INTRODUÇÃO
Define-se patologia como a “parte da medicina que estuda as doenças do ponto de vista clínico e anatómico”[1]
Hepatite é “qualquer afecção inflamatória do fígado e especialmente a de natureza viral.”[2]
As hepatites virais, são a infecção hepática mais importante e o principal problema de saúde nos Estados Unidos e em muitos outros países. O termo de hepatites virais é utilizado para nos referirmos a várias infecções, clinicamente semelhantes, mas etiológica e epidemiologicamente diferentes.[3]
Os objectivos propostos para este trabalho são: adquirir e aprofundar conhecimentos técnicos/científicos anteriormente apreendidos especialmente em relação às patologias em estudo; aumentar a destreza na elaboração de trabalhos escritos recorrendo a metodologia científica.
Tal como já foi referido anteriormente, neste trabalho abordaremos as Hepatites A, D e E. Relativamente a cada uma delas, faremos uma breve referência à definição, agente infeccioso, epidemiologia, hospedeiro, via de transmissão, período de incubação, sintomatologia, diagnóstico e prevenção. Por último, abordaremos as intervenções de enfermagem e outros assuntos que também achámos pertinentes, tais como, os grupos de risco e como viver com a hepatite.
No desenvolvimento deste trabalho foram utilizadas a metodologia investigativa e descritiva.
1 - HEPATITE
A hepatite é uma inflamação do fígado que pode ser causada por infecções (vírus, bactérias). Com a inflamação são destruídas células do fígado (hepatócitos e outros), com diversas consequências ao organismo. Há dois tipos de hepatite: aguda, de evolução rápida e duração limitada, e crónica.
Dependendo do agente que a provoca, tanto se cura apenas com repouso, como a pessoa infectada pode ter que ser sujeita a tratamentos prolongados, ou mesmo a um transplante de fígado quando se desenvolvem complicações graves como a falência hepática, a cirrose ou o cancro do fígado, que podem levar à morte.
Existem seis tipos de hepatite (A, B, C, D, E, e G ) e a causa difere conforme o tipo.
Cada uma destas patologias implica sempre uma visita ao médico e um acompanhamento adequado. Em muitos casos ter hepatite, não chega a ser um “verdadeiro problema”, já que o organismo possui defesas imunitárias que, em presença do vírus, reagem produzindo anticorpos, que lutam contra os agentes infecciosos e os aniquilam.
Mas, em algumas situações, estes não são suficientes para travar a força do invasor e, então, é necessário recorrer a tratamentos antiviricos.
No caso das hepatites infecciosas, há um período sem sintomas, chamado período de incubação. A duração dessa fase depende do agente causador. Depois aparecem sintomas semelhantes, por exemplo, a uma gripe, com febre, dores articulares e de cabeça. É comum que a melhoria dessas queixas gerais de lugar ao aparecimento dos sintomas típicos da doença, que são a coloração amarelada da pele e mucosas (icterícia), urina escura (cor de coca-cola) e fezes claras. Pode também notar-se o aumento do tamanho do fígado, com dor quando se palpa a região abaixo das costelas do lado direito.
Ao contrário de outras doenças, os doentes com hepatite podem ter um quotidiano muito próximo do normal, mas têm de conhecer as suas limitações e aprender a viver com hepatite.
1.1 – HEPATITE A
É uma infecção provocada pelo vírus da Hepatite A (VHA) que é absorvido no aparelho digestivo e se multiplica no fígado, causando neste órgão a inflamação denominada Hepatite A.
Este tipo de hepatite transmite-se de pessoa para pessoa quando os alimentos ou a água estão contaminados por dejectos, daí que seja mais frequente em países menos desenvolvidos devido à precariedade do saneamento básico.
A sua denominação é VHA- Vírus da Hepatite A- tem uma dimensão de 27 nm, é da família dos picornavírus, tal como o vírus da poliomielite.
O seu genoma é constituído por ARN positivo e monocatenário. Encontra-se por todo o mundo especialmente em locais onde as condições de higiene são escassas. Espalha-se através do contacto directo ou indirecto com material fecal duas a três semanas antes dos sintomas aparecerem.
O período de incubação é maior nas crianças que nos adultos, dura entre vinte a quarenta dias, espaço de tempo em que não se revelam quaisquer sintomas. A infecção pode durar seis meses, mas a maioria dos doentes recupera ao fim de três semanas.
Este vírus concentra-se principalmente no fígado, mas pode também ser encontrado no estômago e no intestino.
O VHA não destrói as células do fígado, é o próprio sistema imunitário que destrói as células infectadas.
Os estudos de prevalência no Brasil na população, através de exames sorológicos, demonstram uma redução dos índices. A prevalência está em torno de 65%, enquanto chega a 81% no México e a 89% na República Dominicana. Os índices de infecção pelo vírus da hepatite A estão relacionados à idade e às condições socio-econômicas das populações. No Brasil, chegam a 95% nas populações mais pobres e a 20% nas populações de classe média e alta. A diferença é mais acentuada entre crianças e adolescentes. Nas pessoas com mais de 40 anos de idade, a prevalência da infecção quase sempre é superior a 90%, refletindo as condições de risco existentes na infância.
Figura 1 – Prevalência da Hepatite A
O ser Humano é o único hospedeiro natural do Vírus da Hepatite A. A infecção por este vírus, produzindo ou não sintomas, determina imunidade permanente contra a doença.
Quanto à transmissão, em grande parte dos casos, não se consegue identificar a origem do contágio, esta é comum entre crianças que não aprenderam noções de higiene ou que residem no mesmo domicílio de pessoas infectadas.
Dez dias após uma pessoa ser infectada, desenvolvendo ou não manifestações da doença, o vírus passa a ser eliminado nas fezes durante cerca de três semanas.
O período de maior risco de transmissão é de uma ou duas semanas antes do aparecimento dos sintomas.
A transmissão pode ocorrer através da ingestão de água e alimentos contaminados por pessoas infectadas, que não obedecem a regras de higiene, como lavar as mãos após uso de sanitários. O consumo de frutos do mar, como mariscos crus ou inadequadamente cozinhados está também particularmente associado com a transmissão, uma vez que estes organismos concentram o vírus por filtrarem grandes volumes de água contaminada. Frutas, vegetais, saladas ou outros alimentos que estejam crus se forem manipulados por uma pessoa infectada ou lavados com água imprópria para consumo, podem ser contaminados e consequentemente contagiar quem os coma.
A transmissão através de transfusões, uso compartilhado de seringas e agulhas contaminadas é pouco comum.
Durante a gravidez o feto não corre quaisquer perigos se a mãe estiver infectada com o VHA.
De inicio a doença pode-se confundir com uma gripe, uma vez que ambas provocam hipertermia, dores musculo – esqueléticas, cefaleias, contudo as dúvidas desfazem-se quando a pele e os olhos ficam amarelados - icterícia. A icterícia é sinal que o fígado não consegue filtrar a bílis e esta entra na corrente sanguínea, isto é o sangue contém bilirrubina.
Assim os sintomas mais comuns são náuseas, falta de apetite, diarreia e icterícia. Estes são conforme a reacção do organismo e varia consoante a idade em que há contacto com o VHA.
A maioria das pessoas infectadas não apresenta quaisquer sintomas, por este motivo, muitos adultos descobrem que já tiveram Hepatite A através de exames de sangue.
O diagnóstico é feito pela detecção de anticorpos contra o vírus. Os anticorpos aparecem em duas variedades, IgM e IgG. O primeiro aparece na infecção aguda e o segundo após a cura protegendo para toda a vida e protegendo contra novas infecções.
As medidas de prevenção da hepatite A são essencialmente higiénicas, por exemplo lavar as mãos, usar água potável, lavar os alimentos, comer alimentos bem cozinhados. É necessário também redobrar o cuidado no contacto com pessoas contaminadas, como por exemplo lavar a louça a altas temperaturas, não utilizar a mesma sanita, não partilhar a mesma cama, ponderar o acto sexual.
É ainda aconselhável que os familiares ou parceiros sexuais façam análises para apurar se têm ou não anticorpos, caso estes não sejam detectados, estas pessoas devem ser tratadas com injecções de imunoglobulina, as quais permitem uma protecção rápida embora apenas durante três a seis meses.
A vacina é também uma medida de prevenção embora o processo de imunização seja demorado (cerca de um mês), de qualquer forma é mais eficaz que a imunoglobulina ( praticamente 100 %) assegurando uma protecção de cerca de 10 anos. Esta vacina foi obtida a partir do vírus inactivo, é considerada eficaz e não tem quaisquer contra-indicações. Os efeitos secundários são raros e caso se façam sentir são ligeiros, prendem-se com a própria toma, ou seja, dor, vermelhidão, inchaço, no local da picada.
Em principio esta vacina é tomada em duas doses, sendo feito um reforço seis a doze meses após a primeira toma, a segunda toma é questionável já qie a primeira garante 82% de protecção.
1.2 – HEPATITE D
A Hepatite D foi considerada doença em 1977, ano em que se deu a descoberta do virús que a provoca, o VHD ou Delta, e só se manifesta em conjunto com a Hepatite B, isto porque surge por co-infecção ou superinfecção.
Este vírus foi descoberto por Rizzetto e colaboradores, enquanto examinavam biopsias hepáticas de indivíduos infectados com o vírus da hepatite B (VHB).
Desde os primeiros estudos, o VHD emergiu como um importante problema médico porque é altamente patogénico e causa uma forma de doença hepática grave e rapidamente progressiva.
Esta doença é rara em Portugal, contudo, e apesar de não existirem estatísticas, pensa-se que existam cerca de quinze mil portadores crónicos no país. È por isso, uma doença um pouco desconhecida pelos portugueses.
O problema é que uma pessoa nunca sofre apenas de hepatite D: ou é infectada em simultâneo com o VHD e o VHB ou só contrai a doença quando já tem hepatite B. No caso da co-infecção, a hepatite pode ser grave e mesmo fulminante, mas raramente evolui para uma forma crónica. Já a superinfecção, provoca uma hepatite aguda grave e evolui em 80% dos casos para hepatite crónica, que podem provocar lesões hepáticas graves e contribuir para o desenvolvimento de cirrose. A evolução para cirrose demora entre cinco a dez anos, mas pode aparecer 24 meses após a infecção.
O VDH ou Delta é o agente infeccioso da chamada hepatite D. È muito pequeno (35 nm), pertence à família dos Viróides e o seu genoma é constituído por ácido ribonucleico (ARN) circular, de uma só cadeia. É único no seu género em patologia humana e não se consegue multiplicar senão na presença do vírus da hepatite B.
Tem um período de incubação de entre 15 a 45 dias e a sua presença no sangue é prolongada, podendo mesmo permanecer para sempre no organismo, o que pode originar formas mais graves de doença hepática.
A Hepatite D encontra-se, com maior incidência, na bacia do Mediterrâneo, no Médio Oriente, na Ásia Central, na África Ocidental, na bacia do Amazonas, na América do Sul, e em algumas ilhas do Pacífico Sul.
Figura 2 – Prevalência da Hepatite D
No caso da co-infecção os sintomas mais frequentes são: fadiga, letargia, anorexia, náuseas durante 3 a 7 dias após o período de incubação. Depois pode surgir icterícia, urina escura e fezes claras.
Na superinfecção verificamos que na fase aguda os sintomas são idênticos; na fase crónica, os sintomas são semelhantes, mas menos fortes.
A hepatite D fulminante é rara, mas é dez vezes mais comum do que noutros tipos de hepatites provocadas por vírus, e caracteriza-se por encefalopatia hepática, mudanças de personalidade, distúrbios no sono, confusão e dificuldade de concentração, comportamentos anormais, sonolência e, por último, estado de coma.
As conclusões apenas são possíveis de tirar, com alguma fiabilidade, depois de terem sido feitos testes serológicos.
No caso de se tratar de uma eventual co-infecção, o diagnóstico é feito com base no aparecimento de antigénios e de anticorpos específicos no sangue, durante a incubação ou já no despontar da doença. Os anticorpos anti-VHD desenvolvem-se tarde, na fase aguda, e normalmente diminuem após a infecção.
Na superinfecção, o VHB encontra-se no organismo antes da fase aguda, surgem anticorpos contra o VHD das classes IgM e IgG, sendo que estes últimos persistem por tempo indefinido. É possível, também, pesquisar no sangue o antigénio Delta e o ARN do VHD. A progressão para o estado crónico está associada à presença de níveis elevados de IgM anti-HD e IgC anti-HD.
A transmissão desta doença faz-se, normalmente, através do contacto com sangue contaminado e fluidos sexuais. Deste modo, as formas de contágio resultam de relações sexuais sem preservativo, da utilização de objectos cortantes que possam ter vestígios sanguíneos, como lâminas de barbear, escovas de dentes, agulhas e seringas ou outro material (sem uma passagem pela esterilização) utilizado na preparação de drogas ou na realização de tatuagens, «piercings», acupunctura e perfuração das orelhas.
A Hepatite D não se transmite pela saliva ou suor, pelo simples aperto de mão ou beijo.
Como é natural, dado a pessoa nunca ser infectada apenas com o VHD, a via de transmissão é semelhante à da hepatite B, embora penda mais para as questões sanguíneas. O período de transmissão dura enquanto a pessoa infectada tiver no organismo o antigénio Delta ou o ARN do VHD .
Tendo em conta as vias de transmissão, para prevenir é necessário: não dispensar o preservativo nas relações sexuais e não partilhar todo o tipo de objectos que possam ter estado em contacto com sangue contaminado ou de alguém de que se desconheça o seu estado de saúde, incluindo seringas, escovas de dentes, lâminas e outros objectos cortantes. É importante também ter em atenção a higiene dos locais onde se façam piercings, tatuagens e tratamentos com acupunctura. A vacina contra a hepatite B é uma forma bastante eficaz (95%) de prevenção da hepatite D, uma vez que o VHD só pode infectar alguém em presença do VHB. Em caso de exposição à doença, deve-se receber uma injecção de Imunoglobulina HB.
1. 3 - HEPATITE E
A hepatite E é uma doença infecciosa aguda, causada pelo vírus da hepatite E, que produz inflamação e necrose do fígado.
Como uma doença humana especifica, apenas foi identificada em 1980, quando se realizaram testes a anticorpos da hepatite A, na Índia, durante o estudo de uma hepatite epidémica transmitida através das águas, mas cujo agente infeccioso não era o VHA. Na altura foi, considerada uma doença hepática violenta sem qualquer outra classificação e só em 1988, com a descoberta do vírus, passou a designar-se hepatite E. A gravidade da infecção com o VHE é maior do que a provocada pelo vírus da hepatite A, mas a recuperação ocorre ao fim de pouco tempo.
O VHE é composto inteiramente por ácido ribonucleico (ARN) e proteína vírica e tem um diâmetro de 27 a 34 nm. Descoberto em 1988, foi primeiro classificado na família dos calicivirus mas, actualmente, existem dúvidas sobre a sua classificação.
O VHE é mais comum em locais com climas quentes do que temperados e, devido à sua forma de propagação, o maior perigo de infecção encontra-se nos países em desenvolvimento com sistemas de saneamento básico precários. Além da Índia, onde foi descoberto, já foi detectado no Médio e Extremo Orientes, no norte e oeste de África, nas repúblicas centrais da ex - União Soviética, na China e também na América Central.
Os especialistas avançam com a hipótese de o VHE ter desaparecido dos países industrializados num passado recente, tal como hoje o vírus da hepatite está a perder importância nestes mesmos países.
Epidemiologia
A doença pode ser fulminante, a taxa de mortalidade varia de 0,5 a 4%, com os casos verificados durante a gravidez, são bastante mais graves, podendo atingir uma taxa de 20%, se o vírus for contraído durante o terceiro trimestre. Existem também registos de partos prematuros, com uma taxa de mortalidade infantil que atinge os 33%. Nas crianças, a co-infecção com vírus VHE pode resultar em doenças graves, incluindo a falência hepática aguda.
Uma leitura das estatísticas indica que a doença tem uma maior taxa de incidência entre os adultos dos 15 aos 40 anos mas, segundo a Organização Mundial de Saúde, a baixa taxa registada entre crianças pode dever-se ao facto de a hepatite E, normalmente não provocar quaisquer sintomas nos mais novos.
Figura 3 – Prevalência da Hepatite E
Hospedeiro
O ser humano parece ser o hospedeiro natural do vírus da hepatite E, embora haja possibilidade de um reservatório animal (macacos, porcos, vacas, cabras, ovelhas e roedores).
O período de incubação oscila entre os 15 e os 64 dias (três a oito semanas, 40 dias em média) e a transmissão do vírus ocorre desde a segunda metade da incubação, até sete dias após o início da icterícia.
Os sintomas típicos entre os jovens e os adultos, dos 15 aos 40 anos, são a icterícia (que pode manter-se durante várias semanas), falta de apetite, náuseas, vómitos, febre, dores abdominais, aumento do volume o fígado e um mal-estar geral. Com menos frequência podem surgir diarreia e dor nas articulações. As crianças, em geral, não apresentam sintomas.
A evolução da doença em geral é benigna.
A doença é diagnosticada quando se detectam anticorpos IgM anti -VHE, após a análise bioquímica à função hepática. Esses anticorpos geralmente podem ser detectados quatro semanas após exposição.
A confirmação é feita através de exames sorológicos.
É durante o período de incubação e no início da fase aguda que o número de vírus no organismo atinge o máximo, acontecendo o mesmo com a quantidade que é libertada nas fezes; nesta altura é possível encontrar os antigénios no fígado e concluir, sem sombra de dúvida, que a pessoa em causa está infectada. Os métodos mais utilizados são o imunofluorescência e PCR para detectar VHE no soro e fezes.
O VHE propaga-se através da água e alimentos contaminados (o que pode determinar a ocorrência de casos isolados e epidemias) por matérias fecais, sendo mais rara a transmissão de pessoa a pessoa. Não há conhecimento de transmissão por via sexual ou através do sangue.
O período de transmissibilidade ainda não está bem definido, sabe-se que 30 dias após uma pessoa ser infectada, desenvolvendo ou não as manifestações da doença, o vírus passa a ser eliminado nas fezes por cerca de duas semanas.
Alguns especialistas referem a possibilidade de existir transmissão entre animais e homens, já que vários macacos, porcos, vacas são susceptíveis à infecção com o vírus da hepatite E.
Actualmente, ainda não existe uma vacina para a doença e, por isso, as formas de prevenção incluem redobrados cuidados de higiene quando viaja para zonas onde a doença é comum entre a população, assim devemos ter em conta que:
Þ Não se deve consumir água nem gelo que possa provir de lugares contaminados, sendo melhor optar por beber água engarrafada e selada ou então fervida;
Þ As frutas e os vegetais só devem ser consumidos depois de cozinhados e não se aconselha a ingestão de marisco cru;
Þ O cloro é o elemento químico que tem sido utilizado com sucesso na desinfecção das águas públicas nas zonas onde se registaram epidemias, também os desinfectantes à base de iodo já provaram destruir o vírus;
Þ Não está provado o contágio por via sexual, mas deve evitar-se o contacto oro-anal;
Þ Deve-se lavar cuidadosamente as mãos com água e sabão antes das refeições;
Þ O consumo de bebidas e qualquer tipo de alimento adquiridos com vendedores ambulantes deve ser evitado.
1.4 – INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM
O doente com hepatite necessita de cuidados gerais de suporte que promovam o repouso, o equilíbrio hídrico, a prevenção de lesões, a prevenção da disseminação da doença, os conhecimentos e nutrição adequados, o conforto, a prevenção da alteração da integridade cutânea e a prevenção do isolamento social. Se o doente com uma infecção pelo VHB ou VHD tem uma história de múltiplos parceiros sexuais, é necessários o aconselhamento e o ensino ao doente acerca das práticas de sexo seguro.
Torna-se ainda pertinente realizar ensinos aos doentes com hepatite onde sejam focalizados os seguintes aspectos:
àavaliação da fadiga: o doente com hepatite necessita de muito repouso, durante a fase aguda da doença. O nível de actividade física deverá ser determinado em função da intensidade da fadiga e da gravidade da doença no que diz respeito a cada indivíduo. Os períodos de repouso deverão ser alternados durante o dia.
à aumento da tolerância ao esforço: o doente deverá ser ensinado a aumentar, lentamente a sua actividade e de acordo com a sua tolerância. Com a prática de uma dieta adequada será fornecida a energia necessária ao aumento da actividade.
àmanutenção da ingestão hídrica e do estado nutricional: numa fase aguda da doença, verifica-se o aumento das necessidades associadas com a doença febril e com os vómitos, o doente necessita de 3000 ml/dia de líquidos. Deverão ser encorajados a ingerir líquidos, tais como sumos de fruta e refrigerantes, que forneçam tanto em ternos de quantidade como em nutrientes. A dieta deverá ser bem equilibrada e rica em nutrientes adequados.
Nas refeições deverão ser restringidas as gorduras, estas devem ser pequenas e frequentes. As bebidas alcoólicas devem ser evitadas, porque são metabolizadas no fígado.
1.5 – GRUPOS DE RISCO
- Familiares ou parceiros sexuais de pessoas infectadas;
- Pessoas que não estejam vacinadas ou que não tenham os anticorpos necessários;
- Médicos e paramédicos a trabalhar em hospitais;
- Viajantes para países menos desenvolvidos onde a doença é endémica;
- Toxicodependentes que usam agulhas não esterilizadas ;
- Tratadores de macacos ;
- Pessoas que trabalham na recolha e processamento de lixo e nos esgotos;
- Homossexuais masculinos ;
Frequentadores e pessoal que trabalha em instituições comunitárias, nomeadamente infantários, escolas, refeitórios, entre outras.
2-COMO VIVER COM HEPATITE?
O fígado é um dos órgãos mais importantes do corpo humano e quando está lesionado perturba todo o funcionamento do organismo, contudo, os doentes com hepatite crónica podem usufruir de uma vida muito próxima do normal. Desde que tenham em conta algumas regras essenciais, sem, no entanto, serem prisioneiros dessas mesmas regras.
Tentamos esclarecer algumas dúvidas que possam existir em relação a:
Como se alimentar?
Não é preciso seguir quaisquer regimes especiais, nem é conveniente afastar todo o tipo de alimentos, sob pena de desequilibrar o organismo, deixando-o com carências proteicas e vitaminícas, com risco de aumentar a sensação de cansaço. O ideal é seguir uma dieta equilibrada contemplando todos os componentes da pirâmide alimentar. O álcool é proibido pelo facto de favorecer a replicação do vírus e aumentar os riscos de cirrose hepática.
Como se movimentar?
A hepatite é acompanhada por uma grande dose de fadiga, mas os doentes crónicos não devem obedecer a esse capricho do corpo. Para lutar contra esse cansaço, aplicam-se os mesmos conselhos que aos demais: alimentação equilibrada, beber água com frequência, dormir bem e preencher o quotidiano e os tempos livres com actividades e projectos estimulantes. O exercício é recomendado pelo facto de aumentar o fluxo de sangue ao fígado, estimula a produção de colesterol HDL e elimina os excessos de colesterol LDL.
Como viajar?
Em casos de hepatite aguda a viagem é contra indicada. Já no caso de hepatite crónica a viagem é possível sendo, no entanto, necessário ter alguns cuidados, nomeadamente: vacinação sempre que possível, ter em atenção as refeições, ingerindo sempre alimentos bem lavados e bem cozinhados, e ter em especial atenção a ingestão de água que não se conhece.
Como gerir a vida sexual?
Não existem impedimentos em relação à actividade sexual, é no entanto aconselhável o uso do preservativo. Os contraceptivos orais não estão contra indicados, isto pelo facto, de serem raros os casos de contágio via sexual em caso de hepatite A. Deve evitar-se o sexo oro-anal.
Por vezes a insuficiência hepatocelular pode originar impotência e esterilidade. No caso de cirrose hepática os homens podem sofrer de hipertrofia das mamas, diminuição testicular e perda de pêlos púbicos e no caso das mulheres deixam de ter menstruação.
Gravidez?
A descoberta da hepatite durante a gravidez implica, como em todos os casos, o seu tratamento. Os riscos para o feto são limitados, porque a maioria dos vírus não consegue atravessar a barreira placentária. No entanto, em estado avançado, a possibilidade de engravidar é muito reduzida.
Como conviver com alguém que tem hepatite A?
Os membros da família devem ter muito cuidado com a higiene, esta tem de ser redobrada. Não se deve partilhar a mesma loiça, nem os mesmos talheres. Os sanitários devem ser desinfectados com lixívia e as mãos devem ser sempre lavadas após contacto com a pessoa infectada.
Contudo, não devemos esquecer que a Hepatite D, não se transmite através do beijo ou aperto de mão. Devemos tratar as pessoas doentes com o VHD como pessoas normais, dando-lhes carinho e afecto.
3-CONCLUSÃO
Chegado ao final deste trabalho podemos concluir que a hepatite (aguda ou crónica) é fruto de várias causas, em que as mais comuns são as infecções virais e o abuso de álcool. As hepatites sobre as quais incidiu o nosso trabalho têm como etiologia a infecção viral.
A hepatite A é transmitida por via oral, na maior parte dos casos através da água, do leite, das saladas e das ostras. O inicio é marcado por um estado gripal, com náuseas vómitos e diarreia, seguindo-se de icterícia. Caso não surjam complicações, a doença evolui para a cura num período de duas a três semanas.
A hepatite D é causada por um vírus . Esta hepatite atinge sobretudo os toxicodependentes e os politransfundidos. O vírus que é responsável pela hepatite D pode tomar uma forma particularmente grave nos portadores crónicos HBV.
No que diz respeito á hepatite E transmite-se por via oral-fecal, tal como a hepatite A. Só se observa num número limitado de países.
Relativamente aos cuidados de enfermagem dirigidos às hepatites em questão estes incidem sobre a prevenção, alívio dos sintomas e SES direccionadas para a avaliação da fadiga, aumento da tolerância ao esforço, manutenção ingestão hídrica e do estado nutricional.
Os objectivos a que nos propusemos inicialmente foram atingidos, pois conseguimos adquirir e aprofundar conhecimentos acerca de um tema que nos poderá ser útil para a nossa vida pessoal e profissional.
4-BIBLIOGRAFIA
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