Multienfartes cerebrais e estado mal epiléptico

planos de intervenção de enfermagem de reabilitação

Pensamos que os cuidados de enfermagem de reabilitação a pessoas com afecções neurológicas não traumáticas constituem um processo cuja meta é o de  conseguir que estes doentes atinjam a melhor qualidade de vida possível.
Ao elaborar um plano de intervenção, é importante que o enfermeiro faça uma avaliação holística do processo da doença ou lesão do doente, que incluem necessidades físicas, emocionais, sociais e económicas, embora não se limitam apenas a estas.
Esta parte pretende elaborar diagnósticos de enfermagem e o planeamento das respectivas intervenções com vista à obtenção de ganhos em saúde, quer para o indivíduo, quer para a família, para os focos de atenção identificados. Estes planos foram elaborados aquando da sua estadia no serviço de Neurologia I (HUC) em contexto de ensino clínico.
Justificação – A utilização de instrumentos científicos, universais e validados para conce­ber e executar cuidados de enfermagem, nomeadamente a CIPE, versão Beta 2, só trás benefí­cios, pois permite a reprodutividade dos resultados. A avaliação de resultados sensí­veis aos cuidados de enfermagem é feita em função da mudança do juízo diagnóstico sobre o estado desse foco de atenção. Assim, esta avaliação é fundamental para a reorga­nização do plano de intervenção, produção de saber e para a
visibilidade dos cuidados de enfermagem. Ape­sar da CIPE versão 1 ser a mais recente, optámos por utilizar a CIPE versão Beta 2, na construção dos enunciados dos diagnósticos de enfermagem, por pos­suirmos conhecimen­tos mais profundos acerca da sua utilização.



Nome:  xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx                                                                                       Idade: 64 anos                              
Data de admissão: 6/x/2006                                         Cama: 5
Diagnóstico: Multienfartes cerebrais e estado mal epiléptico

INÍCIO

TERMO
Data

Data
24/10/06
FENÓMENOS / DIAGNÓSTICOS
Espasticidade em grau elevado nos 4 membros (grau 3 obtida após aplicação de Escala de Ashworth)


INTERVENÇÕES
§ Elaborar um programa de reabilitação
§ Determinar as amplitudes de movimento possíveis e posteriores ganhos
§ Vigiar movimento muscular (movimentos descoordenados, hipertonia muscular, contracções descontroladas, flacidez
§ Evitar a permanência prolongada no leito
§ Adoptar postura ergonómica
§ Reduzir os factores facilitadores de espasticidade (dor, frio infecção, aumento de temperatura
§ Executar exercícios de ADM passivos de baixa intensidade e maior duração, no sentido proximal / distal
§ Executar posicionamentos que inibam a espasticidade
§ Executar massagem de conforto
§ Avaliar e controlar a dor provocada pela mobilização
§ Estimular propriocepção (deitado, sentado com pés pendentes e verticalizado no momento de transferência)
§ Combater a heminegligência
§ Orientar o doente para a percepção do corpo e para a precisão da imagem corporal
§ Envolver o cuidador na execução continuidade do programa

24/10/06
FENÓMENOS / DIAGNÓSTICOS
Mobilidade comprometida em grau elevado
·         Risco de rigidez articular
·         Risco de contracturas


INTERVENÇÕES
§  Vigiar movimento muscular e articular.
§  Evitar estadias prolongadas no leito
§  Promover uma correcta postura na cadeira de rodas
§  Adoptar posturas ergonómicas
§  Posicionar o doente nos diferentes decúbitos que inibam a espasticidade.
§  Advogar o levante para a cadeira de rodas


INÍCIO

TERMO
Data

Data

INTERVENÇÕES
§  Providenciar equipamentos
§  Executar levantes regulares para a cadeira de rodas por períodos progressivos
§  Aplicar dispositivos auxiliares disponíveis (resguardo, toalhas, almofadas, etc.)
§  Executar técnicas de transferência
§  Executar técnicas de exercícios musculares e articulares

24/10/06
FENÓMENOS / DIAGNÓSTICOS
Incontinência geral


INTERVENÇÕES
§ Avaliar padrão intestinal: frequência e características das dejecções.
§ Assegurar a privacidade
§ Auscultar sons intestinais.
§ Optimizar o reflexo gastro-cólico
§ Evitar a impactação fecal
§ Evitar o uso de arrastadeira
§ Administrar supositório de glicerina, emolientes, expansores de volume e/ou laxantes com moderação (quando prescrito).
§ Executar estimulação digital da ampola rectal.
§ Executar extracção manual das fezes quando indicado.
§ Executar massagem abdominal.
§ Gerir a ingestão hídrica.
§ Gerir a dieta (rica em fibra)
§ Encorajar a diminuição de alimentos promotores de flatulência
§ Assistir no autocuidado: higiene íntima.

25/10/06
FENÓMENOS / DIAGNÓSTICOS
Eliminação vesical não adequada
ou Autocontrolo continência urinária ineficaz


INTERVENÇÕES
§ Identificar o padrão de eliminação.
§ Gerir a utilização de sonda vesical
§ Proporcionar privacidade para a execução do procedimento
§ Executar cateterização vesical.
§ Executar substituição de SN quando indicado (10/10 dias).
§ Negociar o retorno à técnica de cateterização intermitente.
§ Promover a ingestão hídrica.
§ Manipular o sistema de drenagem vesical respeitando as regras de assepsia e prevenção de traumatismos (tracção da sonda vesical). Privilegiar o uso de sacos colectores de urina de sistema fechado.
§ Advogar o levante para cadeira de rodas.


INÍCIO

TERMO
Data

Data
25/10/06
FENÓMENOS / DIAGNÓSTICOS
Autocuidado: higiene 
Dependente em grau elevado


INTERVENÇÕES
§ Avaliar a capacidade do doente para o autocuidado.
§ Promover o conforto e o bem-estar.
§ Providenciar a privacidade, instalações e equipamentos compensatórios.
§ Observar condições da pele.
§ Preparar o material para o banho e colocá-lo junto do doente.
§ Dar banho no leito / WC.
§ Activar a circulação através da utilização de creme hidratante.
§ Proporcionar boa higiene oral e dos tegumentos.
§ Assistir no autocuidado.
§ Monitorizar a tolerância do doente durante o autocuidado.
§ Prevenir quedas.
§ Manipular o sistema de drenagem respeitando as normas de assepsia e protecção contra traumatismos, devendo usar sacos colectores em sistema fechado.
§ Incentivar ao autocuidado.

25/10/06
FENÓMENOS / DIAGNÓSTICOS
Autocuidado: comer / beber
Dependente em grau elevado


INTERVENÇÕES
§ Avaliar a capacidade do doente para o autocuidado
§ Gerir a utilização do SNG.
§ Posicionar o doente adequadamente no leito (fowller alta).
§ Verificar a quantidade, qualidade e temperatura dos alimentos.
§ Assistir o doente no autocuidado comer / beber.
§ Administrar alimentação (hidratação por gavagem).
§ Executar substituição da sonda nasogástrica quando indicado (10/10 dias).
§ Supervisionar na alimentação / hidratação.
§ Promover a higiene oral.

25/10/06
FENÓMENOS / DIAGNÓSTICOS
Autocuidado: vestir-se / despir-se
Dependente em grau elevado


INTERVENÇÕES
§ Avaliar a capacidade do doente para o autocuidado
§ Promover a privacidade do doente
§ Proporcionar ambiente adequado.
§ Requerer roupas largas e confortáveis.


INÍCIO

TERMO
Data

Data

§ Gerir o vestuário.
§ Assistir o doente no autocuidado vestir / despir com ajuda total.
§ Incentivar ao autocuidado.
§ Advogar o uso de equipamentos adaptativos de vestir / despir.

25/10/06
FENÓMENOS / DIAGNÓSTICOS
Risco elevado de úlceras de pressão
INTERVENÇÕES
§ Avaliar o risco de contrair úlcera de pressão segundo Escala de Risco de Norton.
§ Monitorizar integridade cutânea (coloração, textura e hidratação).
§ Manter a pele limpa e seca
§ Estabelecer calendários de posicionamentos com alternância de decúbitos regulares.
§ Providenciar colchão anti-escara.
§ Aliviar a pressão nas áreas de risco através do uso de dispositivos protectores, almofadas, colchões e/ou coberturas adequadas.
§ Evitar os decúbitos dorsais (privilegiar estes decúbitos para a hora das refeições e visitas).
§ Massajar e lubrificar a pele com agentes protectores e regeneradores.
§ Executar massagem terapêutica em áreas de maior risco.
§ Promover uma nutrição adequada (rica em proteínas e vitamina A, B e C) e hidratação de acordo com a composição corpórea.
§ Envolver a família (cuidador) na assistência ao doente.
§ Registar alterações cutâneas.
§ Promover o levante do doente.

25/10/06
FENÓMENOS / DIAGNÓSTICOS
·      Autocuidado: rodar-se, dependente em grau elevado
·      Autocuidado: sentar-se, dependente em grau elevado
·      Autocuidado: transferir-se, dependente em grau elevado


INTERVENÇÕES
§ Avaliar o autocuidado: rodar-se
§ Avaliar o autocuidado: sentar-se
§ Avaliar o autocuidado: transferir-se
§ Avaliar movimento muscular.
§ Assistir o doente no autocuidado: rodar-se
§ Assistir o doente no autocuidado: sentar-se
§ Assistir o doente no autocuidado: transferir-se
§ Executar técnicas de posicionamento.
§ Executar técnicas de exercício muscular e articular (mobilizações passivas).

25/10/06
FENÓMENOS / DIAGNÓSTICOS
·      Ventilação diminuída, em grau elevado. Respiração ineficaz, em grau moderado
·      Limpeza das várias áreas não eficaz.

INÍCIO

TERMO
Data

Data

INTERVENÇÕES
§ Identificar contra indicações para o uso de cinesiterapia respiratória.
§ Monitorizar a frequência respiratória e a saturação de oxigénio.
§ Examinar as características da respiração.
§ Auscultar o tórax.
§ Verificar o posicionamento da cânula nasal.
§ Validar a permeabilidade da cânula nasal.
§ Administrar oxigenoterapia (segundo prescrição).
§ Administrar aerossoloterapia (de acordo com prescrição).
§ Aspirar secreções quando necessário.
§ Reforçar a hidratação por SNG.
§ Identificar segmentos / lobos pulmonares a serem drenados.
§ Assistir o doente sobre técnicas respiratórias.
§ Assistir na execução da respiração, com dissociação dos tempos respiratórios.
§ Assistir na execução da técnica de respiração e tonificação diafragmática e posicionamento das suas variantes (respiração diafragmática global, posterior, anterior e das suas hemicupulas.
§ Executar vibrações para posterior tosse.
§ Executar técnicas de drenagem postural
§ Monitorizar eficácia da drenagem postural.
§ Executar técnicas de tonificação (costal global, costal superior, costar inferior, costal posterior, abertura costal direita e esquerda.
§ Executar exercícios respiratórios passivos de ADM torácica.
§ Vigiar e registar características das secreções.
§ Vigiar o reflexo da tosse.
§ Vigiar o estado de consciência do doente.

26/10/06

FENÓMENOS / DIAGNÓSTICOS
·      Comunicação verbal ineficaz
     ou Afasia motora em grau elevado


INTERVENÇÕES
§ Evidenciar percepção e sensibilidade às emoções.
§ Estar atento à postura física que transmite mensagens não verbais.
§ Segurar a mão do doente para oferecer apoio emocional.
§ Dar instruções simples e uma de cada vez.
§ Usar palavras simples e frases curtas.
§ Ficar de pé em frente ao doente a conversar.
§ Usar quadro de desenho quando adequado.
§ Usar técnicas de reorganização (terapia melódica e rítmica).
§ Enfatizar o som no final das palavras e as palavras mais importantes em cada frase.
§ Combinar comunicação verbal com gestual.
§ Usar apenas palavras com sentido óbvio.
§ Dar tempo ao doente para a resposta.
§ Usar o reforço positivo quando adequado.

INÍCIO

TERMO
Data

Data
27/10/06
FENÓMENOS / DIAGNÓSTICOS
Risco de convulsão


INTERVENÇÕES
§ Identificar os vários riscos que podem desencadear a crise
§ Reconhecer os sintomas nas crises convulsivas e actuar nesta situação (conforme prescrito).
§ Preparar a família para a eventualidade de ocorrência de uma crise convulsiva.

27/10/06
FENÓMENOS / DIAGNÓSTICOS
Termorregulação disfuncional


INTERVENÇÕES
§ Monitorizar a temperatura quando adequado.
§ Vigiar sinais e sintomas de hipotermia e hipertermia.
§ Gerir a temperatura da unidade de acordo com as necessidades do doente.
§ Administrar medicação antipirética quando adequado.
§ Aplicar estratégias alternativas (banho, colchão, roupa) para controlo da temperatura.

27/10/04
FENÓMENOS / DIAGNÓSTICOS
Pé equino à direita em grau elevado


INTERVENÇÕES
§ Executar posicionamentos adequados.
§ Aplicar almofada /prancha plantar evitando efeito reflexogéneo.
§ Executar exercícios da ADM passivos.
§ Remover peso da roupa sobre os pés com recurso a dispositivos auxiliares.