Ergonomia


A palavra ERGONOMIA, deriva das palavras gregas ergon (trabalho) e nomos (lei natural) e começaram por fazer parte do léxico moderno quando Wojciech Jastrzebowski a utilizou num artigo que escreveu em 1857.
No decorrer da segunda guerra mundial, o desenvolvimento tecnológico relacionado com a criação de material bélico de máquinas e armas sofisticadas resultou no desenvolvimento cognitivo por parte daqueles que utilizavam estes novos instrumentos no que diz respeito à de tomada de decisão, à atenção, à análise de situação e à coordenação entre mão e olhos. Apesar destas adaptações à nova realidade, era frequente a queda de aeronaves em bom funcionamento e pilotadas pelos melhores pilotos. Este problema foi resolvido por Alphonse Chapanis, um tenente americano que em 1943 mostrou que o erro do piloto poderia ser muito reduzido se fossem introduzidos controlos mais lógicos e mais diferenciáveis, substituindo desta forma os confusos projectos existentes nas cabines dos aviões.image
Desde a segunda guerra mundial até aos nossos dias, a Ergonomia continuou a desenvolver-se e a diversificar-se. Com a era espacial, novos problemas se depararam tais como, a ausência de gravidade e forças gravitacionais extremas. Como lidar com este ambiente e qual o seu efeito no corpo e na mente humana. A era da informação, a interacção do homem versus computador, o crescimento da procura e a competição entre bens de consumo e produtos electrónicos resultou que mais empresas levariam em conta factores ergonómicos na concessão dos produtos.
O termo Ergonomia foi adoptado nos principais países europeus, onde se fundou em Oxford, em 1959 a Associação Internacional de Ergonomia (IEA – International Ergonomics Association),
e foi em 1961 que esta associação realizou o seu primeiro congresso em Estocolmo. Nos Estados Unidos foi criada a Human Factors Society em 1957, e ainda hoje o termo mais utilizado neste país continua a ser Human Factors (Factores Humanos), embora Ergonomia já seja aceita como sinónimo.
Ergonomia definida pela ASSOCIAÇÃO INTERNACIONAL DE ERGONOMIA (2000) é uma disciplina científica que relaciona interacções entre seres humanos e outros elementos de um sistema e também, é a profissão que aplica teoria, princípios, dados e métodos para projectar a fim de optimizar o bem-estar humano e o desempenho geral de um sistema.
Esta Associação, divide a Ergonomia em três áreas distintas: A Ergonomia Física, a Ergonomia Cognitiva e a Ergonomia Organizacional.
A Ergonomia Física lida com os resultados do corpo humanos submetidos à carga física e psicológica, ou seja, estão incluídos manuseio de materiais, problemas a nível de trabalho, outros factores como sejam a repetição, a vibração, a força, a postura estática e também relacionadas com lesões músculo-esqueléticas.
A Ergonomia Cognitiva refere-se aos processos mentais, tais como a percepção, a atenção, a cognição, o controle motor, o armazenamento e a recuperação de memória, assim como eles afectam as interacções entre seres humanos e os outros elementos de um sistema. Factores que são tidos como relevantes neste item são o desgaste mental a nível de trabalho, a vigilância, a tomada de decisão, o desempenho de actividades, o erro humano, a interacção homem-computador e o treino.
A Ergonomia Organizacional está relacionada com a optimização dos sistemas sócio-tecnológicos, incluindo a sua estrutura organizacional, a sua política e seus processos. Vamos encontrar nesta área assuntos como o trabalho por turnos, a programação de trabalho, a satisfação no trabalho, a supervisão, o trabalho em equipa, o trabalho à distância e a ética.
A Ergonomia fundamenta-se em muitas disciplinas no estudo dos seres humanos e dos seus ambientes. Estas disciplinas são: a antropometria, a biomecânica, a engenharia, a fisiologia e a psicologia sendo estas duas últimas os seus principais pilares.   
Falar de Ergonomia é falar da ciência que estuda a actividade do homem, que aplica os conhecimentos científicos para conceber objectos, sistemas e seus envolvimentos adequados. Os Sistemas de trabalho, de desporto, de lazer, ou outros, devem incluir princípios ergonómicos na sua construção e realização, tendo como objectivo a saúde, a segurança, o conforto e bem estar, e a produtividade. A Ergonomia está sempre presente quando o Homem está envolvido.
Segundo WISNER, citado por ROCHA (1995) diz que “A ergonomia pode definir-se como o conjunto de conhecimentos científicos relativos ao homem e necessários para conceber utensílios, máquinas e dispositivos que possam ser utilizados com o máximo de conforto, segurança e eficácia”.“
Todos os problemas que possam pôr em causa o bem estar e conforto, a segurança, a saúde e a produtividade do indivíduo enquanto trabalhador, constituem um problema para o profissional de Ergonomia que terá que identificar qual a natureza do problema.
A ele cabe o papel de observar os trabalhadores/ utilizadores, através de instrumentos e metodologias de forma a diagnosticar os problemas que possam emergir e, rapidamente consiga apontar soluções para controlar estas situações. São diversas as origens destes problemas que vão desde a causas de acidentes de trabalho, doenças profissionais, má iluminação do local de trabalho, acesso difícil a botões de comando, trabalho nocturno, ritmo de trabalho elevado, movimentação manual de cargas, dificuldade em utilizar programas informáticos, inadequação e/ou deficiência do equipamento utilizado, entre muitos outros mais.
O Ergonomista terá que através da sua avaliação utilizar a forma mais adequada para solucionar o problema detectado que passa de uma maneira geral pela melhoria das condições de trabalho, dando atenção pontual a diversos aspectos como sendo, a dimensão dos postos de trabalho; a disposição dos equipamentos; a organização do trabalho em relação a tarefas, horários, pausas, etc.…; a programas de formação; a características do ambiente como o ruído, iluminação, temperatura, etc.…; entre outros mais. Outro aspecto a considerar, é a adaptação dos produtos e sistemas ao utilizador de modo a simplificar a sua utilização; a aumentar o seu nível de segurança; a diminuir os erros que estão associados à sua utilização; a correcção de formas, dimensões e texturas; etc.
A ergonomia permite uma melhoria generalizada pois, se por um lado, melhora directamente as condições de trabalho, por outro, vai determinar uma melhor qualidade do produto e dos serviços.
O sistema fundamental nos estudos de ergonomia é o sistema homem-máquina, onde o homem actua segundo a sua formação e cultura através de informações dadas pela máquina. A recepção das informações fazem-se através dos sentidos (visão, audição, tacto e cinestesia), que uma vez no cérebro são interpretadas despoletando decisões que actuam sobre a máquina, através dos seus orgãos de controlo. Os dois principais critérios de avaliação da eficiência interna num sistema homem máquina são: máxima rapidez no fluxo informação, percepção, decisão e controlo e, o menor número de erros cometidos. O erro humano pode surgir ao nível da percepção ou descodificação, a nível da decisão e da acção.
No local onde trabalho são algumas as situações que aponto como problemas para a intervenção de um ergonomista. Começando pela organização de trabalho, os horários nem sempre têm um seguimento lógico como TM-TM-TT-TT-D-TN-TN-F, mas pode por conveniência de serviço ter mais tardes e noites que manhãs e, vice-versa. Segundo FONTES, citando GAF, “o horário rotativo deveria ser TM-TT-TN-F, ou TM-TM-TT-TT-TN-TN-F-F.” Preconiza que turnos nocturnos esparsos são melhores que longos ou contínuos períodos de trabalho nocturno; que a duração do turno deveria ser adaptada à dificuldade do trabalho, e assim: para trabalhos difíceis ou pesados 6 horas, para actividades mais leves 8 ou mais horas; entre o fim de um turno e o início de outro, pelo menos 12 horas livres; sistemas de turnos contínuos deveriam ter numerosos fins de semana com dois dias livres; pessoas com predisposição para doenças gastrointestinais, labilidade emocional, manifestações psicossomáticas e insónias não deveriam ser indicadas para este tipo de horário e finalmente uma alimentação composta de refeições quentes deve ser assegurada para cada turno.
A prestação de cuidados de higiene conforto e bem estar, são em simultâneo com o tratamento das diversas áreas que sofreram queimadura e que apresentam diferentes estados de evolução. Estes cuidados geralmente demoram em média 2 a 3 horas. São cuidados onde o enfermeiro permanece de pé, executando técnicas diversas como por exemplo retirando agrafos de zonas de difícil acesso, posicionando-se por vezes de forma incorrecta. Segundo FONTES (2007) uma exigência prolongada e excessiva de trabalho estático conduz ao surgimento de lesões de desgaste nas articulações, discos intravertebrais e tendões. Estudos de campo e de experiência acumulada permitem concluir que excessivos esforços estáticos estão associados ao aumento de risco de: inflamação das articulações; inflamação das bainhas dos tendões; inflamações das extremidades dos tendões; processos crónicos degenerativos, do tipo de artroses, nas articulações; doenças dos discos intervertebrais e câimbras musculares. De pé no mesmo lugar, surgem as queixas nos pés e pernas, eventualmente o surgimento de varizes; a postura de sentado sem apoio nas costas, irá lesar a musculatura distensora das costas; postura de tronco inclinado, sentado ou de pé, apresenta queixas na região lombar e desgaste de discos intervertebrais; o braço estendido para a frente para os lados ou para cima, refere queixas a nível dos ombros e braço eventualmente o surgimento de periartrite dos ombros; cabeça curvada demasiado para a frente ou para trás surgem queixas na nuca e desgaste dos discos intervertebrais; postura de mão forçada em comandos ou ferramentas, causa queixas no antebraço, eventualmente inflamações das bainhas dos tendões.
Para se preservar a privacidade do doente, todos os estoros são fechados, ficando o quarto somente com a luz artificial da lâmpada do tecto que é fluorescente. Como refere FONTES (2007) os valores guia para intensidades de iluminação em ambientes de trabalho fino (ler, escrever, contabilidade, laboratórios de pesquisa, montagem de aparelhos delicados…) são recomendadas 500-700 Lx. A ausência de sombras e uma luz muito difusa deixam todos os objectos com aparência plana e imaterial. Um ambiente luminoso com fortes sombras intensifica, ao contrário, a plasticidade dos objectos. Algumas das recomendações válidas para trabalhos delicados em linhas de montagem e mecânica de precisão: incidência frontal da luz; protecção da fonte luminosa para evitar visão directa; as fontes luminosas devem apresentar difusores de luz (vidro canelado ou fosco), gerando menos contraste de superfície e menos reflexos; a fonte luminosa deve apresentar uma grande superfície de irradiação; a iluminação deve ter profundas e amplas curvas de distribuição da luz para que o local de trabalho tenha uma uniformidade na iluminação; lâmpadas fluorescentes defasadas são preferidas às lâmpadas incandescentes, devido à produção de calor das mesmas. A dependência da acuidade visual da iluminação ambiente e do tipo de tarefa visual tem as seguintes regras: a acuidade visual aumenta com a iluminação atingindo o seu máximo com uma iluminação superior a 1000Lux; a acuidade visual aumenta com o contraste da densidade luminosa entre os sinais gráficos de teste e sua vizinhança próxima bem como com a nitidez dos limites entre as letras ou os números; a acuidade visual é maior para sinais ou objectos escuros em fundo claro do que sinais ou objectos claros em fundo escuro.
A intensidade da iluminação, a uniformidade local das densidades luminosas, a uniformidade temporal da luz e o arranjo isento de ofuscamento das luminárias são condições definitivas para um bom desempenho e conforto visual
Os armários onde são guardados os materiais, têm como é preconizado a colocação de materiais mais pesados nas prateleiras mais baixas de fácil acesso, assim como o material de fácil manejo se encontra nas prateleiras superiores. São utilizados escadotes para a remoção destes materiais armazenados em prateleiras superiores.
Existem 4 computadores no serviço, e somente um não obedece às normas de utilização, porque esta colocado na bancada de trabalho que não tem a mesma altura que uma secretária. Desta forma como não temos cadeira para superar esta altura, este computador é muito pouco utilizado pela equipa.
Não temos no serviço uma sala de estar, logo a copa que tem uma área reduzida é utilizada para todas as actividades extras ao trabalho, como por exemplo comer. O que acontece é que os fumadores do serviço também a utilizam para esse fim.
Mais situações provavelmente existirão mas como já nos são tão familiares que dificilmente as distinguimos como prejudiciais para a nossa saúde e o nosso bem estar no dia a dia no trabalho.




























BIBLIOGRAFIA

Apontamentos sobre as aulas de Ergonomia, dadas pelo Profº Fontes, no curso de Pós Licenciatura em Especialização em Enfermagem de Reabilitação no ano lectivo 2006/2007.




ROCHA, Carlos Sousa- Teoria do Design 12ºAno-1ª ed.E-2244-95 Plátamo Editora, Lisboa 1995, ISBN 972-621-873-X