduna dos ritmos individuais de cada um. O enfermeiro de reabilitação assume um papel determinante neste contexto formativo, permitindo o crescimento individual e rentabilizando-o para o desenvolvimento de competências, de autonomia e responsabilização na aquisição de hábitos de vida saudáveis.

PREPARAR O REGRESSO A CASA E FAMILIA

Objectivos
Metodologia diagnóstica
Metodologia interventiva
Técnicas
Promover a reintegração da pessoa assistida no seio familiar
Avaliar configuração familiar.

Caracterizar relações e dinâmica familiar.
Explorar como é vivida a doença.









Analisar redes de suporte formais e informais (colaboração de vizinhos).







Avaliar condições físicas do domicílio.


Aplicação de instrumentos de avaliação familiar.

Análise das barreiras sociais, culturais, físicas do ambiente familiar.
Identificar as estratégias mobilizadas pela família nas crises anteriores.
Identificar qual o papel assumido pelo utente no seio familiar após o primeiro AVC.
Identificar as Instituições de apoio existentes na área de residência.
Analisar possíveis redes de apoio entre vizinhança e outros familiares.




Visita domiciliária pré-alta, com vista a conhecer as condições do espaço, nomeadamente limitações para a mobilidade e risco de acidente por forma a maximizar o ensino/formação efectuada à família.
Entrevista.



Entrevista dos elementos em conjunto e em separado.
Observação da dinâmica familiar durante a visita ao Sr.






Contacto Enfermeira responsável pelos cuidados continuados, da área de residência. Entrevista à família com o objectivo de identificar possíveis pares para suporte.


Visita domiciliária com guião de observação, com a presença da família.
Realizada a 3 de Dezembro de 2005.
Proporcionar condições para que a família participe, efectivamente no processo de reabilitação
Identificar motivação familiar para participar nos cuidados prestados.
Avaliar potencialidades do meio familiar.
Identificar principais dificuldades sentidas e reais.
Organizar a prestação de cuidados em função do horário de visitas, das 10h às 21h.
Explorar como é vivida a doença e suas limitações.

Explicar objectivos do programa de reabilitação e em como a colaboração familiar o pode influenciar.
Pedir progressivamente a colaboração da família.

Marcar um horário com a família para posicionar, transferir, vestir/despir o utente.
Entrevista, de cada um dos elementos.


Marcar reunião com a família. Co-responsabilizar a família pelo processo.
Aproveitar momentos de visita para prestar alguns cuidados e pedir colaboração. Progressivamente ao envolvimento da família, criar momentos formais de ensino, promover a autonomia.
Diminuir e/ou eliminar atitudes e comportamentos de sobreproteção, minimização.

Desenvolver competências familiares de promoção da autonomia do seu familiar.

Identificar frases –chave e atitudes que reduzir a pessoa a um corpo/objecto.

Caracterizar como foi vivida a incapacidade pelo utente e família, coesão e como vivenciaram stress experimentado.

Avaliar forma/modo de prestação de cuidados e apoio dado nas situações de crise anteriores.

Estabelecer e desenvolver uma relação de ajuda eficaz, incluindo e partindo da pessoa assistida, assegurando-lhe a participação activa no (seu) processo de cuidar.

Promover a autonomia, a mobilização das capacidades do utente, os seus saberes, os seus valores e as suas crenças, envolvendo aqueles (família) que ela quer ver envolvidos.
Sensibilizar a família para atitudes de sobreprotecção, infantilização e minimização.
 Nos últimos dias de internamento tentar que seja a família a prestar todos os cuidados.
Monotorizar a adaptação do utente ao meio familiar.
Identificar dificuldades de adaptação nos primeiros dias no domicilio.
Contactar colega dos cuidados continuados.
Delinear plano conjunto de avaliação da adaptação
Reunião com colega.

Informar sobre cuidados prestados, grau de envolvência da família e trabalho efectuado.




PREPARAR O REGRESSO A CASA


O enfermeiro de reabilitação assume um papel fundamental nas mudanças que se pretendem obter nos contextos da prática. A preparação do regresso a casa é, talvez, o exemplo mais emblemático desse papel. Perspectivar o regresso a casa é perceber e actuar em função da autonomia e do autocuidado do outro. Para tal, antes de tudo é preciso encontrar o problema e através da definição dos seus contornos e implicações na  sua vida, mobilizar e empenhar a equipe de enfermagem no seu projecto de vida, apropriando-se dele, sem o transformar em seu (da equipe). Implica, igualmente mobilizar as sinergias necessárias e as acções convergentes para responder ás necessidades específicas daquele ser humano. Perceber como esta pessoa reage a esta situação em concreto, (e o seu modo/forma é diferente de todas as outras que passaram por situações semelhantes) e quais as interferências no seu projecto de vida, é essencial, porque se ninguém trabalhar com ele este aspecto e analisar estas dificuldades “que encontra para assegurar as necessidades do quotidiano em relação com as suas condições de vida e como as resolver, a situação desta pessoa vai agravar-se” (Colliére, 1989:237).
Hoeman (200:131) afirma que “os profissionais de reabilitação competentes são capazes de identificar as variáveis que afectam o regresso à comunidade; conduzir uma avaliação completa; participar no estabelecimento de objectivos mútuos; e intervir a um nível que promova o sucesso, autoconfiança e independência do utente”.
Mais do que fazer coisas preparar o regresso a casa é agir com, a partir e sobre a pessoa que se pretende ajudar. Para Gomes e tal (2000) as práticas têm por objecto a transformação da pessoa/família, contudo este agir não é cego, está inscrito na intencionalidade, no significado da acção.
É a apropriação deste princípio que dá toda a pertinência e sentido à compreensão, aceitação e controle por parte da pessoa/família da sua situação.
A enfermagem tem por função proporcionar à pessoa assistida e à família um processo de cuidados que “mobilize as capacidades da pessoa e dos que a cercam, com vista a compensar as limitações ocasionadas pela doença e suplementá-las, se essas capacidades forem insuficientes(…) procurando os meios mais adaptados para o conseguir” (Colliére1989:290).
 A preparação do regresso a casa implica uma parceria activa entre todos os intervenientes, nomeadamente entre o enfermeiro do hospital e o do centro de saúde. A perspectiva do desenvolvimento desta parceria será tão mais ampla quanto maior for a capacidade e o envolvimento das pessoas que estão nas instituições. Nesta sequência o enfermeiro de reabilitação deve tentar:
 _uma maior aproximação interinstitucional, sobretudo ao nível da hierarquia dos serviços e até das instituições, através de reuniões realizadas,
_aumentar o conhecimento da equipe e dos colegas do centro de saúde da situação e das estratégias de intervenção iniciadas no hospital, com uma maior individualização dos cuidados, fazendo-o a partir das necessidades da pessoa assistida, é da competência do enfermeiro “a construção de um processo de cuidados centrado na pessoa” (Gomes e tal, 2000:155). Tornando essa pessoa no motor do processo e do envolvimento com os recursos da comunidade onde vive, fomentado, deste modo, uma continuidade efectiva dos cuidados a partir das necessidades reais e sentidas deste.




CONCLUSÃO

A nossa profissão concretiza o seu objectivo de ser nas pessoas, que possuem uma experiência de vida própria, com valores próprios que desenvolveram ao longo do seu ciclo de vida e que podem ou não ser iguais aos nossos, mas que tem que ser respeitados ao longo do processo de cuidar.
Nesta sequência há a salientar o nosso papel de advogado, perante o outro que cuidamos favorecendo a sua autonomia e autodeterminação, informando adequadamente para que possam tomar decisões fundamentadas e apoiá-los nas suas decisões, sem os influenciar, promovendo a integridade e dignidade de cada pessoa, evitando a discriminação. É, sem sombra de dúvida, um papel de difícil execução pela falta de partilha de informação e por falhas na comunicação e, pela necessidade absoluta de não se fazerem juízos de valor e evitarem comportamentos que traduzam paternalismo e que não favoreçam a autonomia enquanto personificação de um principio.
A autonomia da pessoa, como nos diz Hesbeen (02), passa por reconhecer a presença do outro, a diferença entre um e outro e a igualdade entre as pessoas.
Aliás a flexibilidade que caracteriza a reabilitação tem que ter em conta a pessoa, a sua percepção individual, a sua resiliência, a sua capacidade de adaptação, o seu contexto de vida, prevendo as situações que surgirão no futuro.
Cuidar em enfermagem de reabilitação é um processo complexo, que envolve muitos intervenientes, tendo por base a pessoa assistida, sendo que “tudo o que está por realizar – é a palavra “cuidado””(Hesbeen, 02:57).
A finalidade deste “cuidado” é oferecer à pessoa e tentar ajudar com os meios proporcionados pelos saberes e pelas técnicas que se dispõem. Hoeman (00:84) descreve que “os profissionais de reabilitação interessam-se pela melhor forma de conseguir a qualidade de vida da pessoa, a independência no autocuidado e a capacidade de retomar a vida activa e por ajudar os clientes a reavaliar as capacidades funcionais”.



BIBLIOGRAFIA:
DIAS, José Manuel- Formadores: que desempenho? Lusociência, 2004. ISBN 972-8383-75-4
HARRISON – Medicina Interna. 14º edição, McGraw-Hill de Portugal, Lda,1998. ISBN 85-86804-03-7