Tumor do testículo



De acordo com MURAD e KATZ (1996, p.228), o carcinoma do testículo é um tumor relativamente raro, representando apenas 1% dos tumores malignos do sexo masculino, no entanto é a neoplasia mais frequente entre os 20 e os 40 anos.
Para WOODS [et al] (1995), na totalidade, o tumor testicular é relativamente raro, afectando apenas 2 a 3 homens em cada 100000, mas com tendência a aumentar.

Etiologia e Factores de Risco

Segundo OTTO (1997, p.188 e 189) a etiologia do cancro do testículo é desconhecida, mas algumas condições estão associadas com acrescida incidência desta malignidade. Os tumores testiculares ocorrem, especificamente, com mais frequência num testículo atrófico ou numa criptorquidia, ou seja, incapacidade do testículo de descer na altura do nascimento. Para o mesmo autor, a frequência de subsequente desenvolvimento do carcinoma num testículo ascendente é 40 vezes maior do que num testículo normal. A arquiopéxia, a descida cirúrgica do testículo, até à idade dos dois anos, pode diminuir a probabilidade de desenvolvimento do tumor testicular.etapa-3
De acordo com WOODS [et al] (1995) os factores ambientais também são tomados em consideração, uma vez que existe uma maior incidência de cancro testicular em zonas rurais do que em zonas urbanas. As causas congénitas implicadas são a predisposição familiar, anormalidades do desenvolvimento das gónadas e criptorquidia.

Há ainda um conjunto de factores de risco que poderão estar directamente relacionados com o aparecimento de massa tumoral testicular, como sendo a história familiar, já que homens com história familiar de cancro no testículo podem ter o risco aumentado para a doença. Também as condições hereditárias, ou seja, homens que nasceram com disgenesia gonadal ou Síndrome de klinefelter, como a raça, sendo mais predominante na raça branca e a história pessoal, serão potenciais factores de risco para o aparecimento da doença.
“Os tumores testiculares têm algumas características que favorecem um tratamento com sucesso. Os homens que tiveram testículo ascendente encontram-se em maior risco de desenvolvimento de cancro do que os homens que cujos testículos desceram até ao escroto.” (OTTO, 1997, p.189).


Epidemiologia

Para OTTO (1997, p.188), o cancro testicular é uma doença relativamente pouco comum, com um número estimado de três mil casos por ano. Causa um forte impacto emocional, porque ocorre durante o apogeu etário da maioria dos doentes. O tumor testicular representa um dos carcinomas sólidos com maior probabilidade de cura, servindo como paradigma no tratamento multimodal dos tumores sólidos.
“O cancro testicular encontra-se muitas vezes na infância, entre os 20 e 40 anos de idade, e em idades superiores aos 60 anos. Se o cancro testicular não for tratado, a morte advém em 2 a 3 anos. Se for detectado e tratado precocemente, há 90% a 100% de probabilidade de cura.” (WOODS [et al] 1995, p.1702).
Refere OTTO (1997, p.188), que o aumento da sobrevida é obtido pela combinação de técnicas de diagnóstico efectivas, aperfeiçoamento nos marcadores tumorais, protocolos efectivos de poliquimioterapia e avanço nas técnicas cirúrgicas. O contributo destas técnicas tem permitido o declínio significativo da morbilidade e da mortalidade neste quadro clínico.


Quadro Clínico

“A apresentação clássica de um tumor testicular é um testículo duro e aumentado sendo identificado acidentalmente pelo doente ou pelo parceiro sexual. Isto é descrito pela massa de dureza do testículo, com uma opressão ocasional ou entorpecimento e sensação dolorosa do abdómen inferior no escroto. A dor aguda é um sintoma presente em 10% dos doentes. Por vezes a infertilidade é a única queixa presente.” (OTTO 1997, p.190).
WOODS [et al] (1995, p.1703), consideram que poderão aparecer outros sintomas como uma sensação de peso ou retracção no escroto, uma dor aguda na região infra-abdominal ou região inguinal e ocasionalmente dores. Um testículo pequeno ou atrofiado poderá atingir o tamanho normal.
Para OTTO (1997, p.190), em muitas ocasiões o diagnóstico do carcinoma nos testículos é feito muito tarde, devido à relutância do indivíduo em procurar o médico apenas pela sensação de mal-estar testicular ou porque o médico refere que a massa escrotal representa um processo infeccioso ou inflamatório. Observa-se, por vezes, história de traumatismos, parotidite, orquite ou dor testicular pontual.
Segundo OTTO (1997, p.190) a avaliação médica deve passar por papação testicular e das estruturas circundantes à procura de uma massa escrotal, examinar as mamas, lesões intra-escrotais translúcidas e realizar o exame abdominal, para localizar massa palpável, assim como a região supraclavicular, axilar e inguinal, para detecção de adenopatias.
Os estádios de classificação testicular são:
o   Estadio I – sem metástases, localizada no testículo;
o   Estadio II – metástases nos gânglios linfáticos retroperitoneais ou nas áreas subdiafragmáticas;
o   Estadio III – metástases nos gânglios mediastínicos e supraclaviculares ou outras áreas acima do diafragma.
O diagnóstico clínico deste carcinoma, baseia-se nos sintomas e sinais clínicos.
“A determinação do estadio desses tumores na fase de pré-tratamento tem grande importância na escolha do tratamento correcto.” (SMITH 1985, p.305). No que diz respeito ao tratamento, este poderá ser feito através de:
o   Orquidectomia;
o   Dissecação dos nódulos linfáticos retroperintoneais;
o   Quimioterapia;
o   Radioterapia.




Classificação:

“Cerca de 97% do total dos tumores testiculares são tumores de células germinativas, originados nas principais células, essenciais à espermatogénese. O cancro do testículo é geralmente dividido em dois grupos: uma forma pura – seminoma; e uma mistura de diferentes tipos de células – não seminoma.” (OTTO 1997, p.191).
Como nos diz SMITH (1985, p.308), existe ainda outro tipo de classificação, respeitante aos tumores de células não-germinativas, que podem ser: 1 - tumor de células intersticiais (células de Laydig) – a orquiectomia radical geralmente é suficiente para a forma benigna; 2 - tumor de células de Sertoli – raramente malignos, de modo que se indica somente orquidectomia; 3 – linfoma e sarcoma de células reticulares.


Cuidados de Enfermagem

Os cuidados de Enfermagem prestados a um doente com neoplasia do testículo devem ao encontro das necessidades biológicas e psicossociais dos doentes. Deve o enfermeiro: 1 - Identificar as carências tanto a nível físico como psicológico; 2 - Apoiar o doente em todas as fases do internamento e explicar alguns dos procedimentos a empregar; 3 - Apostar directamente no estabelecimento de um relacionamento empático com o doente, de forma a que este possa expressar os seus sentimentos e ansiedade; 4 - Fazer entender ao doente e familiares que as suas reacções são normais; 5 - Compreender especificamente as reacções do doente e família perante a patologia; 6 - Integrar a família em todo o processo patológico.
O doente oncológico não é apenas um indivíduo com o corpo doente, mas é também uma pessoa, uma mente que pensa, que tem atitudes, capacidades, interesses, instintos, sonhos e esperanças que afectam e são afectadas pelo seu estado físico. A actuação do enfermeiro mais uma vez recai sobre esses aspectos, de forma a diminuir este tipo de sintomatologia.
O doente oncológico para além da diminuição da saúde e integridade física, experimenta ainda fenómenos como: 1 - Perda da capacidade de realizar actividades de vida diária; 2 - Perda de convicções religiosas; 3 - Perda ou separação dos amigos e/ou entes queridos; 4 - Perda da autoestima.
Deve o enfermeiro ter a capacidade de avaliação do doente através de uma visão holística e ao mesmo tempo imputar-lhe responsabilidades no sentido de integração e participação na conquista do seu melhor estado de saúde.

Prevenção:

“O auto-exame do testículo regular é recomendado, para detectar o cancro nas suas fases precoces, quando tem mais probabilidades de ser localizado e é curável na maior parte dos casos.” (PHIPPS [et al] 1995, p.1702).

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Afirmou WOODS [et al] (1995, p.1703), que após o banho de imersão ou chuveiro, será a melhor altura para a realização do exame, visto que o escroto encontra-se mais relaxado. Examina-se cada testículo separadamente, segurando-o com o polegar entre os restantes dedos de ambas as mãos. O testículo deverá ser liso, oval e firme à palpação, sem quaisquer nódulos. O epidídimo encontra-se entre os testículos e parece um tubo macio. A sensibilidade deverá ser igual em todo o lado, ou seja, qualquer massa papável deve ser um sinal de alerta.
Cada indivíduo deverá conhecer-se no sentido de detectar precocemente qualquer tipo de nódulos ou anomalias. A maior parte dos cancros testiculares (9 em cada 10) são detectados pelo doente ou pela parceira sexual.

Fig. nº 1 - Auto-exame do testículo.