A hepatite “é qualquer infecção do fígado. Pode ser causada por infecções (vírus, bactérias), álcool, medicamentos, drogas, doenças hereditárias (depósitos anormais de ferro, cobre) e doenças auto-imunes” (Grande Enciclopédia Médica – Saúde da Família, 2003, página 24).
Dependendo da sua etiologia, a hepatite pode curar-se com repouso, tratamentos prolongados ou mesmo transplante de fígado com o intuito de barrar o desenvolvimento de doenças hepáticas graves que podem levar à morte.
Em relação às que são causadas pelos vírus é possível classificar cinco tipos: A, B, C, D e E. Apesar de a hepatite C ser a mais mortal, é a hepatite B que mais ameaça a saúde pública, uma vez que como é transmitida por via sexual ou sanguínea acompanha muitas vezes a sida.
É muito frequente que os doentes se apresentem assintomáticos, sendo a cronicidade da doença muito comum no tipo B e muito elevada no tipo C.
Com a realização deste trabalho, pretendemos:
o alertar a população para o facto da hepatite B e C serem doenças infecto-contagiosas;
o informar a população acerca dos sinais e sintomas característicos destas doenças a fim de facilitar o diagnóstico precoce;
o dar a conhecer o papel da equipa de saúde na presença de hepatite B e C.
Este trabalho está conforme o guia de trabalhos da Escola Superior de Saúde da Guarda, organizado em duas partes, cada uma com doze capítulos:
o I – Hepatite B
1 – definição
2 – agente infeccioso
3 – distribuição / prevalência / epidemiologia
4 – reservatório / hospedeiro
5 – via de transmissão
6 – período de incubação
7 – sintomatologia
8 – diagnóstico
9 – tratamento médico
10 – intervenções de enfermagem
11 – prevenção / profilaxia
12 – outros pertinentes
o II – Hepatite C
1 – definição
2 – agente infeccioso
3 – distribuição / prevalência / epidemiologia
4 – reservatório / hospedeiro
5 – via de transmissão
6 – período de incubação
7 – sintomatologia
8 – diagnóstico
9 – tratamento médico
10 – intervenções de enfermagem
11 – prevenção / profilaxia
12 – outros pertinentes
A realização deste trabalho emprega como metodologia a pesquisa bibliográfica e na “Web”, que recorre a textos de apoio e obras literárias de diversos autores que desenvolveram o tema das hepatites.
I – HEPATITE B
1 - DEFINIÇÃO
A hepatite B é, segundo Dr. James Bevan (1980, página 259), uma inflamação do fígado provocada pelo vírus da hepatite B (VHB), foi descoberta em 1965, é a mais perigosa das hepatites e uma das principais doenças do mundo. Estes portadores podem desenvolver doenças hepáticas graves, como a cirrose e o cancro no fígado.
2 - AGENTE INFECCIOSO
Segundo o autor acima mencionado, o vírus da hepatite B (VHB), da família dos hepadnavírus, é composto por ácido desoxirribonucleico. Trata-se do único vírus de hepatite a possuir ADN como material genético e tem um diâmetro de 42 nm.
3 - DISTRIBUIÇÃO/ PREVALÊNCIA/ EPIDEMOLOGIA
Estima-se que existam 350 milhões de portadores crónicos do vírus. Estes portadores podem desenvolver doenças hepáticas graves, como já foi referido anteriormente, como a cirrose e o cancro no fígado, patologias que matam um milhão de pessoas por ano em todo o planeta. O vírus provoca hepatite aguda num terço dos atingidos, e um em cada mil infectados pode ser vítima de hepatite fulminante. Em dez por cento dos casos, a doença torna-se crónica, verificando-se esta situação mais frequentemente nos homens. Em Portugal, calcula-se que existam 150 mil portadores crónicos do VHB.
O VHB está mais presente na Ásia, Pacífico e África intertropical, onde se calcula que entre 5 – 20 % das pessoas sejam portadoras crónicas. O vírus tem menor incidência no mundo desenvolvido, Estados Unidos da América e Europa Ocidental, mas regista-se um elevado número de casos na Europa Central e Oriental.
4 - RESERVATÓRIO/ HOSPEDEIRO
O vírus da hepatite B encontra-se no Homem doente ou portador.
5 - VIA DE TRANSMISSÃO
Conforme o Dr. James Bevan (1986, página 260), o vírus transmite-se através de contacto com o sangue de uma pessoa infectada e através de relações sexuais, não protegidas, da mesma forma que o vírus da imunodeficiência humana (VIH), que provoca a Sida, que é 50 a 100 vezes menos infeccioso do que o da hepatite B.
Existe também a possibilidade de transmissão de mãe para filho, no momento do nascimento, uma forma de contágio especialmente grave e comum nas zonas hiperendémicas dos países em desenvolvimento, onde a maior parte dos infectados contrai o vírus durante a infância. Nos países industrializados, esta faixa etária é a que se encontra mais «protegida» já que a vacina contra a hepatite B faz parte do programa nacional de vacinação de 116 países, Portugal incluído, a qual abordaremos mais à frente. No mundo ocidental, Europa e América do Norte, o vírus é transmitido, sobretudo, aos jovens adultos por via sexual e através da partilha de seringas entre os utilizadores de drogas injectáveis.
A hepatite B não se transmite pelo suor ou pela saliva (a menos que esta tenha estado em contacto com sangue infectado), não podendo haver contágio através de um aperto de mão, abraços, beijos ou por utilizar pratos ou talheres de pessoas infectadas.
6 - PERÍODO DE INCUBAÇÃO
Na opinião do mesmo autor, o VHB tem um período de incubação longo, entre as seis semanas e os seis meses.
7 - SINTOMATOLOGIA
Os sintomas da hepatite B são semelhantes aos das hepatites em geral e incluem mal-estar generalizado, artralgias, cefaleias, mialgias, astenia, naúseas, vómitos, anorexia e febre. Além destes sintomas, podem ocorrer, posteriormente, icterícia, prurido no corpo, erupções cutâneas, urina escura e fezes claras.
“Ao final de 10 a 15 dias os sintomas gerais diminuem muito, mesmo na vigência da icterícia, que tende a desaparecer em 6 a 8 semanas em média (...)”, (Grande Enciclopédia Médica – Saúde da Família, 2003, página 41).
8 - DIAGNÓSTICO
Os marcadores que permitem diagnosticar a hepatite B que aparecem no organismo são primeiramente o antigénio HBs, que permanece um a três meses no organismo, e, posteriormente, antigénio HBe. O antigénio HBs significa que o vírus está presente no organismo e o antigénio HBe que o vírus se está a multiplicar, sendo, por isso, a fase de mais elevado perigo de contaminação.
Mais tarde, surgem os anticorpos HBc, anti-HBe e anti-HBs, que permanecem para o resto da vida, conferindo imunidade.
Assim, o médico faz uma consulta geral ao paciente e verifica se as dimensões do fígado aumentaram. Primeiramente, faz-se o controlo ao nível do sangue, bilirrubina e transaminases, e, se o seu valor for elevado, é prescrita a procura de antigénios e anticorpos no sangue.
Desta maneira, como já foi referido, a confirmação da hepatite B só se faz através de exames de sangue onde se identificam anticorpos, antigénios ou partículas do vírus da hepatite B.
“Certos casos só são descobertos na fase crónica ou na investigação da causa da cirrose e cancro de fígado de uma pessoa que não sabia ter hepatite”, (Grande Enciclopédia Médica – Saúde da Família, 2003, página 42).
9 - TRATAMENTO
Convém referir que “mesmo depois do tratamento, o doente continua a ser portador da doença. O tratamento consiste também em controlar a infecção pelo vírus e suspender o processo inflamatório. Contudo, é quase impossível erradicá-lo. É possível controlar a replicação do vírus, mas muito raramente eliminá-lo”, como nos menciona o Prof. José Velosa (in Medicina e Saúde, 2005, sem página).
Normalmente, as pessoas com hepatite não necessitam de hospitalização, excepto as que apresentam concentrações séricas de bilirrubina elevadas ou que têm hepatite fulminante.
“Os ensaios clínicos com alfa-interferon mostram que o tratamento precoce com injecções subcutâneas diárias de 5000 de unidade da alfa-interferon por 4 meses induz remissão da hepatite em mais de um terço dos pacientes e elimina o antígeno superficial da hepatite B (que indica o estado de portador) em 10% dos pacientes. Apesar destes resultados serem extremamente promissores, convém assinalar que o interferon é ineficaz em um número considerável de pacientes, deve ser administrado por injecções diárias e não é isento de efeitos colaterais. Estes podem incluir sintomas semelhantes aos da gripe e fadiga. É necessário um a acompanhamento a longo prazo para determinar se os efeitos do interferon são permanentes e se essa terapia acaba reduzindo a incidência de carcinoma hepatocelular nos pacientes com hepatite B”, (Tratado de Enfermagem Médico – Cirúrgica, 1994, página 847).
O uso de qualquer outro medicamento (anti-histamínicos, anti-heméticos, analgésicos, sedativos...) deve ser avaliado pelo médico, uma vez que a maioria será metabolizada no fígado.
O mais comum é a recomendação do repouso no leito o mais tempo possível e diminuição da actividade do doente, até que o aumento do fígado, das bilirrubinas séricas e das enzimas hepáticas tenham desaparecido.
Deve manter-se uma boa nutrição, com uma dieta equilibrada e pobre em proteínas e gorduras se a função hepática estiver alterada, assim como a não ingestão de bebidas alcoólicas.
Os vómitos e a eventual diarreia podem provocar distúrbios electrolíticos pelo que podem ser administrados líquidos por via endovenosa.

10 - INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM
Segundo Phipps, Sands e Marek (Enfermagem Médico Cirúrgica, 2003, página 1376), “o doente com hepatite necessita de cuidados gerais de suporte que promovam o repouso, o equilíbrio hídrico, a prevenção de lesões, a prevenção de disseminação da doença, os conhecimentos e a nutrição adequadas, o conforto, a prevenção de isolamento social. Se o doente tem uma infecção pelo VHB ou VHD tem uma história de múltiplos parceiros sexuais, é necessário o aconselhamento e o ensino ao doente acerca das práticas de sexo seguro”.
O enfermeiro deve recomendar o repouso e a diminuição da actividade do doente, assim como uma dieta equilibrada, como já foi referido atrás. A ingestão de álcool não é permitida, uma vez que é metabolizado no fígado.
Devido à febre e vómitos que possam ocorrer, o doente deverá aumentar a ingestão de líquidos, podendo estes ser administrados por via oral ou endovenosa (se as náuseas e os vómitos não permitirem a via oral).
O doente deve manter uma boa higiene oral a fim de aumentar o apetite.
Devem ser aplicadas medidas de conforto (banhos de relaxamento, massagem nas costas, roupa de cama limpa, ambiente calmo e escuro) a fim de minimizar o desconforto causado por cefaleias e artralgias.
Se se manifestar icterícia, a presença de pigmentos biliares na pele pode provocar prurido, pelo que as medidas acima citadas devem manter-se, acrescentadas do uso de roupas leves e não apertadas (evitar a lã), aplicação de cremes e loções emolientes na pele, evitar actividades que estimulem a produção de suor, administração de anti-histamínicos, se prescritos, centrar a atenção do doente em outras actividades como a leitura, televisão, rádio....
As unhas do doente devem manter-se cortadas e limpas para evitar o coçar da pele e a sua infecção consequente.
Se o doente manifesta um tempo acrescentado de protrombinas, a hemorragia deve evitar-se. Assim, deve fazer-se a recolha de sangue de uma só vez, pressionando durante cinco minutos o local de punção venosa, evitar injecções intramusculares e subcutâneas, usar escova de dentes macia, usar máquina de barbear em substituição de lâminas e examinar as fezes.
Para além destes procedimentos, o enfeiro deve aconselhar os doentes com hepatite a evitar a propagação da doença. A família e amigos que tiveram algum contacto íntimo com o doente devem ser avisados sobre o risco de contraírem a doença. No entanto, as visitas à pessoa doente, bem como a interacção social não devem ser evitadas.
O enfermeiro deve ainda manter um ambiente de confiança com o doente, para facilitar a conversa com este, uma vez que, como já vimos, a maior parte das intervenções de enfermagem passam pela educação do doente e, por vezes, pela administração da terapêutica prescrita.
11 - PREVENÇÃO/PROFILAXIA
A hepatite B pode ser evitada com a administração da vacina VHB que é usada tanto na profilaxia como após a exposição ao vírus (Enfermagem Médico Cirúrgica, 2003 página 1379). Esta vacina é composta por três doses que são administradas através de injecções intramusculares e regista uma eficácia de 95%.
A vacina VHB está incluída no Plano Nacional de Vacinação e não está contra-indicada na gravidez.
Segundo Phipps, Sands E Marek (Enfermagem Médico Cirúrgica, 2003, página 1379), a vacinação deve realizar-se antes da exposição, sendo prioritária nos profissionais de saúde, utentes e pessoal de instituições para recuperação de deficientes, doentes em hemodiálise, pessoas sexualmente activas com múltiplos parceiros, toxicodependentes por via endovenosa que partilham agulhas, receptores frequentes de produtos sanguíneos, conviventes e contactos sexuais com portadores de VHB, algumas populações e crianças Americanas, pessoas naturais do Alasca, ilhas do Pacífico, Sudoeste Asiático, isto é, provenientes de zonas onde a VHB é endémica, internados em instituições correccionais durante longos períodos e viajantes que planeiam residir em países estrangeiros onde há uma elevada incidência de VHB.
Segundo os mesmos autores, há ainda medidas de precaução que se baseiam na lavagem adequada das mãos do doente e pessoal, uso de luvas no manuseamento de fezes, urina, sangue ou líquidos orgânicos, existência de quarto e casa de banho privativos para o doente, adequada limpeza, introdução e etiquetagem de equipamentos e roupa contaminada, assim como a correcta destruição de instrumentos expostos a líquidos orgânicos dos doentes, entre outras.
12 - OUTROS PERTINENTES
Em relação à vacina contra a hepatite B, talvez seja pertinente referir que começou a ser testada em 1975, em França e foi comercializada a partir de 1981. As primeiras vacinas eram constituídas pelo antigénio HBs, retirado do plasma de doentes infectados e que, ao chegar ao organismo da pessoa vacinada, desencadeava uma produção de anticorpos anti-HBs, servindo assim de protecção.
Actualmente, existem vacinas “recombinantes” obtidas a partir de engenharia genética, usando células de hamsters ou de leveduras.
As primeiras vacinas causaram, na época, algum receio, por se julgar que a vacina, ao ser feita a partir de sangue humano contaminado, poderia transmitir outros vírus, nomeadamente o VIH. Segundo os especialistas, isso seria impossível mas, de qualquer forma, os laboratórios farmacêuticos esforçaram-se por fazer outros tipos de vacinas que não colocassem problemas em termos de aprovisionamento da matéria.
I – HEPATITE C
1 - DEFINIÇÃO
É uma inflamação do fígado provocada por um vírus, que pode levar a casos de falência hepática, cirrose e cancro, conforme o Dr. James Bevan (1986, página 285). Durante vários anos, foi conhecida sob a designação de hepatite não-A e não-B, até ser identificado, em 1989, o agente infeccioso que a provoca e se transmite, sobretudo, por via sanguínea. É conhecida como a epidemia «silenciosa» pela forma como tem aumentado o número de portadores crónicos em todo o mundo e pelo facto de os infectados poderem não apresentar qualquer sintoma, durante dez ou vinte anos, e sentir-se de perfeita saúde.
2 - AGENTE INFECCIOSO
Segundo o autor, acima citado, o vírus da hepatite C (VHC) pertence à família dos flaviridus, constituído por ARN. Tal como o vírus da Sida, o VHC, é capaz de se modificar e de se camuflar, o que dificulta uma resposta adequada do sistema imunitário. Até agora foram identificados seis genótipos diferentes do VHC que, por sua vez, se dividem em subtipos. Os genótipos, ou estirpes, são identificados com os números de um a seis e os subtipos com letras. O mais frequente em Portugal é o 1b, responsável por cerca de metade das hepatites C e o que mais afecta as pessoas que foram contaminadas através de uma transfusão sanguínea. O 3a é comum nos toxicodependentes intravenosos, enquanto os genótipos 4, 5 e 6 são raros, encontrando-se mais frequentemente em África e na Ásia. Segundo alguns especialistas, é possível uma mesma pessoa ser infectada por duas estirpes diferentes do VHC. Esta variação do vírus dificulta a elaboração de uma vacina.
3 – DISTRIBUIÇÃO/PREVALÊNCIA/EPIDEMIOLOGIA
Calcula-se que existam 170 milhões de portadores crónicos (cerca de três por cento da população mundial), dos quais nove milhões são europeus, o que transforma o VHC num vírus mais comum que o VIH, responsável pela Sida. Segundo a Organização Mundial de Saúde, é possível que surjam todos os anos três a quatro milhões de novos casos no planeta.
A incidência do vírus difere de zona para zona. Enquanto a Europa e a América do Norte apresentam índices de contaminação na ordem dos dois por cento, em África, no sudeste asiático, no pacífico ocidental e no leste do mediterrâneo os valores são superiores. No mundo ocidental, os toxicodependentes de drogas injectáveis e inaláveis e as pessoas que foram sujeitas a transfusões de sangue e a cirurgias, antes de 1992, são os principais atingidos. Com a descoberta da Sida, na década de 80 do século passado, foram tomadas novas medidas de protecção e, hoje, a possibilidade de contágio com o VHC, numa transfusão de sangue ou durante uma intervenção cirúrgica nos hospitais, é praticamente nula. O mesmo não está ainda garantido nos centros médicos e hospitalares dos países em desenvolvimento.
Em Portugal, onde a hepatite C é uma das principais causas da cirrose e do carcinoma hepatocelular, estima-se que existam 150 000 portadores, embora grande parte não esteja diagnosticada. De acordo com um estudo do Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência, Portugal é um dos países europeus a apresentar as mais elevadas taxas de contaminação deste vírus, que atinge 60 – 80 % dos toxicodependentes. Cerca de 20 % dos infectados com o VHC recuperam espontaneamente, mas mais de 80 % passam a sofrer de hepatite crónica, sem que muitas vezes os portadores se apercebam e, em 20 % dos casos, pode dar origem a uma cirrose ou a cancro no fígado. Os especialistas ainda não chegaram a uma conclusão sobre as razões que levam alguns portadores a desenvolver uma cirrose em poucos anos, enquanto outros podem levar décadas. Entre as possíveis explicações está a idade em que a pessoa é contaminada (quanto mais tarde, mais grave pode ser a infecção), as diferenças hormonais (é mais comum no sexo masculino) e o consumo de álcool (que estimula a multiplicação do vírus e diminui as defesas imunitárias). Este tipo de hepatite só excepcionalmente se revela fulminante.
4 – RESERVATÓRIO/HOSPEDEIRO
O vírus da hepatite C encontra-se no Homem doente ou portador.
5 - VIA DE TRANSMISSÃO
Concordante com o Dr. James Bevan, (1986, página 262), o vírus da Hepatite C transmite-se, principalmente, por via sanguínea, bastando uma pequena quantidade de sangue contaminado para transmiti-lo, se este vírus entrar na corrente sanguínea de alguém através de um corte ou uma ferida, ou na partilha de seringas.
A transmissão por via sexual é rara e o vírus não se propaga no convívio social ou na partilha de loiça e outros objectos. Apesar de o vírus já ter sido detectado na saliva, é pouco provável a transmissão através do beijo, a menos que existam feridas na boca.
O risco de uma mãe infectar o filho durante a gravidez é de 6 %. Contudo, ainda não se sabe se a infecção ocorre durante a gravidez ou o parto. A maior parte dos médicos considera a amamentação segura, já que, em teoria, o vírus só poderia ser transmitido juntando duas situações: a existência de feridas nos mamilos da mãe e de cortes na boca da criança. Por vezes, são detectados anticorpos nos filhos de mães portadoras, o que não significa que a criança esteja contaminada. Normalmente, os anticorpos acabam por desaparecer ao fim de 12 ou 18 meses, pelo que só depois desse período devem ser feitos testes para perceber se o bebé foi infectado.
6 - PERÍODO DE INCUBAÇÃO
O período de incubação oscila entre os 15 e os 150 dias.
7 - SINTOMATOLOGIA
Num elevado números de casos de hepatite C, os pacientes não apresentam qualquer sintoma, na fase aguda da doença. Quando os sintomas surgem, são leves e semelhantes a uma gripe. Assim sendo, incluem febre, artralgias e cefaleias, náuseas, vómitos, anorexia e astenia.
De acordo com o livro “ABC do Crescimento”, na altura em que estes sintomas melhoram, surgem os sintomas típicos desta doença que são a icterícia, urina escura, fezes claras e hepatomegália. Quando a zona hepática, a região abaixo das costelas, do lado direito, é palpada, o doente sente dor. Esta fase dura entre 1 e 4 meses.
“Mais de 80% dos contaminados pelo vírus da hepatite C desenvolverão hepatite crónica” (in www.abcdasaude.com.br). Noutros casos, os sintomas poderão aparecer décadas depois da contaminação, através de complicações como cirrose e cancro do fígado, cada um em 20% dos casos.
8 - DIAGNÓSTICO
Para se estabelecer o diagnóstico deste tipo de hepatite, deve fazer-se a anamnese e o exame clínico. Uma análise ao sangue, no âmbito de diagnóstico, visa pesquisar anticorpos circulantes contra o vírus da hepatite C (anti HCV). A presença destes anticorpos pode indiciar uma infecção actual ou anterior.
No entanto, na fase antecedente ao aparecimento de complicações, uma análise ao sangue, feita por algum motivo, pode revelar aumento da concentração de uma enzima hepática que é conhecida por TGP ou ALT. Esta alteração deve ser suficiente para levar a uma pesquisa de doenças hepáticas, entre elas, a hepatite C. (adaptado de www.abcdasaude.com.br)
Com a evolução desta infecção, vão surgindo modificações nos exames de sangue e na ecografia ao abdómen. Por vezes, o médico opta por realizar uma biopsia hepática, que consiste na colheita de um pouco de tecido hepático com uma agulha, para determinar o grau da doença e necessidade ou não de tratamento.
No que respeita ao diagnóstico, também se faz a detecção do tipo de vírus circulante, pois estes são factores importantes no momento de decidir o tratamento.
9 - TRATAMENTO MÉDICO
Nos casos de hepatite C na fase aguda, o tratamento adoptado diminui muito o risco de evolução para a hepatite crónica, prevenindo o risco de cirrose e de cancro no fígado. O tratamento consiste no uso de interferão.
No tratamento da hepatite crónica, têm-se registado resultados insuficientes devido ao facto de os pacientes não responderem ao mesmo. Nestes casos, “utiliza-se (…) uma combinação de interferão e ribavirina” (in “Saúde da Família – Grande Enciclopédia Médica”, 2003. página 46). O sucesso do tratamento varia de acordo com o genótipo do vírus, com a carga viral e a fase da doença. Esta é conhecida, como já foi referido anteriormente, a partir da biopsia viral.
As melhores hipóteses de sucesso ao tratamento registam-se em pacientes jovens, que foram infectados há pouco tempo, que não têm cirrose e têm menor carga viral.
Os efeitos indesejáveis dos fármacos usados no tratamento da hepatite C são toleráveis e contornáveis. No entanto, em casos raros foi necessário suspender o tratamento devido aos efeitos secundários registados.
É necessário que haja uma boa relação entre o médico e o doente, visto que a decisão de tratar ou não, quando tratar, qual a duração do tratamento e o esquema terapêutico não são fáceis de definir, nem de aceitar.
10 - INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM
Numa primeira fase da hepatite C, os sintomas que surgem são semelhantes a uma gripe. Assim, o enfermeiro deve agir de forma a combater estes sintomas.
O profissional de saúde deve proceder à administração de antipiréticos e de analgésicos, caso estejam prescritos pelo médico. Em caso de febre, o enfermeiro deve incentivar e promover um aumento da ingestão hídrica, para combater as perdas que se verificam com este sintoma.
Relativamente às náuseas e vómitos, é necessário descobrir com o doente as causas que poderão estar na origem das náuseas e dos vómitos, de modo a evitá-los. Devemos questionar os doentes sobre a frequência e intensidade das náuseas e dos vómitos.
Sempre que possível, devemos discutir com o doente os seus hábitos alimentares, propor uma mudança do horário das refeições, explicar que é melhor fazer pequenas refeições, incluindo os alimentos preferidos do doente e evitando os alimentos que lhe são desagradáveis. Estas medidas ajudam o doente, no caso de náuseas, vómitos e anorexia.
A diminuição dos esforços e o repouso devem ser promovidos, para combater a astenia.
O enfermeiro, ao prestar cuidados ao doente com hepatite C, em unidades de hemodiálise ou caso se trate de doentes toxicodependentes injectáveis, deve proteger-se, usando luvas descartáveis e, após a prestação de cuidados, deve colocar o material perfurante num recipiente próprio para ser incinerado.
O enfermeiro tem um papel muito importante como agente promotor de saúde. Deve aproveitar todas as situações que sejam oportunas para fazer o ensino à população de como se previne a hepatite C, explicando quais as medidas mais correctas. De entre as diversas medidas, é possível citar as seguintes:
o instalações sanitárias adequadas, quer no lar, quer na comunidade
o cuidado com a higiene pessoal, sempre
o práticas seguras na preparação e eliminação dos alimentos
o controlo de saúde eficaz nas escolas, casas e instituições
o comunicação de todos os casos de hepatite viral às entidades de saúde local (Centro de Saúde)
(adaptado de Tratado de Enfermagem Médico-Cirúrgica, vol.3)
11 - PREVENÇÃO / PROFILAXIA
De acordo com o “Tratado de Enfermagem Médico-Cirúrgica”, a prevenção é feita, apenas, pela triagem dos dadores de sangue, diminuindo o risco de contaminação de hepatite C.
Esta medida não é suficiente. Assim, tendo como fonte “Saúde da Família – Grande Enciclopédia Médica”, é possível indicar outras formas de prevenção como a de não partilhar agulhas para injecção de droga. Os profissionais de saúde devem usar as medidas de protecção contra acidentes com sangue e secreções dos doentes, usando luvas descartáveis, máscara e óculos de protecção.
“Em pessoas expostas a sangue de doentes com hepatite C, através de soluções de continuidade na pele, a profilaxia é feita com imunoglobulina, mas o seu valor è questionável.” (in Enfermagem Médico-Cirúrgica, página 1380)
Embora ainda não haja confirmação de que o vírus da hepatite C se transmite por via sexual, aconselha-se o uso de preservativo, especialmente “… no caso de um dos parceiros ser portador de lesões no pénis ou vagina, em relações anais e no período menstrual…” (in www.abcdasaude.com.br)
12 - OUTROS PERTINENTES
Actualmente, ainda não existe vacina para a hepatite C.
Os grupos de alto risco, para esta patologia, são os mesmo da hepatite B, como parceiros sexuais portadores de hepatite C, imigrantes de áreas endémicas do vírus da hepatite C, toxicodependentes endovenosos, utentes e pessoal de instituições de saúde, homossexuais sexualmente activos, doentes em hemodiálise e profissionais de saúde com contactos frequentes com produtos sanguíneos.
(adaptado de Enfermagem Médico-Cirúrgica, página 1374)
CONCLUSÃO
Chegando a este ponto, torna-se necessária uma conclusão e reflexão do trabalho desenvolvido.
Como nos podemos aperceber, a hepatite B e C são relativamente frequentes, bastantes graves e com um grau de cronicidade bastante elevado. No entanto, os doentes que sofrem com esta patologia, podem ter uma vida quotidiana muito próxima do normal, não precisando de ficar inactivos, isolados ou cumprir dietas rígidas, tendo apenas de conhecer as suas limitações e aprender a viver com a sua doença.
Embora, em muitos casos, a resposta imunitária do organismo em presença do vírus seja suficiente, a presença da doença implica sempre uma ida ao médico e um acompanhamento adequado, porque se a resposta imunitária não for suficiente, será necessário recorrer a tratamentos antivíricos específicos para cada caso.
A solução está, em muitos casos, na vacina da hepatite B e nos interferões que podem travar a multiplicação do vírus na hepatite C.
Do nosso ponto de vista, os objectivos inicialmente propostos foram atingidos e a bibliografia e webgrafia existentes, sobre o tema estudado, foram suficientes para a realização deste trabalho.
Esperamos que os aspectos abordados sirvam de inspiração para futuros trabalhos e que os próximos alunos utilizem todos os métodos possíveis, de maneira a aprofundar o conhecimento sobre as hepatites.
Bibliografia:
o ABC do Crescimento – Biblioteca Médico – Científica para a Família. Barcelona: Editorial Oceano, 2002, volume 3. ISBN – 989 – 554 – 213 – 5.
o ABC da Saúde e Prevenção – Grande Enciclopédia Médica – Saúde da Família. Matosinhos: QuidNovi, 2003,volume 8. ISBN – 989 – 554 – 018 – 3.
o BEVAN, James – O Mundo da Medicina Enciclopédia Familiar. Sem local: Resomnia, 1986.
o PHIPPS, Wilma; SANDS, Judith; MAREK, Jane - Enfermagem Medico – Cirúrgica, Conceitos e Prática Clínica. 6ª Edição. Camarate: Lusociência, 2003. ISBN – 972 – 8383 – 65 – 7.
o SMELTZER, Suzanne; BARE, Brenda – Tratado de Enfermagem Médico – Cirúrgica. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 1994, volume 3.
Webgrafia: