Prova de Tolerância oral à Glicose

O objectivo desta actividade experimental é comparar os nível de glicemia antes de ingerir água com açúcar e passados 30, 60 e 90 minutos da sua ingestão. Deste modo com o auxilio do aparelho medidor da glucose no sangue registo-se o valor medido nestas condições, concluindo-se que ....
Introdução
O pâncreas, além das suas funções digestivas, segrega duas hormonas importantes: a insulina e o glucagon. Estes são fundamentais na regulação hormonal do metabolismo da glicose, dos lípidos e das proteínas.
O pâncreas possui ilhéus de Langerhans, compostos por diferentes tipos de células, sendo as principais, as células α secretoras de glucagon e as células β secretoras de insulina.
A insulina é uma proteína que exerce grande importância sobre o metabolismo dos carbohidratos, determinando o seu armazenamento no fígado e nos músculos (aquando em excesso), sob a forma de glicogénio.
Outros dos seus papéis é armazenar gordura no tecido adiposo, converter o excesso de carbohidratos não armazenados como glicogénio em gorduras e promover a captação de aminoácidos pelas células, convertendo-os em novas proteínas. A insulina inibe ainda a degradação das proteínas celulares.
As moléculas de insulina ligam-se a um receptor de membrana nas suas células alvo, provocando um aumento de proteínas de transporte activo para a glicose e aminoácidos. Este facto determina o aumento da capacidade dos tecidos alvo (fígado, hipotálmo- centro da saciedade e tecido adiposo) para captar e utilizar os nutrientes.

Sem insulina, a capacidade destes tecidos para aceitar e utilizar a glicose é mínima, mesmo com níveis de glicemia elevados, uma vez que o hipotálamo não detecta a presença de açúcar no líquido extracelular.
Quando há demasiada insulina, os tecidos alvo captam rapidamente glicose do sistema circulatório e, consequentemente o nível de glicemia decresce para níveis muito baixos.
O controlo da secreção de insulina é feito através do nível sanguíneo de nutrientes, estimulação neural e hormonal.
Quando o nível de glicemia cai, o glucagon (polipeptido) exerce várias funções, diametralmente opostas às da insulina, sendo a mais importante aumentar a concentração de glicose no sangue.
Assim, os principais efeitos do glucagon sobre o metabolismo da glicose consistem na degradação do glicogénio hepático (glicogenólise) e na formação de glucose pelo fígado e pelo rim, a partir de piruvato (gluconeogénese).
Imediatamente após a refeição, a estimulação parassimpática e as elevadas concentrações de glicose no sangue vão provocar maior secreção de insulina, e consequentemente menor secreção de glucagon.
Com este aumento de insulina, a permeabilidade dos tecidos para a glicose aumenta e o excesso de açúcar é armazenado no fígado sob a forma de glicogénio.
Aproximadamente duas horas após a refeição, a estimulação simpática e as concentrações decrescentes de glicose vão provocar precisamente os efeitos contrários aos anteriores.
É a concentração de glicose no sangue que vai determinar a secreção de glucagon. O aumento dos aminoácidos no sangue e o exercício estimulam a sua secreção.
No indivíduo normal, a concentração de glicose no sangue encontra-se entre 80 e 110mg/100mL, em jejum.
Após uma refeição, durante a primeira hora, esta concentração aumenta para 120 a 140 mg/100mL, voltando aos níveis de controlo dentro de duas horas após a absorção de carbohidratos.
A glicose é o único nutriente que, normalmente, pode ser utilizado pelo cérebro, pela retina e pelo epitélio germinativo das gônadas em quantidade suficiente para supri-los com a energia suficiente. Devido a este facto, o controlo da concentração da glicose sanguínea é muito importante, sendo por isso efectuados teste, nomeadamente o teste de tolerância à glicose.
Os testes de tolerância à glicose são usados para diagnosticar a diabetes mellitus (doença resultante da secreção inadequada de insulina ou da incapacidade dos tecidos alvo para responder a esta hormona).
Em geral, estes testes consistem na ingestão, pelo doente de grandes quantidades de glicose depois de um período em jejum. Seguidamente, são colhidas amostras de sangue durante várias horas e uma elevação mantida dos níveis de glicemia indica que a pessoa sofre desta doença.



Parte Experimental
Material
Aparelho medidor da glucose no sangue
Procedimento
I. Primeiramente medio-se o nível de glicemia em jejum
II. Seguidamente ingeriu-se um copo de água com um pacote de açúcar dissolvido (75mg de açúcar em 2dL de água)
III. Passados 30 minutos mediu-se novamente o nível de glicemia no sangue
IV. Depois efectuou-se o mesmo procedimento passados 60 minutos
V. Por fim mediu-se a quantidade de glicose no sangue 90 minutos após a administração da água com açúcar
Segurança
Verificar se É conveniente o uso de bata e luvas
Registo de Resultados

Tempo (minutos)
Concentração de glucose no sangue
(mg/100mL)
Indivíduo I
Indivíduo II
0
70
57
30
76
107
60
111
105
90
59
88

Tabela 1: Variação dos níveis de glicemia em função do tempo
Indivíduo I:
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Indivíduo II
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Conclusão
A hiperglicemia afecta directamente as células β e estimula a secreção de insulina. A hipoglicemia inibe-a, mas estimula a secreção de glucagon.
Quando um indivíduo normal, em jejum, ingere 1 grama de glicose por quilograma de peso corporal, o nível de glicemia eleva-se de cerca de 70mg/100mL para 120 a 140 mg/100mL e, em seguida, cai para valores abaixo do normal em cerca de 2 horas.
Nos pacientes com diabetes, a concentração de glicose sanguínea em jejum está quase sempre acima de 126mg/100mL e o teste de tolerância à glicose apresenta quase sempre valores anormais, pois com ingestão de glicose, estes pacientes exibem uma elevação do nível de glicemia muito maior que o normal e este só cai para o valor de controlo dentro de 4 a 6 horas. Este facto ocorre devido ao aumento normal da secreção de insulina após a ingestão do açúcar e ainda, porque existe sensibilidade diminuída à insulina.
Após a observação das curvas de tolerância que obtivemos na actividade experimental, podemos concluir que ambos os indivíduos apresentam valores normais de glicemia, uma vez que após a ingestão de glicose, primeiro apresentam uma subida do nível de açúcar no sangue, contudo, após 60 minutos (no caso II) e 90 minutos (no caso I) começa a haver um decréscimo deste.
Analisando os dados obtidos após o teste feito ao indivíduo I, podemos verificar que os valores obtidos experimentalmente coincidem com os valores esperados teoricamente, havendo após os 90 minutos um decréscimo para um valor abaixo do normal (55mg/100mL).
Tendo em conta os valores do indivíduo II podemos concluir que este apresenta um valor de glicemia, em jejum, um pouco abaixo do normal, contudo, após a administração da água com açúcar, este nível sobe para valores normais, acabando por sofrer um decréscimo, como era esperado.
O facto dos valores não coincidirem exactamente com os valores teóricos, deve-se ao facto da medição ser capilar e ainda devido ao facto da quantidade de açúcar ingerida pelos indivíduos ser mais baixa do que aquela que normalmente é tomada, quando é feito este teste.
Bibliografia
. Guyton- Hall, Tratado de Fisiologia Médica, 9.ª Edição, Mc Graw Hill- Internacional
. Seeley, R.; Stephens, T., Tate, P., Anatomia e Fisiologia, Lisboa, 3.ª Edição, lusodidacta, 2001
. Rhoades and Pflanzer, Human Physiology, 3.ª Edição.
 
Trabalho realizado por:
Ana Rita Gomes n.º 2300175
Departamento de Ciências da Saúde
Licenciatura em Ciências Farmacêuticas

Fisiologia Humana I